Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Vinculação das gestantes às Maternidades Distrito de Saúde Sul em Manaus: estratégia para produção do cuidado
Lucia Marques de Freitas, Ivamar Moreira da Silva, Rosimary de Souza Lourenço

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A redução da mortalidade materna constitui uma preocupação da saúde pública. De 1990 a 2007, o Brasil apresentou redução de cerca de 50% de óbitos maternos, passando de 140 óbitos por 100 mil nascidos vivos em 1990 para 75 óbitos em 2007. Em Manaus, no período de 2008 a 2012 foram registrados um total de 137 óbitos maternos. As principais causas de óbito materno em Manaus, de 2008 a 2012, decorreram de complicações relacionadas predominantemente ao puerpério e a outras afecções obstétricas não classificadas, que corresponderam a 64,96% entre as causas básicas agrupadas. Em junho de 2011, através da Portaria Nº 1.459, o Ministério da Saúde, instituiu no âmbito do SUS a Rede Cegonha. Constitui uma rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro, ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis. (Brasil, 2011). A detecção e a intervenção precoce das situações de risco, um sistema ágil de referência hospitalar que assegure vaga para a gestante e seu bebê, a qualificação da assistência ao parto são aspectos que podem ser determinantes na redução das principais causas de mortalidade materna e neonatal. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A vinculação da gestante às unidades de referência para assistência ao parto contribui para a qualidade do pré-natal na atenção primária. As unidades de atenção primária devem realizar o acompanhamento das gestantes, articulando-se com os serviços de apoio diagnóstico de modo a assegurar a realização dos exames necessários durante a gestação, acompanhar a programação do parto na maternidade de referência e acompanhar após o parto a mãe e o bebê. O Distrito de Saúde Sul da Secretaria Municipal de Saúde tem sob sua responsabilidade 16 Unidades Básicas de Saúde e 49 Unidades da Estratégia Saúde da Família. Conta também com a presença de duas maternidades públicas sob gestão estadual – Maternidade Balbina Mestrinho e Instituto da Mulher Dona Lindú. Em consonância com o preconizado pela Rede Cegonha a área técnica da Saúde da Mulher que deu início a um processo de reflexão e planejamento para consolidar o processo de vinculação com a maternidade de referência, de acordo com o estrato de risco. A construção da proposta de vinculação teve início com discussões internas realizadas com profissionais e gestores das unidades no distrito, representante do Ministério da Saúde, das Maternidades, da Secretaria Municipal de Saúde e do Distrito de Saúde Sul foi discutido a vinculação das unidades por território e a construção de fluxos de referência e contra referência da gestante e da puérpera e do recém-nascido. Ficaram vinculadas à Maternidade Balbina Mestrinho 42 unidades de saúde (11 Unidades básicas de saúde e 31 unidades da Estratégia Saúde da Família) e ao Instituto da Mulher Dona Lindú 23 unidades (05 Unidades Básicas de Saúde e 18 unidades da Estratégia Saúde da Família). A vinculação se dá na primeira consulta de pré-natal, ocasião em que o enfermeiro realiza a avaliação geral da gestante, solicitando os exames de rotina e outros exames que se fizerem necessário. Na ocasião esta é orientada a comparecer a maternidade de referência em seu território. No cartão de pré-natal da gestante é feito o registro da data e horário da visita. Na Maternidade Balbina Mestrinho as visitas são realizadas na quarta-feira (de 08 horas às 12 horas e de 14 horas às 17 horas) e na quinta-feira (de 08 horas às 12horas). No Instituto da Mulher Dona Lindú as visitas são realizadas de segunda a sexta-feira (de 08 horas às 12 horas e de 14 horas às 17 horas). Semanalmente, as unidades de saúde encaminham a relação das gestantes que realizarão visita de vinculação nas maternidades. A responsável da área técnica de Saúde da Mulher consolida essas informações e encaminha às maternidades a relação das gestantes referenciadas pelas unidades para as visitas. Atualmente as próprias unidades estabelecem contato direto com as Maternidades informando às gestantes que realizarão a visita através de email criado exclusivamente para esse fim. As maternidades, nos dias agendados para realização das visitas, designam um profissional da equipe para acolher as gestantes e seus acompanhantes, orientando-os sobre normas, rotinas e procedimentos a serem adotados por ocasião da admissão para o parto. Na visita a gestante e acompanhante tem oportunidade de conhecer os setores de recepção, a sala onde é realizada a classificação de risco, a sala de pré-parto, parto, centro cirúrgico e alojamento conjunto. Conhece também outros setores como o Serviço Social e o serviço de cartório. Ao final de cada mês, as maternidades encaminham ao Distrito de Saúde a informação de contra referência das gestantes que realizaram visita de vinculação e a quais unidades estão vinculadas, informação que, posteriormente é encaminhada às unidades de saúde.  O pós-parto é outro momento de cuidado especial com a mulher e os serviços de saúde devem se organizar para garantir a atenção à puérpera. Na ocasião da alta hospitalar o Serviço Social das maternidades encaminha mãe e bebê para consulta na unidade de saúde onde foi realizado o pré-natal. As consultas são pré-agendadas monitoradas pela área técnica de saúde da mulher. A consulta do bebê deve ser realizada na primeira semana de saúde integral, a qual engloba um conjunto de ações de atenção à saúde das puerperais e dos recém-nascidos, com o intuito de reduzir a morbimortalidade materno-infantil. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: O processo de vinculação das gestantes tem aproximado as equipes das famílias sobre sua responsabilidade, ampliando a possibilidade de identificação das gestantes vulneráveis, promovendo a continuidade do cuidado e o desenvolvimento de ações de vigilância à saúde. As equipes de saúde têm estado mais atentas as gestantes e as crianças que não comparecerem à Unidade de Saúde, realizando busca ativa das mães e crianças. Como resultado desse processo, observa-se que as Unidades do Distrito de Saúde Sul, no decorrer de 2014, encaminharam 685 gestantes que realizaram visita de vinculação às maternidades. Esta é uma experiência exitosa que tem estimulado a reflexão sobre a necessidade de melhoria dos processos de trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Apesar da ampliação da cobertura de pré-natal, a qualidade da assistência pré-natal ainda é uma preocupação para a saúde pública. A presença do binômio (mãe e bebê) na unidade de saúde é um momento de suma importância, no qual as equipes devem avaliar as condições de saúde da mãe e da criança, estimular o aleitamento materno e apoiar às dificuldades apresentadas.

Palavras-chave


pré-natal;vinculação;maternidades