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Psicologia e Saúde Coletiva: a experiência de uma Psicóloga em Residência Multiprofissional na Rede Municipal de Saúde do Recife
Última alteração: 2015-10-27
Resumo
APRESENTAÇÃO: A década de 1970 ficou marcada pelas transformações a nível social e econômico, os quais determinaram os rumos das políticas públicas de saúde no Brasil. Com a implantação do SUS através da Lei Orgânica da Saúde (8.080/90) inicia-se um processo de mudança no modelo de atenção à saúde, na concepção do processo saúde-doença. Os profissionais da área da saúde, embora tenham passado por formas curriculares, continuam com uma formação centrada no modelo biomédico, com a priorização do atendimento individual em consultório, norteado por conhecimentos e procedimentos especializados. Historicamente a clínica psicológica é herdeira do modelo médico, onde o profissional tinha o papel de observar e compreender para, posteriormente, intervir, tratar e remediar, ou seja, configurava-se como um modelo higienista e curativo. A formação profissional veio direcionando o psicólogo para modelos de atuação bastante limitados para o setor saúde, modelos responsáveis, em parte, pelas dificuldades do profissional em lidar com as demandas de saúde e até de adaptar-se às dinâmicas condições de perfil profissional exigidas pelo SUS. OBJETIVO: Descrever as atividades desenvolvidas pela Psicóloga residente no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da FCM/UPE e apresenta os limites e possibilidade de atuação no primeiro ano de Residência. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência, decorrente da atuação da residente durante o rodízio do primeiro ano na rede de saúde do Município de Recife. Durante a atuação nos campos de prática foi possível conhecer o trabalho na gestão do SUS na esfera municipal tanto no nível distrital quanto nos espaços de Regulação e Planejamento do SUS. As atividades foram supervisionadas por preceptores dos respectivos serviços e a residente acompanhava a rotina de trabalho dos profissionais. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Ao que parece há a ideia de que o Profissional em Saúde Coletiva precisa “abdicar” do seu curso de formação para atuar como sanitarista, embora seja ponto pacífico o fato da formação inicial ser facilitadora para o trabalho em alguns setores. Percebe-se que alguns espaços não tem clareza sobre o papel do Residente em Saúde Coletiva, aspecto que se agravava quando é o Profissional de Psicologia neste lugar. Pode-se dizer que isto se deve ao imaginário da Psicologia como incompatível para o trabalho na gestão do SUS, uma vez que esta profissão seria ligada a questões da assistência e da promoção e prevenção à saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este primeiro momento da Residência trouxe a Psicóloga o impacto da construção da profissão longe das discussões mais amplas sobre o direito à saúde e os processos organizativos do SUS. A gestão dos processos de trabalho e das políticas de saúde são pontos frágeis na formação em Psicologia e é agravado no momento de Especialização, visto que os demais atores também não conseguem enxergar o Psicólogo nestes espaços e, consequentemente, a prática apresenta diversos limites. Essa experiência profissional promove o espaço de reflexão sobre o papel do Psicólogo na Saúde Coletiva e a análise dos pontos dificultadores como portas de entrada para diversas possibilidade de uma Psicologia além dos modelos tradicionais.
Palavras-chave
Psicologia; Saúde Coletiva; Residência Multiprofissional
Referências
MOREIRA, Jacqueline de Oliveira; ROMAGNOLI, Roberta Carvalho; NEVES Edwiges de Oliveira. O Surgimento da Clínica Psicológica: Da Prática Curativa aos Dispositivos de Promoção da Saúde. PSICOLOGIA ciência e profissão, 2007, 27 (4), 608-621. Disponível em: pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-98932007001200004.Acesso em 24 de março de 2012.
PAIM, Jairnilson Silva; ALMEIDA-FILHO, Naomar de. Reforma Sanitária Brasileira em perspectiva e o SUS. In: ______. Saúde Coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: MedBook, 2014. p.203-209.