Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Estratégia Saúde da Família: cenário de possibilidades para a formação médica
Nathany Fernandes de Abreu, Elizete da Rocha Vieira de Barros, Adélia Delfina da Motta Silva Correia, Iara Barbosa Ramos, Iago Davanço Nogueira, Felipe Luges Francisco

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


RESUMO E APRESENTAÇÃO: O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança consiste em um dos objetivos da equipe de saúde na atenção primária, é singular porque busca considerar aspectos biopsicossociais da criança e sua família. Trabalha o acesso, longitudinalidade do cuidado e a integralidade desta atenção, oportunizando ações de prevenção e de intervenção. Este resumo trata desta temática, na ótica de acadêmicos de Medicina do 4º ano da Famed/UFMS, através de uma experiência vivida na Estratégia Saúde da Família de Campo Grande – MS. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O plano do estágio de integração ensino-serviço da Saúde da Família e Comunidade, da disciplina de Atenção à Saúde da Criança, iniciou-se com o reconhecimento do território da Unidade Básica de Saúde da Família Jardim Botafogo e com nossa inserção no processo de trabalho das equipes. Na saúde da criança, uma das preocupações dos profissionais e ralidar com fatores de risco e vulnerabilidade individual. Assim, compartilharam a necessidade de acompanhamento de uma família com três crianças, residentes em área de risco. Embora não houvesse queixas registradas pelo agente comunitário de saúde (ACS), o objetivo era que a partir da identificação destas famílias, fosse feita busca ativa. Durante três semanas realizamos visitas domiciliares, classificação de risco familiar (Escala de Coelho e Savassi), abordagem familiar com construção de ecomapa, genograma e apgar familiar. Há quarta semana foi marcada consulta, usando Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP), que privilegiou a integralidade da atenção, o trabalho conjunto com a enfermagem e a vinculação à família. RESULTADOS E IMPACTOS: A família foi classificada como de baixo risco para visitas e normofuncional pelo apgar familiar. No genograma, apesar da mãe afirmar não haver problemas de saúde na família, identificou antecedentes familiares, como a obesidade, além de relações afetivas conflituosas e no eco mapa, pouca relação da família com o meio social. Na consulta, exploramos o MCCP, e fato que nos chamou a atenção, foi à presença ativa do pai e relato de que a família não frequentava a unidade porque procuram atendimento somente em situações agudas, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Foi então dialogada a importância desse acompanhamento para prevenção, feito encaminhamento de duas crianças para cuidados e orientações nutricionais, além da suplementação férrica e de vitamina A, solicitação de exames complementares para conhecimento do estado nutricional e metabólico e orientação reforçada quanto à alimentação do bebê de oito meses com risco de sobrepeso. Diante do quadro, a tendência a padrões de repetição (obesidade) foi debatida pela equipe. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Foi possível perceber com essa experiência a necessidade da puericultura regular e a adesão dos pais, sendo que o estabelecimento do vínculo com a equipe é fundamental. A atenção primária é um cenário de possibilidades, pois permite que cotidianamente possamos exercitar a integralidade do cuidado, além de coordená-lo e o integrar aos outros níveis de atenção. Vimos que a inserção nesta realidade é importante para a formação médica e estimula o acadêmico a desenvolver habilidades e atitudes necessárias à prática, entre elas, aquelas ligadas ao vínculo e humanização do atendimento.

Palavras-chave


Educação Médica, Estratégia Saúde da Família, Saúde da Criança

Referências


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