Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Reflexões sobre a formação dos profissionais de saúde no nível superior e a importância da prática da educação em saúde na realidade profissional
Isabela de Lucena Heráclio, Eliane Maria Ribeiro de Vasconcelos

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


O presente relato tem por objetivo apresentar reflexões sobre a formação dos profissionais de saúde no nível superior e a importância da prática da educação em saúde na realidade profissional. O Ministério da Saúde (MS) define Educação em Saúde como: Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população [...]. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. As práticas de educação em saúde envolvem três segmentos de atores prioritários: os profissionais de saúde que valorizem a prevenção e a promoção tanto quanto as práticas curativas; os gestores que apóiem esses profissionais; e a população que necessita construir seus conhecimentos e aumentar sua autonomia nos cuidados, individual e coletivamente. Embora a definição do MS apresente elementos que pressupõem essa interação entre os três segmentos das estratégias utilizadas para o desenvolvimento desse processo, ainda existe grande distância entre retórica e prática. Dessa forma, a prática da educação em saúde nos moldes da integralidade pressupõe ambientes apropriados para além dos tratamentos clínicos e curativos, comprometidos com o desenvolvimento da solidariedade e da cidadania, envolvidos na melhoria da qualidade de vida e na promoção da saúde. Apesar de ter-se iniciado um movimento transformador que vem repensando a formação profissional em saúde, temos cursos de saúde ainda extremamente centrados num modelo biologicista, medicalizante e procedimento centrado. A formação pedagógica enfoca conteúdos de maneira compartimentalizada e isolada, dissociando os conhecimentos, além de adotar sistemas de avaliação cognitiva por acúmulo de informação técnica padronizada. Ademais, a prática reflexiva quase não é estimulada preponderando, o aluno não se enxerga como agente transformador de sua realidade e parte de um coletivo. A pedagogia problematizadora, construtivista e com protagonismo ativo dos estudantes é ignorada. Torna-se claro que diante de sua formação atual o profissional de saúde não é estimulado a reconhecer e se emponderar de alguns pontos cruciais na prática em saúde, entre eles a educação em saúde. Ferramenta potencial a educação em saúde permite que os indivíduos sejam estimulados a se cuidarem e promover sua saúde, ou seja, atua na lógica preventiva. As atividades educativas esclarecem e permitem a prevenção de doenças e agravos reduzindo a necessidade de utilização de procedimentos e medicamentos. Não é possível dissociar a educação em saúde e o trabalho em saúde, tendo em vista que um termo produz o outro. Portanto, infere-se que o exercício pedagógico na formação em saúde deve estabelecer o diálogo entre os saberes disciplinares, estimulando a integralidade e a prática da promoção em saúde proporcionando aos alunos uma reconversão de seus olhares e práticas.

Palavras-chave


Formação em saúde; Educação em saúde

Referências


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