Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Contribuições do PET-Saúde para aproximação de estudantes de ciências biológicas na área da Saúde Coletiva
Elvira Caires de Lima, Edirlei Machado dos Santos, Natália Ferreira dos Santos, Adriano Maia dos Santos

Última alteração: 2015-10-23

Resumo


Trata-se de um relato de experiência vivenciado no projeto PET-Saúde cujo objeto de intervenção foi o desenvolvimento de práticas de educação popular em saúde para ações de prevenção e controle da dengue realizada nos Conselhos Locais de Saúde (CLS). Definiu-se como referencial para o presente estudo a pedagogia da autonomia de Freire que propõe a construção do processo ensino-aprendizado pautada numa relação de respeito à autonomia do ser educando. O objetivo desse estudo foi descrever a experiência e a sua contribuição para o processo de formação dos futuros profissionais de saúde. As atividades foram realizadas por um grupo de cinco discentes do curso de graduação em ciências biológicas, dois preceptores profissionais da rede de serviços do SUS (uma enfermeira e uma bióloga) e um tutor, professora da UFBA. As atividades foram estabelecidas a partir da articulação ensino - serviço - comunidade, realizada nos meses de janeiro a dezembro de 2014. Foram visitados 19 CLS e envolvidos na mobilização um total de 649 pessoas entre conselheiros de saúde, profissionais de saúde e usuários do SUS. As atividades de educação popular em saúde foram realizadas por meio de exposições dialogadas sobre a dengue, em que se abordou as formas de prevenção e transmissão da doença, sinais e sintomas, epidemiologia da doença no município e a importância da participação popular na eliminação de possíveis criadouros da larva do mosquito.  Os encontros duraram aproximadamente 30 minutos, eram conduzidos pelos discentes através de rodas de conversa, de modo a promover a fala dos participantes na tentativa de estimular a reflexão sobre as práticas sanitárias da comunidade.  Essa experiência inova por envolver no grupo do PET-Saúde estudantes do curso de ciências biológicas, o que contribuiu com a efetivação das práticas interdisciplinares e a produção do conhecimento coletivo. Foi possível transitar e extrapolar os limites disciplinares e reconstruir novos conhecimentos pautados por uma ótica que extrapola a hierárquica disciplinar. Com as práticas de educação popular em saúde foi possível desenvolver nos discentes competências que ultrapassaram o saber técnico científico, se apropriando de outros de cunho social e comunicativo que contribuem para a formação de profissionais de saúde capazes de lidarem com a complexidade dos problemas de saúde das comunidades. Aprender dentro dos espaços comunitário permitiu a interlocução com o usuário do serviço e tornou o processo ensino-aprendizagem mais produtivo para o exercício crítico do trabalho em saúde. Essa experiência permitiu aos discentes do curso de ciências biológicas aproximar-se da área de conhecimento da Saúde Coletiva que ainda é pouco discutida nos currículos de graduação desse curso, os estudantes tiveram a oportunidade de estudar sobre os princípios e diretrizes do SUS, vigilância a saúde, educação em saúde e controle social. Os resultados da presente experiência contribuem com as discussões sobre o processo de formação em saúde, evidencia a importância de se intensificar a articulação ensino - serviço - comunidade e a necessidade de (re) construir novos modelos de ensino-aprendizagem, que extrapolem os limites da universidade, com variações dos cenários de prática, de modo a possibilitar o exercício crítico do trabalho em saúde.

Palavras-chave


Educação Profissionalizante, Educação em Saúde, Formação em saúde.

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