Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: A EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO CONDUTORA DAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM
Adriana Remião Luzardo, Ana Cláudia Banazeski, Rafaela Bedin, Vanessa Gasparin, Tiago Labres, Fabíola Feltrin, Camila Dervanoski
Última alteração: 2016-03-16
Resumo
Trata-se de um Relato de Experiência acerca da formação de profissionais no âmbito da disciplina Estágio Curricular Supervisionado (ECS), do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul. As atividades desenvolveram-se no cenário de práticas da Atenção Primária à Saúde (APS), de um município do oeste catarinense, no período de março a outubro de 2015. Na efetivação das habilidades e competências de profissionais de enfermagem, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), priorizou-se uma prática docente orientada para formação generalista com capacidade crítica, reflexiva e humanizada. Considerou-se que a formação do Enfermeiro atendesse às necessidades sociais de saúde, com análise epidemiológica, assegurando a integralidade e a qualidade da atenção ao cidadão - família - comunidade. Na condução deste processo pedagógico e no domínio das competências para um aprendizado ao longo da vida, observou-se a relevância dos saberes como o Saber quanto ao conhecimento acadêmico, do Saber Conviver (nas relações interpessoais estabelecidas pelo graduando), do Saber Fazer (na aplicação do conhecimento acadêmico ) e do Saber Ser (como modo de perceber e conviver no mundo). Dessa forma, na interação do ensino, serviço e comunidade, priorizou-se a educação em saúde como instrumental para na integralidade preconizada para o modelo da Estratégia de Saúde da Família (ESF), utilizando-se dos diversos equipamentos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de suas políticas públicas. Com isso, adotou-se as Linhas de Cuidado (LC), como representativas de sistemas condutores para a longitudinalidade do cuidado, reconhecendo a APS como ordenadora desse processo na formação das Redes de Atenção à Saúde (RAS). Nesse contexto, atuantes em um território com duas equipes da ESF, os acadêmicos de enfermagem atuaram nas Linhas de Cuidado da Mulher e da Pessoa em Condição Crônica de Saúde. Utilizou-se a Consulta de Enfermagem (CE), a Visita Domiciliar (VD) e o trabalho conjunto com os ACS como uma tecnologia educativa integrada. A CE ao representar uma atividade privativa do enfermeiro, metodologicamente permitiu que os acadêmicos realizassem a interação educativa, nos momentos de atendimento individual e/ou coletivo, com seguimento em VD e grupos educativos. Tal estratégia contou com a participação dos ACS no fortalecimento do vínculo das ações educativas com os usuários. Foram produzidos dispositivos educativos como estratégias de ensino-aprendizagem: expositivas, dialogais e impressas, como a produção de folderes e apresentações em multimídia. Constatou-se o intenso engajamento dos usuários às ações propostas, sendo comprovados pelo aumento na participação das atividades oferecidas no serviço, reforçando o processo saúde - doença - cuidado dos usuários. Além disso, foi possível incorporar tais ações à produção da ESF, comprovada pela avaliação dos indicadores acompanhados, como por exemplo no rastreamento do câncer de mama e colo de útero e na promoção de hábitos saudáveis nas condições crônicas de saúde. Acredita-se no sucesso dessa estratégia integrada, pautada pela educação em saúde, uma vez que considerou também a diversidade sociocultural presente na comunidade foco desse relato. Para o acadêmico de enfermagem a experiência representou um desafio diante da complexidade de atuação na APS, ao agregar tais habilidades e competências, as quais foram comprovadas pela avaliação pedagógica positiva ao final do estágio.
Palavras-chave
Ensino de Enfermagem. Educação em Saúde. Práticas em Saúde.
Referências
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