Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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SABERES POPULARES EM DIABETES: A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
ANDRÉA LEITE DE ALENCAR, Noyana Latoya Campos Soares, Ana Beatriz da Silva Pedroso, Liliane Cristina Silva Felix, Nayara Linco Simoes, Edileuza Felix de Souza, Simone Aguiar da Silva Figueira, André Augusto Ramos Pinheiro Lemos

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


INTRODUÇÃO: O Diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada por um transtorno metabólico e hiperglicêmico, resultante de defeitos da secreção e/ou ação da insulina no qual envolve processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção de insulina, entre outros. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos. Os pacientes não dependem de insulina exógena para sobreviver, porém podem necessitar de tratamento com insulina para obter controle metabólico adequado. Atualmente são três os critérios aceitos para o diagnóstico de DM com utilização da glicemia: Sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia casual, aquela realizada a qualquer hora do dia independentemente do horário, maior que 200 mg/dL; glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL e glicemia de 2 horas após sobrecarga de 75g de glicose maior que 200 mg/dL. O pré-diabetes é o estado em que o indivíduo apresenta valores de glicemia de jejum alterada, ou seja, os valores são menores que o valor estabelecido para classificar como diabetes mellitus, porém superiores quando comparados ao valor de referência normal. Reconhecendo a importância da detecção precoce dos fatores de riscos que podem desencadear o diabetes mellitus, o presente estudo tem por objetivo avaliar o conhecimento prévio sobre o diabetes entre os moradores de um bairro localizado na periferia da cidade de Santarém/PA, além de traçar o perfil socioeconômico e glicêmico, no momento da ação. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo e descritivo. Para a elaboração do estudo, foi realizada uma ação em saúde no dia 29 de agosto de 2014 pelos acadêmicos e docentes do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, juntamente com a enfermeira e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do bairro. Na ocasião, foi feita a aferição da Pressão Arterial, do Índice de Massa Corporal-IMC e da glicemia capilar dos entrevistados, além da realização de palestras e distribuição de cartilhas nas quais discorriam sobre a prevenção e o cuidado com o diabetes. Após as palestras, aplicou-se um questionário estruturado com 15 perguntas fechadas relacionadas a dados demográficos e socioeconômicos como idade, sexo, situação conjugal, escolaridade, renda familiar, também quanto ao conhecimento sobre o diabetes, o que fazer para evitá-lo e como tratá-lo, ao uso dos serviços de saúde e consumo de medicamentos caso fossem diabéticos. Responderam aos questionários 41 pessoas a partir dos 18 anos de idade, todas moradoras do bairro onde a ação foi realizada.  Resultados: Das 41 (100%) pessoas submetidas ao questionário, a idade variou entre 19 a 83 anos, sendo que a maioria, 32 (78,05%), eram adultos e 9 (21,95%) eram idosos. Com relação ao sexo, 30 (73,17%) eram do sexo feminino e apenas 11 (26,83%) eram do sexo masculino. Quanto a escolaridade observou-se que 16 (39,03%) não haviam concluído o Ensino Fundamental, 6 (14,63%) concluíram o Ensino Fundamental, 6 (14,63%) não concluíram o Ensino Médio, 9 (21,95%) possuíam o Ensino Médio, apenas 1 (2,44%) tinha o Ensino Superior e 2 (4,88%) não informaram a sua escolaridade. A glicemia dos entrevistados variou da seguinte forma: 27 (65,86%) pessoas tiveram glicose menor que 100mg/dL, ou seja, a maioria possuía o nível de glicemia sob controle. No entanto, 6 (14,63%) tiveram glicemia maior que 100 e menor/igual a 125mg/dL o que significa que estes indivíduos precisam ter maior cuidado para não evoluir, futuramente, ao diabetes. Por fim, 8 (19,51%) tiveram um resultado igual/maior que 126mg/dL, sendo que estas pessoas precisam repetir o teste e fazer um acompanhamento médico para ter um diagnóstico definitivo. Quanto às que sabiam o que é diabetes, 28 (68,30%) disseram conhecer a doença e 13 (31,70%) afirmaram não saber o que é diabetes. Apesar da maioria dos entrevistados terem conhecimento sobre o diabetes nota-se que uma parcela significativa ainda desconhece essa patologia. Este dado é um alerta, pois há uma disponibilização de informações bastante ampla em meios de comunicação, unidades de saúde entre outros e por algum motivo não tem chegado essa informação as pessoas. Esta falha pode estar atribuída à prevenção primária, pois é onde principalmente deveriam haver atividades que sensibilizam e informam a população acerca dos problemas de saúde buscando prevenir complicações. Com relação a prevenção do diabetes, 26 (63,41%) responderam que sabiam o que fazer para evitá-lo e 15 (36,59%) responderam que não sabiam, verifica-se assim, que a maioria tem algum conhecimento em relação aos cuidados com o diabetes. Quando questionadas se eram portadoras de doença, 35 (85,37%) pessoas disseram não ter e 6 (14,63%) afirmaram ser portadores de diabetes. A quantidade de pessoas que relataram ter um acompanhamento com o profissional de saúde foi de 19 (46,30%), e 21 (51,20%) responderam que não faziam nenhum acompanhamento e apenas 1 (2,40%) não respondeu a questão. Esses resultados revelaram que os participantes do estudo realizam algum tipo de acompanhamento que inclui a prevenção e/ou tratamento de saúde, sendo citado pela maioria o exame preventivo do colo uterino e apenas uma pequena parcela relatou ter realizado teste de glicemia como medida para verificar seu estado de saúde. Quando questionados a respeito da frequência com que realizam exames de rotina, 23(56%) revelaram fazer exames de rotina e 18(44%) disseram não fazer. Quanto ao intervalo de tempo que são realizados o exame verificou-se que a maioria dos entrevistados, 17 (41,50%) não respondeu a questão, 10 (24,40%) pessoas responderam realizar o exame anualmente, 8 (19,60%) disse fazer exames a cada seis meses, a quantidade de pessoas que realizam exames de rotina a cada dois meses é de 2 (4,90%), a cada três meses 2 (4,90%), e 1 (2,40%) disse fazer a cada cinco meses e um (2,40%) disse fazer somente na gravidez. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por ser uma patologia de alta prevalência no mundo com um aumento gradativo das estatísticas e complicações sérias em longo prazo, é necessário que sejam implementadas ações como a educação em saúde principalmente na atenção básica, a fim de prevenir e sensibilizar a população a mudar seus hábitos para que garantam uma melhor qualidade de vida. Diante disso, o enfermeiro possui fundamental importância enquanto educador na atenção primária, uma vez que é o profissional que tem maior contato com os pacientes, pois através de sua arte do cuidar acaba construindo vínculos que ajudam a levar as informações de maneira mais clara e direta.

Palavras-chave


saberes populares; prevenção em diabetes, educação em saúde.

Referências


REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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