Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O acompanhamento de uma equipe de saúde prisional como ação conjunta entre as políticas de saúde e segurança pública: uma experiência que tem dado certo
Pauline Schwarzbold da Silveira, Ana Carolina Rios Simoni

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A região da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul é composta, entre tantas equipes de atenção básica, por duas que especificamente atendem à saúde prisional. Isso significa dizer que elas efetivam a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde Prisional, uma Política recente e que visa garantir os direitos de acesso e atendimento à saúde de um público que eminentemente é excluído de outras políticas e que sofre com a vulnerabilidade social. Com a abertura de uma penitenciária nessa região, com capacidade para 529 presos, buscou-se engajar esforços na tentativa de acompanhar os trabalhos iniciais da recém-formada equipe de saúde prisional. O trabalho com presos era novo para as pessoas envolvidas, que anteriormente estavam trabalhando em unidades básicas tradicionais, no entanto, dispusera-se a esse desafio. Coube à coordenação regional da política de saúde prisional e a técnica de referência em questões de saúde da 8ª Região Penitenciária do Estado do Rio Grande do Sul dar o apoio e o suporte necessários. Da ideia inicial de acompanhar apenas a implantação da unidade, seguiram-se mudanças que proporcionaram, então, a possibilidade de encontros bimestrais de acompanhamento da equipe – no pensar as ações em saúde, em falar dos percalços, em saber como os profissionais estão lidando com as situações que enfrentam e pensar novas formas de fazer saúde no contexto de privação de liberdade, parcos recursos e pouca autonomia. A equipe demonstra interesse em fazer acontecer o trabalho. Tem-se pensado estratégias de prevenção de doenças infectocontagiosas que têm grande prevalência entre as pessoas encarceradas e acompanhadas de perto as pessoas já doentes, destinando atenção especial à distribuição da medicação de acordo com a prescrição médica. Mais adiante, acreditamos que será possível pensar meios de educação em saúde para essa população. A equipe de atenção básica prisional a que se refere este relato de experiência é composta por uma enfermeira, um médico, um técnico de enfermagem e um dentista (com vínculo com a Secretaria de Saúde do município) e uma psicóloga e uma assistente social (vinculados à Secretaria de Segurança do Estado). Produzir um trabalho em equipe de promoção de saúde, nesse encontro heterogêneo entre saúde e segurança se colocou como um desafio para estratégia de apoio institucional que está em curso. Garantir o direito à saúde num contexto de suspensão do direito à liberdade é o impasse com o qual se encontra e sobre o qual tem testemunhado a equipe acompanhada. Sobre esta construção e seus efeitos num território carcerário, com sua lógica própria, versa este trabalho.