Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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SITUAÇÃO DE SAÚDE, ASSENTAMENTO NORMANDIA, CARUARU – PE
Milena Kelry da Silva Gonçalves, Maria Rafaela Amorim de Araújo, Mariana Ferreira de Souza, Mariana Paula Silva Vasconcelos, Mariane Silva Tavares, Marília Samapio de Araújo, Andréa Bandeira Silva de Farias, Vânia Fialho de Paiva e Souza

Última alteração: 2015-11-30

Resumo


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) surgiu de muitos movimentos populares do campo, seguindo até atualmente com os objetivos originários: lutar pela terra, pela Reforma Agrária, por uma melhor qualidade de vida no campo e pela construção de uma sociedade mais justa, sem explorados nem exploradores. O movimento se caracteriza por possuir uma forma de organização que, em sua maioria, não permite habitação fixa, como é o caso dos acampamentos; conta também com os assentamentos, que são estruturas fixas, porém ainda assim são distantes dos centros urbanos. Diante do exposto, este estudo objetivou conhecer a situação de saúde do assentamento Normandia, localizado na cidade de Caruaru – PE, que apresenta uma área total de 546 ha, sendo distribuídos 14 ha para o centro de formação, 100 ha para reserva e 16 ha para área social2. No momento, cerca de 40 famílias encontram-se assentadas. A área geográfica onde o Assentamento está localizado é também caracterizada pelo acesso limitado ao serviço de saúde, há também as barreiras da condição econômica e a discriminação enfrentada pelos trabalhadores do MST nas zonas urbanas3. Através de roteiros de observação e entrevista, torna-se notória a insatisfação da população do Assentamento de Normandia quanto à assistência prestada, onde 42% afirmam que os serviços de saúde no campo são péssimos, como descreve uma das entrevistadas: “Chegar ao posto é difícil por que é longe, e lá é pior ainda. É difícil de marcar consulta e o resultado não chega. É ruim mesmo” (V.P.S, 34 anos). A população rural possui um dos maiores índices de mortalidade infantil, de incidência de endemias, de insalubridade e de analfabetismo, caracterizando uma situação de pobreza decorrente das restrições ao acesso aos bens e serviços indispensáveis à vida4. Essa precariedade dos serviços está intimamente atrelada a questões financeiras e governamentais, ao ponto que em pleno século XXI ainda se institucionalizam políticas pobres para os pobres5. A ausência dos Agentes Comunitários de Saúde no assentamento foi identificada na fala de 42% das entrevistadas; somado a não integralidade da assistência, levando a 37% da população feminina não frequentar a USF. Das mulheres que frequentam (67%), 31% avaliam como ruim, pois o serviço não atende as necessidades delas e não se obtém resolutividade. “Lá no PSF do Rafael é bom, as mulheres conseguem fazer os exames direitinho, agora a demora é grande e nem sempre recebemos o resultado. Mas é bom eu gosto” (R.Y.C.A, 18 anos).É importante ressaltar que hábitos diferenciados, rotinas e processos de trabalhos característicos do campo necessitam de uma atenção especial da saúde, que quando preconizada universalmente, deve respeitar os diferentes modos de vida ofertando práticas de saúde integrais, que não estejam somente vinculadas aos seres humanos, mas também com a terra.

Palavras-chave


Mulheres; População Rural; Enfermagem; Serviços de Saúde.

Referências


1- Maeda ST, Borges ALV, Nakamura E, Miyahiro D, Silva LF. Access to pre-natal care and cervical cancer prevention action among women from Brazilian Landless Workers Movement. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2007 jul-set; 16(3): 433-8.

2- Lima GS, Ferreira MF, Silva JN. Educação no MST: um estudo de caso no Assentamento Normandia, Caruaru/PE.

3- Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.

4- Brasil. Portaria 2.607 de 10 de dezembro de 2004. Aprova o Plano Nacional de Saúde/PNS-Um Pacto pela Saúde no Brasil. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/html/pt/home.html > Acesso em: 08 junho de 2015.

5- Boff L. Saber cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: 1999, 199 p.

6- Teixeira IMC. Saberes e práticas populares de saúde: os processos educativos de mulheres camponesas. São Carlos, 2012.