Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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TECNOLOGIAS DO CUIDADO UTILIZADAS PELO ENFERMEIRO NA PERCEPÇÃO DE PACIENTES CARDIOPATAS CRÔNICOS
Ana Caroline Lima Vasconcelos, Jéssica Naiane Gama da Silva, Vera Lúcia Mendes de Paula Pessoa, Yasmim Neri Pinheiro, Grazielle de Alcântara Albuquerque, Camila Milagros Gómez Lima, Taiane Emyll Silva Sampaio, Jacqueline Pereira de Sousa

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: O adoecimento cardíaco crônico traz consigo diversas alterações físicas, psicológicas e sociais. Nessa fase, o doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas pessoais e sociais e precisará aprender a administrar o seu tratamento efetivo e, por isso, a equipe de saúde, em especial o enfermeiro, possui papel importante no processo saúde - doença - cuidado desse individuo. O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saúde, já que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência externa ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser humano. A partir disso, faz-se notar a presença das tecnologias do cuidado nos diversos âmbitos da assistência de enfermagem. Nesse processo de trabalho, apreendem-se três categorias tecnológicas que se integram: as tecnologias duras, caracterizadas pelo uso de equipamentos; as tecnologias leve-duras, próprias dos saberes estruturados, normas, protocolos e conhecimentos; e as tecnologias leves, das relações. Nesse sentido, objetivou-se compreender o uso das tecnologias do cuidado utilizadas no processo de trabalho do enfermeiro junto ao paciente com cardiopatia crônica. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Tratou-se de uma pesquisa qualitativa realizada em um hospital terciário, em quatro unidades de internação hospitalar cardíaca, referência em doenças cardiopulmonares na cidade de Fortaleza-Ceará, de setembro a dezembro de 2014. Participaram do estudo 65 pacientes internados no hospital. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturado consonantes aos objetivos propostos. A análise dos dados foi feita segundo a organização das falas e de acordo com os pressupostos teóricos da hermenêutica. Nesse momento, as pesquisadoras empreenderam a análise e síntese dos significados resultantes das reduções conceituais, interpretando-os à luz de referencial teórico pertinente. Após essa etapa, as falas foram organizadas em unidades de significados e posteriormente agrupadas em categorias temáticas. As entrevistas dos pacientes resultaram em cinco unidades de significado e delas, originaram duas categorias temáticas: Sentimentos do paciente sobre o cuidado do enfermeiro e; equipe e acolhimento hospitalar: receptividade e atenção. Após a fase de análise, os dados foram discutidos com base na literatura pertinente. Os princípios éticos foram seguidos em todas as fases do estudo, em consonância com o que preconiza a Resolução 466/12. Além disso, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) em duas vias, podendo ter retirada sua anuência no momento que desejassem. O estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do hospital em questão tendo sido aprovado sob parecer 198196/2013. RESULTADOS: A análise dos dados foi dividida em tópicos. Sentimentos do paciente sobre o cuidado do enfermeiro e da equipe: À partir dos discursos dos pacientes foi percebido o reconhecimento do enfermeiro, dos seus papéis e da sua importância para a assistência prestada, como demonstrado nas falas a seguir: [...] eu gosto do papel do enfermeiro por isso, porque eles acham que está todo mundo por igual e eu acredito pelo menos que em nosso meio aqui é! G(E11). A gente vê o diferencial das enfermeiras daqui... de outras enfermeiras. B(E2). Os pacientes enfatizaram a utilização de tecnologias leves no atendimento do enfermeiro, o que demonstra a importância de se estabelecer um vínculo entre o binômio paciente-enfermeiro. Além disso, os pacientes demonstraram ter consciência dos materiais utilizados no seu cuidado caracterizando o uso de tecnologias duras pelas enfermeiras: O aparelho de tirar pressão, o termômetro e aquele que faz o exame do dedo C(E4). O enfermeiro realiza o cuidar na execução das ações de enfermagem a pacientes com doença crônica cardíaca também por meio de procedimentos técnicos, a fim de evitar que o paciente apresente complicações. Acolhimento hospitalar: receptividade e atenção: Nos recortes retirados das entrevistas com os pacientes foi colocado como umas das principais demandam a necessidade de um bom acolhimento e recepção. Caracterizando o uso de tecnologias leves na assistência de enfermagem. Para os clientes entrevistados, esse momento caracterizou-se como um dos mais importantes durante o processo de internação, pois através dele se estabelece um vínculo entre pacientes, enfermeiros e equipe de saúde, além de favorecer o conhecimento da rotina do hospital. Apesar do momento de recepção e acolhimento ser entrelaçados, alguns dos pacientes dividiu esta etapa, uns reconheceram como um ato mais restrito à recepção e outros como um ato de acolhimento de modo mais amplo. Por exemplo: “Muito bem acolhido, não tem o que reclamar não. Eles disseram: seja bem vindo. Me trataram como ser humano e cuidaram muito bem.” B(E18). “Elas se apresentam. Cada uma diz seu nome. Elas fazem umas perguntas sobre a doença, o que estou sentindo. Fazem tipo um questionário, uma entrevista.” C(E11). Os pacientes que reconheceram essa etapa inicial como recepção revelaram ser burocrática e distante, apesar de a recepção fazer parte do processo de acolhimento. O acolhimento e a recepção fazem parte das tecnologias leves. Acolher não significa resolver todos os problemas do paciente, mas dar atenção, escutar, valorizar suas queixas, identificar suas necessidades, sejam estas de âmbito individual ou coletivo. Também foi possível evidenciar, através de grande parte dos recortes, uma satisfação diante do cuidado prestado pelas enfermeiras, pela equipe e pela estrutura hospitalar. Como afirma a fala a seguir: “Aqui as enfermeiras são todas legais, os médicos são muito bons, graças a Deus. Aqui não falta nada, tudo asseado. Não falta nada, graças a Deus”. G(E13). Esse resultado é satisfatório, visto que corrobora para uma adesão do cliente ao seu tratamento. Caracterizando o uso da tecnologia a leve-dura: “Elas estão todo o tempo sabendo se a gente sentiu alguma coisa, como é que a gente está”. C(E1). Além da receptividade, a atenção demonstrada pela de equipe de enfermagem com esses clientes foi bastante observada nos discursos: [...] “Mas tratam muito bem mesmo, com muita atenção, elas respeitam muito a gente, chegam até ser carinhosas”. G(E15). No entanto, tiveram recortes que demonstraram a insatisfação com o atendimento. Por exemplo: “As más chegam assim “ô, mulher, que é que tu que? você fica só chamando!”, então, se você fica chamando é porque está precisando.” I (E1). Mostrando, assim, que a utilização de tecnologias leves no atendimento ao paciente cardiopata crônico se faz necessária, na medida em que se utiliza das relações e esta, por sua vez, influenciará no modo do paciente ver o enfermeiro. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A assistência de enfermagem prestada ao paciente cardiopata crônico perpassa pelo o uso das três tecnologias. O bom acolhimento e relacionamento mostrou ser fator de adesão entre paciente e tratamento. O enfermeiro busca estar presente nesse momento, criar um vínculo com esse indivíduo e favorecer sua recuperação e alta hospitalar. A enfermagem como ciência da saúde busca a cada dia estabelecer meios mais efetivos de prestar seus cuidados, baseando sua assistência em estudos que auxiliem em uma melhora da qualidade da assistência. Portanto, o presente estudo favorece uma compreensão maior sobre o uso das tecnologias do cuidado e é ferramenta para a prática cotidiana do enfermeiro uma vez que possibilita reflexões e aprimoramento do seu saber.

Palavras-chave


Tecnologias do Cuidado; Cardiopatia crônica; Enfermagem