Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Cartografia da rede: a experiência de construção do cuidado no território
Jessica Prado de Almeida Martins

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


O presente trabalho consiste em um relato de experiência do Programa de Educação pelo Trabalho Saúde Mental Álcool e/ou Outras Drogas, que busca integrar as atividades acadêmicas com a atuação profissional em um serviço de saúde. Possui como objetivo identificar e intervir na dinâmica das redes de cuidados dos usuários de uma unidade de atenção psicossocial, localizada na área programática 3.2 da cidade do Rio de Janeiro. A metodologia baseia-se em uma pesquisa-intervenção, através de uma cartografia da rede, ou seja, com o mapeamento de casos e de dispositivos territoriais, além de discussões com a rede. Este relato é feito a partir das impressões, reflexões e afetos gerados com a experiência na convivência no serviço, nas supervisões de equipe, nas reuniões de tutoria e no acompanhamento de dois casos clínicos, identificados como ‘casos traçadores’- considerados de maior complexidade, com potencial de congregar múltiplas e variadas necessidades de saúde. No contexto deste projeto foram acompanhados dois pacientes que possuíam pouca vinculação com o serviço, com o intuito de mapear seus territórios afetivos para ampliar a perspectiva de seu cuidado. Nesse sentido, o trabalho vai além do espaço físico do CAPS e da rede de saúde de referência, tendo sido realizadas visitas domiciliares, entrevistas com familiares e aproximação com as Clínicas de Família, em especial com os agentes comunitários de saúde que possuíam um contato mais próximo dos pacientes. O acompanhamento junto à família e à rede territorial também se mostrou fundamental para construir novas formas de cuidado a partir de outro olhar para o sujeito, que abrange outras instâncias de sua vida e não o restringe a um diagnóstico psiquiátrico. Dessa forma, possibilita-se a criação de diferentes estratégias coletivas, enriquecendo os modos de pensar e cuidar em saúde mental, o que constrói novas redes e fortalece a rede de cuidados desses pacientes. Em outras palavras, a aposta é que um olhar ampliado, que extrapola a rede formal de serviços e inclui os territórios afetivos, permite trazer  para o campo da atenção os lugares de produção de vida, cidadania, troca e encontros potentes, que são palco de novas possibilidades de cuidado e de cidadania.

Palavras-chave


Redes; Saúde Mental; Integralidade; Cuidado

Referências


Merhy EE, organizador. Pesquisa Saúde Mental: acesso e barreira em uma complexa rede de cuidado: o caso de Campinas. Campinas; 2011. [Relatório final CNPq, Processo 575121/2008 4].

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