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Úlceras por pressão em pacientes internados em unidades de terapia intensiva: revisão integrativa da literatura
Antonia Almeida Araújo, Lucas Cabral Santos Miranda, Ariane Gomes dos Santos

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


As úlceras por pressão são lesões que geralmente se localizam em regiões com proeminências ósseas, provocando isquemia tecidual devido à diminuição do fluxo sanguíneo local. São consideradas um problema grave, especialmente em pessoas idosas e clientes portadores de doenças crônico-degenerativas.  Sua prevalência representa uma significante ameaça aos pacientes com mobilidade prejudicada ou comprometimento da percepção sensorial. Além disso, aumentam a morbimortalidade, o tempo e custo de internação, interferindo na qualidade de vida dos pacientes. As UPP são, muitas vezes, decorrentes da ausência de execução de normas básicas de segurança do paciente. Desse modo, vale ressaltar o contexto do movimento global pela segurança do paciente que visa promover e apoiar a implementação em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde. OBJETIVO: Analisar a produção científica acerca de úlceras por pressão em pacientes internados em unidades de terapia intensiva. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura.  Apoderando-se de normas claras e de rigor científico, foram consideradas seis fases para a realização deste estudo: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; e apresentação da revisão/síntese do conhecimento. A coleta de dados foi realizada de julho a novembro de 2014. Para a procura dos artigos indexados foram utilizados os descritores: úlcera por pressão/pressureulcer, enfermagem/nursing e unidades de terapia intensiva/intensivecareunits, todos de acordo com os descritores em Ciências da Saúde BIREME. Encontrou-se nas bases de dados um somatório de 334 artigos (76LILACS, 214 MEDLINE, 44 SCIELO). Os critérios de inclusão foram artigos publicados no recorte temporal de 2008 a 2014; redigidos em língua portuguesa, espanhola ou inglesa; e disponibilizados na íntegra na base de dados.RESULTADOS: Os artigos apresentaram diferentes características no que se refere à amostra e ao delineamento metodológico. Com base na Tabela 1, observou-se que dentre os tipos de estudos selecionados encontrou-se cinco (35,7%) estudos transversais e nove (64,3%) estudos descritivo-exploratórios. Quanto ao perfil dos sujeitos das pesquisas, destacaram-se enfermeiros, técnicos, auxiliares, além de clientes internados em UTI. Foi possível observar que quanto ao delineamento metodológico, as pesquisas mostram desenhos observacionais e analíticos buscando uma maior compreensão sobre a prevenção de úlceras por pressão em pacientes internados em unidades de terapia intensiva e a assistência de enfermagem como subsídio para realização de ações em busca de minimizar o problema. As UPP representam um problema social, econômico e educacional. O desenvolvimento das mesmas gera impacto na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, assim como, no aumento nos custos para as instituições hospitalares. Em estudo realizado em UTI de um hospital privado localizado em Natal/RN, as UPP foram diagnosticadas em 50,0% dos pacientes, destes 75,0% apresentaram uma úlcera e 25,0% duas. Outra Pesquisa desenvolvida no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) em Ananindeua/PA evidenciou que 17 (3,6%) pacientes desenvolveram úlceras por pressão, dos quais 6 (35,3%) na Clínica Cirúrgica 1, 5 (29,4%) na Neuroclínica, e 6 (35,3%) na UTI. Percebe-se dessa forma, que as úlceras por pressão são um problema de causalidade multifatorial, uma vez que, sua ocorrência é afetada por fatores fisiológicos, microbiológicos, sociais, econômicos, educacionais e comportamentais, resultando no aumento da morbimortalidade dos indivíduos. Estratégias de investimento em capacitação profissional, construção e implantação de protocolos precisam ser implementados em busca da melhoria da qualidade da assistência oferecida. A equipe multiprofissional tem a responsabilidade de adotar medidas de prevenção para com os indivíduos que apresentem riscos de desenvolver úlcera por pressão. Em estudo relativo às formas de prevenção e de tratamento de úlceras de pressão, realizado com 15 profissionais de uma equipe de saúde, todos indicaram como medida preventiva a mudança de posicionamento, 60% indicaram a hidratação da pele com óleo, 80 % colchão caixa de ovo, 40% coxim e 20% massagem. Estudo exploratório-descritivo realizado na UTI de um hospital universitário da região Sul do Brasil, mostrou que o enfermeiro está diretamente ligado à gerência de cuidados dos pacientes internados em UTI, com mobilidade física reduzida e com predisposição para formação de UPP. Durante a sua atuação no ambiente profissional, eles procuram voltar atenção ao trabalho dos técnicos de enfermagem, orientando, estimulando e supervisionando as atividades que são realizadas tanto em relação ao cuidado na prevenção, quanto no tratamento das lesões já desenvolvidas no paciente. Nota-se que mudança de posicionamento tornou-se a principal ação de responsabilidade da equipe de enfermagem, com o intuito de prevenir as lesões de pele. Além disso, é relevante salientar sobre a importância do cuidado individualizado, uma vez que, possibilita ao enfermeiro realizar o diagnóstico precoce da lesão, planejar suas ações, acompanhar e avaliar a evolução da lesão. Estudo transversal realizado em um hospital geral do interior do estado de São Paulo apontou que 96,0% dos enfermeiros preconizam a mudança de posicionamento e 68,0% relatam que utilizam colchões especiais. Mostrou também, que o procedimento de mudança de posicionamento deve ser mantido em qualquer etapa do tratamento de UPP, uma vez que, possibilita a redução da pressão, fricção e cisalhamento. Por evitar a compressão prolongada e a redução da irrigação sanguínea local, a mudança de posicionamento deve ser realizada de duas em duas horas, se não houver contra indicações no que diz respeito às condições gerais do paciente. No entanto, mesmo com tais recomendações, ainda, existem serviços que apresentam falhas quanto às medidas de prevenção contra UPP. Estudo realizado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) de um hospital do interior paulista demonstrou que as mudanças de posicionamento são pouco utilizadas nos pacientes com e sem UPP e que 80% dos pacientes que apresentam UPP não utilizam a alternância de posição de duas em duas horas. O mesmo estudo, em concordância com os resultados dos estudos apresentados nesta revisão integrativa, revela que os clientes que realizaram a mudança de posicionamento apresentaram uma incidência menor de UPP em relação aos que não foram mudados de posição. É inegável que pacientes internados em UTI estão mais expostos a ocorrência de úlceras por pressão, sua prevenção constitui-se um desafio para a assistência em enfermagem e sua baixa incidência é indicativa de boa qualidade dos serviços de saúde, cabendo à equipe de enfermagem perceber a necessidade de um cuidado sistematizado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: De acordo com os resultados apresentados, percebeu-se que pacientes internados em UTI estão mais expostos ao desenvolvimento de úlceras por pressão, cabendo à equipe de enfermagem promover a construção de uma cultura de avaliação orientada por um paradigma educativo, que preconiza um olhar contínuo para a melhoria do serviço prestado. A revisão integrativa da literatura, por sua vez, possibilitou a síntese dos resultados de pesquisas relevantes, facilitando a incorporação de evidências e transferindo o conhecimento para a prática. A pesquisa pôde constatar a viabilidade clínica das escalas de Bradem e a inegável importância da mudança de posicionamento, considerada como a principal ação da equipe de enfermagem na prevenção de UPP.  

Palavras-chave


úlcera por pressão; enfermagem; unidades de terapia intensiva

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