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VIVÊNCIA INTEGRATIVA DE UM GRUPO DE IDOSOS COMO FERRAMENTA PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
Última alteração: 2016-01-13
Resumo
APRESENTAÇÃO: A Educação Popular em Saúde é concebida como a definição pedagógica para o processo educativo que coloca o dia-a-dia do trabalho – ou da formação – em saúde de forma reflexiva através das relações concretas que operam realidades e que possibilitam a construção de espaços coletivos e partilhados. Tomando como pressuposto essa concepção teórico-metodológica encontra-se o programa Mais Saúde na Comunidade. Este é uma atividade de extensão da Universidade Federal da Paraíba que possui como principal cenário de práticas a comunidade do Grotão na cidade de João Pessoa-PB, tendo como uma de suas frentes de participação social o Grupo de Idosos (GI), no qual, são realizados encontros semanais e diferentes temas são discutidos de forma educativa, lúdica e ativa. A partir dessa perspectiva, a clássica imagem do idoso dependente e isolado do convívio social tem sido transformada com a definição de envelhecimento ativo, que procura desconstruir o paradigma imposto pela cultura da sociedade brasileira. Com isso, os idosos são incentivados a adotar hábitos de vida mais saudáveis, tornando-se responsáveis pelos cuidados com a própria saúde. O programa Mais Saúde na Comunidade possui caráter interdisciplinar, intersetorial e interinstitucional, desenvolvendo suas ações por meio de quatros projetos: Projeto Educação Popular e Saúde do Trabalhador (PEPST), Projeto Promoção da Saúde em Comunidades com Ênfase na Estratégia Saúde da Família, Fisioterapia na Comunidade e Projeto Acesso Cidadão: práticas integrais e interdisciplinares para inclusão da pessoa com deficiência ao lazer, esporte, arte e cultura. Neste último, são promovidas práticas integrais e interdisciplinares de promoção à acessibilidade da pessoa com mobilidade reduzida. As atividades são realizadas na praia do Cabo Branco, orla marítima de João Pessoa, e no Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). O projeto, que também prevê o acesso à jogos esportivos, lazer e cultura, é resultado de uma parceria da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Secretaria de Planejamento (SEPLAN), com a Fundação Casa José Américo; a ONG (Assessoria e Consultoria para Inclusão Social); e a Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (FUNAD). João Pessoa, diferente de outras cidades brasileiras, é a única que está implantando um programa mais amplo de atividades. Além do acesso ao mar por meio de 13 cadeiras anfíbias, dois caiaques adaptados e duas pranchas de surf também adaptadas, o projeto irá disponibilizar duas handbikes, dois kits de bocha, um kit de vôlei sentado e uma esteira que também garante o acesso dos cadeirantes até o mar. O trabalho ainda conta com a participação de estudantes voluntários da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê). OBJETIVO: Descrever a vivência integrativa do Grupo de Idosos do Programa de Extensão Popular Mais Saúde na Comunidade no Projeto Acesso Cidadão situado na Praia de Cabo Branco (João Pessoa – PB), à partir do olhar de seus atores: extensionistas e idosos. METODOLOGIA: O Programa Mais Saúde na Comunidade disponibilizou um micro-ônibus para buscar os idosos no bairro do Grotão e levá-los ao Acesso Cidadão na praia de Cabo Branco. O percurso para chegar à praia foi bastante dinâmico, pois todos se divertiram com cantigas de roda e brincadeiras. Chegando à Orla de Cabo Branco o grupo dirigiu-se para a Fundação José Américo onde o Programa foi apresentado para o público presente que incluía as pessoas com mobilidade reduzida e seus acompanhantes, idosos e extensionistas. Foi aberto um espaço para discussão, reflexão e sugestões. Depois disso, o grupo se dirigiu ao ponto de apoio do Projeto Acesso Cidadão na praia, onde ficam os equipamentos utilizados na atividade. Os idosos participaram de uma prática de alongamentos e caminhada, entraram no mar, observaram o trabalho realizado junto às pessoas com deficiência, caracterizando um espaço de troca de experiências e solidariedade. Além disso, foi oferecido um lanche coletivo e os idosos puderam dançar e se integrar ao som de músicas cantadas por uma das pessoas beneficiadas pelo projeto Acesso Cidadão. RESULTADOS/IMPACTOS: Os resultados dessa experiência apontam para a importância do envelhecimento ativo para uma boa qualidade de vida das pessoas idosas. Compreendendo qualidade de vida como o direito à condições de vida dignas, incluindo moradia, saúde, educação, cidadania, cultura e lazer, esta vivência possibilitou o acesso dessas pessoas ao lazer, pois puderam passear e visitar um local turístico da cidade em que residem, mas que muitas vezes por dificuldades financeiras ou mesmo falta de acompanhantes não conseguem frequentar. “Maravilhoso”, “relaxante” e “ótimo”, foram palavras ditas pelos idosos como definição do dia atípico que passaram. Para alguns, este passeio foi magnífico, pois já não iam à praia há muito anos. Um passeio tão simples, a um lugar tão próximo que para alguns passa despercebido, mas que eles souberam valorizar e aproveitar ao máximo a vivência. Além disso, os princípios da amorosidade, troca de saberes e respeito estiveram presentes na ação, fortalecendo o vínculo e integrando os extensionistas com os idosos. O Acesso Cidadão é uma iniciativa que promove a acessibilidade das praias pessoenses às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Mais do que esporte, cultura e lazer, esta ação torna o ambiente da praia um espaço democrático. Afinal, esta característica pode ser percebida na fala de um dos atores da experiência, quando diz que: “nós não somos deficientes, deficiente é o sistema.” CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pode-se concluir que o profissional da saúde pública precisa conhecer a realidade dos aspectos físicos, mentais, sociais e demográficos das famílias, para que possa prestar assistência de forma integral, contínua e humanizada aos membros, devendo analisar as informações coletadas para elaborar o plano assistencial de acordo com a realidade da família, incluindo a assistência domiciliar como local de atenção e cuidado, a fim de alcançar as metas estipuladas junto ao plano de intervenção. Assim, participar das ações de extensão junto à comunidade possibilita a construção de um aprendizado contínuo que só quem extrapola os muros da universidade e se aproxima da realidade do povo consegue obter. Logo, a formação em saúde passa a ser reorientada e de fato voltada para as necessidades da população brasileira.