Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
A aids na sala de aula: entre antigas lições e novos aprendizados
Tiago Duque

Última alteração: 2015-11-30

Resumo


As temáticas em torno da AIDS, especificamente aquelas relacionadas às práticas de prevenção, têm sido o foco da formação dos/as profissionais de saúde há tempos. Estas práticas, muitas vezes, planejadas e avaliadas pelo diálogo constante entre especialistas, ativistas, gestores, políticos, profissionais da saúde e pessoas vivendo com HIV são parte dos desafios históricos da educação em saúde. Este artigo pretende abordar e discutir estes desafios, fundamentalmente àqueles que envolvem o persistente estigma em torno da doença. Desde o slogan “A AIDS vai te pegar” até o atual “Fique Sabendo”, passando pelo “Use sempre camisinha”, muitas coisas mudaram, tanto em relação ao tratamento, como à prevenção. Estas mudanças são de ordem cultural, política e tecnológica, e, têm impacto significativo nas práticas preventivas, logo, também no significado da epidemia. Através de uma perspectiva teórica das Ciências Sociais (envolvendo especialmente os estudos pós-coloniais, culturais, feministas), se discutirá aqui a AIDS na sala de aula a partir de experiências em diferentes espaços de formação (médio, superior, do movimento social, dos espaços de sociabilidade de pessoas tidas como “mais vulneráveis”).  A metodologia diz respeito a diferentes incursões etnográficas em ambiente off-line e on-line, além de consulta às anotações e também à memória pessoal do autor enquanto professor e ativista.  Temas como mídias digitais, sociedade farmacopornográfica, práticas consentidas de não uso do preservativo (como as bareback), estigma, erotização da camisinha, políticas identitárias e educação serão parte do foco das análises. As questões a serem problematizadas são: do ponto de vista dos aprendizados, quais seriam as antigas lições que não podemos esquecer? Quais os novos conhecimentos que temos que construir e fortalecer? E as implicações práticas e de significado que eles trazem para o campo da formação para a prevenção a AIDS? Parte do que se conclui é que: mesmo que existam novos regimes de visibilidade em curso, especialmente no que se refere à visibilidade de identidades que no início da epidemia eram menos reconhecidas no campo político e de direitos, e apesar dos avanços tecnológicos na prevenção, ainda há um forte estigma em torno da doença (das pessoas vivendo com HIV AIDS). Portanto, é fundamental discutir a educação em saúde considerando esse novo momento desta temática, para que a sala de aula siga sendo um espaço criativo para a revisão de conteúdo, oportuno para a problematização das abordagens e inspirador de novas práticas de prevenção em saúde.

Palavras-chave


Educação em saúde; aids; estigma