Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Desafios enfrentados pelo enfermeiro no cotidiano da Estratégia Saúde Família: reverberações do seu processo de formação
Érika Andrade e Silva, Marianna Karolina Pimenta Cota, Amanda Medeiros Rodrigues, MARIANA VÉO NERY DE JESUS, Vanessa Amaral de Souza, Deíse Moura de Oliveira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


INTRODUÇÃO: O Sistema Único de Saúde, pautado nos princípios doutrinários de equidade, universalidade e integralidade, consolidou-se como um grande marco para a saúde no país, substituindo o antigo modelo baseado no paradigma biomédico e centrado na doença. A construção de um sistema universal, equânime e integrado pauta-se na Estratégia Saúde da Família (ESF) como um contexto de potência, que requer a atuação de profissionais qualificados e resolutivos, capazes de fazer com que a Atenção Primária à Saúde  seja resolutiva, configurando-se como a porta de entrada prioritária dos usuários no sistema de saúde. Tal intento produz interfaces com a formação destes profissionais, incluindo o enfermeiro, situando-os de modo mais preparado ou não para atuar neste cenário assistencial.  Diante do exposto, este estudo tem como objetivo compreender os desafios inscritos no processo de formação do enfermeiro para a sua atuação na ESF. MÉTODO: pesquisa qualitativa realizada com 11 enfermeiros da Saúde da Família de um município da Zona da Mata de Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu nos meses de março a maio de 2015, por meio de entrevista com questões abertas. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin, sendo posteriormente interpretados e discutidos em consonância com a literatura pertinente à temática. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, inscrito sob o Parecer nº 959.225. RESULTADOS: os enfermeiros remetem dificuldades para atuar na ESF em virtude da formação superficial que tiveram na graduação, somado à insuficiência de aulas práticas  no contexto da Atenção Primária. Tendo em vista as atribuições do enfermeiro na ESF evidencia-se que a formação lhes conferiram aporte teórico e que os poucos contatos que tiveram nas unidades de saúde foram de cunho observacional, não agindo sobre a realidade. Nesta perspectiva, reverberações da formação são produzidas em seus cotidianos profissionais, em que as ações assistenciais mostraram-se secundarizadas. Tal fato faz com que os enfermeiros se direcionem mais para as atividades gerenciais, o que denota a representação fortemente arraigada  dos entrevistados como gerentes da unidade de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: as dificuldades evidenciadas pelos participantes, para atuarem no contexto da ESF, remetem a uma fragilidade no tocante às atribuições do enfermeiro neste cenário, estando tal fato intimamente atrelado ao processo de formação destes profissionais. A inexistência de uma formação baseada em competências para atuar na ESF – pautada nos eixos conhecimentos, habilidades e atitudes – foi notoriamente uma lacuna evidenciada no processo de formação dos depoentes. Isso sugere que o ensino em saúde, aqui demarcado o da enfermagem, deve estar atento para a inserção precoce e longitudinal do estudante no referido cenário, de modo a desenvolver as competências necessárias para a sua atuação na saúde da família. Ressalta-se ainda a importância da educação permanente, capaz de aparar arestas oriundas da formação, ao propor a problematização da prática para a solução de nós críticos inscritos no cotidiano profissional.    

Palavras-chave


Enfermagem, Estratégia saúde da família, Formação