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Relato de experiência em uma instituição de Saúde
Última alteração: 2015-11-27
Resumo
INTRODUÇÃO: Na perspectiva do Sistema Único de Saúde, o Ministério da Saúde brasileiro publicou em dezembro de 2011 a Portaria nº 3.088, que instituiu a Rede de Atenção de Psicossocial - RAPS. A reformulação das práticas assistenciais às pessoas em sofrimento mental e usuárias de substâncias psicoativas de saúde mental, deve-se à reforma psiquiátrica brasileira, iniciada no final da década de 1970. Para além da implantação de novos pontos de cuidado, as políticas inovadoras objetivaram articulá-los, de forma que a transdisciplinaridade agregue melhores resultados na atenção à saúde. Os centros de atenção psicossocial, desde a sua implantação, têm como atribuição realizar o matriciamento junto às unidades de saúde da atenção básica. Este possui como princípios metodológicos: a discussão de casos; os atendimentos individuais e coletivos; as atividades de lazer e capacitação dos profissionais. Dessa forma, é reforçada a corresponsabilidade e trabalho interdisciplinar e articulado, entre o ponto de cuidado da atenção Básica e o serviço de saúde mental.OBJETIVO: Descrever a experiência de observação não participante de duas alunas de graduação em enfermagem, junto a uma equipe de saúde ambulatorial, que presta apoio matricial às equipes da estratégia da saúde da família, em um município da região metropolitana de Belo Horizonte – MG. Descrição da experiência: No ambulatório são realizadas consultas agendadas; reuniões de matriciamento e organização dos processos de trabalho dos profissionais. A gestão local permitiu que as alunas participassem das reuniões da equipe técnica, em que são discutidos os casos. Os atendimentos são realizados no espaço físico da unidade ou em visita domiciliária. As intervenções sempre priorizavam o trabalho em grupo, destacando que o tratamento baseia-se no cuidado integral, levando em consideração o usuário e suas necessidades, bem como seu contexto social e familiar. Todas as intervenções consensuadas no matriciamento são incluídas no Plano Terapêutico Singular – PTS, sempre com ênfase ao autocuidado, para a promoção de independência e autonomia. Impactos: O trabalho interdisciplinar, apesar de ser considerado um importante instrumento para provimento de cuidado integral e articulação dos serviços de saúde, ainda é pouco desenvolvido, pois na maioria das vezes, os profissionais da equipe de saúde, ainda realizam o cuidado de forma fragmentada. Entretanto, essa unidade de saúde está demonstrando como uma gestão responsável pode provocar mudanças como: o oferecimento de um tratamento mais adequado ao usuário; adequação da equipe de saúde para o atendimento da população; fortalecimento do dispositivo de matriciamento e, o mais importante, a criação de vínculo com o usuário. Considerações: A experiência ainda está sendo vivenciada, no entanto já é perceptível que a proposta está apresentando bons resultados. Porém, não exclui a necessidade de questionamento do serviço. Neste sentido, socializar a iniciativa e a assistência que está sendo prestada, promove o desenvolvimento da mesma, contribuindo para modificações que proporcionem maior participação ativa do usuário na construção do seu próprio Projeto Terapêutico. Dessa forma, atribuímos ao usuário o papel de protagonista do seu cuidado e gestor do seu autocuidado, capacitando-o para discussões que objetivem a autonomia do sujeito.
Palavras-chave
Saúde Mental; Matriciamento; Transdisciplinaridade