Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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VIVÊNCIA INTEGRATIVA DE UM GRUPO DE IDOSOS COMO FERRAMENTA PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
Aline Maria Monteiro da Silva, Jéssica Rodrigues dos Santos, Tamiris Albuquerque Martha, Janaína Maria Alves Campos, Janaína Maria Alves Campos., Jeane Constantino Pereira, Thainá Rayane Bezerra Vieira

Última alteração: 2016-01-13

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Educação Popular em Saúde é concebida como a definição pedagógica para o processo educativo que coloca o dia-a-dia do trabalho – ou da formação – em saúde de forma reflexiva através das relações concretas que operam realidades e que possibilitam a construção de espaços coletivos e partilhados. Tomando como pressuposto essa concepção teórico-metodológica encontra-se o programa Mais Saúde na Comunidade. Este é uma atividade de extensão da Universidade Federal da Paraíba que possui como principal cenário de práticas a comunidade do Grotão na cidade de João Pessoa-PB, tendo como uma de suas frentes de participação social o Grupo de Idosos (GI), no qual, são realizados encontros semanais e diferentes temas são discutidos de forma educativa, lúdica e ativa. A partir dessa perspectiva, a clássica imagem do idoso dependente e isolado do convívio social tem sido transformada com a definição de envelhecimento ativo, que procura desconstruir o paradigma imposto pela cultura da sociedade brasileira. Com isso, os idosos são incentivados a adotar hábitos de vida mais saudáveis, tornando-se responsáveis pelos cuidados com a própria saúde. O programa Mais Saúde na Comunidade possui caráter interdisciplinar, intersetorial e interinstitucional, desenvolvendo suas ações por meio de quatros projetos: Projeto Educação Popular e Saúde do Trabalhador (PEPST), Projeto Promoção da Saúde em Comunidades com Ênfase na Estratégia Saúde da Família, Fisioterapia na Comunidade e Projeto Acesso Cidadão: práticas integrais e interdisciplinares para inclusão da pessoa com deficiência ao lazer, esporte, arte e cultura. Neste último, são promovidas práticas integrais e interdisciplinares de promoção à acessibilidade da pessoa com mobilidade reduzida. As atividades são realizadas na praia do Cabo Branco, orla marítima de João Pessoa, e no Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). O projeto, que também prevê o acesso à jogos esportivos, lazer e cultura, é resultado de uma parceria da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria de Planejamento (SEPLAN), com a Fundação Casa José Américo; a ONG (Assessoria e Consultoria para Inclusão Social); e a Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (FUNAD). João Pessoa, diferente de outras cidades brasileiras, é a única que está implantando um programa mais amplo de atividades. Além do acesso ao mar por meio de 13 cadeiras anfíbias, dois caiaques adaptados e duas pranchas de surf também adaptadas, o projeto irá disponibilizar duas handbikes, dois kits de bocha, um kit de vôlei sentado e uma esteira que também garante o acesso dos cadeirantes até o mar. O trabalho ainda conta com a participação de estudantes voluntários da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê).   OBJETIVO: Descrever a vivência integrativa  do Grupo de Idosos do Programa de Extensão Popular Mais Saúde na Comunidade no Projeto Acesso Cidadão situado na Praia de Cabo Branco (João Pessoa – PB), à partir do olhar de seus atores: extensionistas e idosos.   METODOLOGIA: O Programa Mais Saúde na Comunidade disponibilizou um micro-ônibus para buscar os idosos no bairro do Grotão e levá-los ao Acesso Cidadão na praia de Cabo Branco.  O percurso para chegar à praia foi bastante dinâmico, pois todos se divertiram com cantigas de roda e brincadeiras. Chegando à Orla de Cabo Branco o grupo dirigiu-se para a Fundação José Américo onde o Programa foi apresentado para o público presente que incluía as pessoas com mobilidade reduzida e seus acompanhantes, idosos e extensionistas.  Foi  aberto um espaço para discussão, reflexão e sugestões. Depois disso, o grupo se dirigiu ao ponto de apoio do Projeto Acesso Cidadão na praia, onde ficam os equipamentos utilizados na atividade. Os idosos participaram de uma prática de alongamentos e caminhada, entraram no mar, observaram o trabalho realizado junto às pessoas com deficiência, caracterizando um espaço de troca de experiências e solidariedade. Além disso, foi oferecido um lanche coletivo e os idosos puderam dançar e se integrar ao som de músicas cantadas por uma das pessoas beneficiadas pelo projeto Acesso Cidadão.   RESULTADOS/IMPACTOS: Os resultados dessa experiência apontam para a importância do envelhecimento ativo para uma boa qualidade de vida das pessoas idosas. Compreendendo qualidade de vida como o direito à condições de vida dignas, incluindo moradia, saúde, educação, cidadania, cultura e lazer, esta  vivência possibilitou o acesso dessas pessoas ao lazer, pois puderam passear e visitar um local turístico da cidade em que residem, mas que muitas vezes por dificuldades financeiras ou mesmo falta de acompanhantes não conseguem frequentar. “Maravilhoso”, “relaxante” e “ótimo”, foram palavras ditas pelos idosos como definição do dia atípico que passaram. Para alguns, este passeio foi magnífico, pois já não iam à praia há muito anos. Um passeio tão simples, a um lugar tão próximo que para alguns passa despercebido, mas que eles souberam valorizar e aproveitar ao máximo a vivência. Além disso, os princípios da amorosidade, troca de saberes e respeito estiveram presentes na ação, fortalecendo o vínculo e integrando os extensionistas com os idosos. O Acesso Cidadão é uma iniciativa que promove a acessibilidade das praias pessoenses às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Mais do que esporte, cultura e lazer, esta ação torna o ambiente da praia um espaço democrático. Afinal, esta característica pode ser percebida na fala de um dos atores da experiência, quando diz que: “nós não somos deficientes, deficiente é o sistema.”   CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pode-se concluir que o profissional da saúde pública precisa conhecer a realidade dos aspectos físicos, mentais, sociais e demográficos das famílias, para que possa prestar assistência de forma integral, contínua e humanizada aos membros, devendo analisar as informações coletadas para elaborar o plano assistencial de acordo com a realidade da família, incluindo a assistência domiciliar como local de atenção e cuidado, a fim de alcançar as metas estipuladas junto ao plano de intervenção. Assim, participar das ações de extensão junto à comunidade possibilita a construção de um aprendizado contínuo que só quem extrapola os muros da universidade e se aproxima da realidade do povo consegue obter. Logo, a formação em saúde passa a ser reorientada e de fato voltada para as necessidades da população brasileira.