Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AÇÕES EXTENSIONISTAS EM ASSISTÊNCIA AO PORTADOR DE HTLV EM SÃO LUIS DO MARANHÃO
Adna Nascimento Souza, Thyago Leite Ramos, João Victor de Sousa Garcia, Graça Maria de Castro Viana, Vitor Pachelle Lima Abreu, Gilvania Melo da Rocha, Georgia Thamyres Leite Ramos, Ariádina Alves dos Santos

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


RESUMO: O vírus lintrofotrópico de células T humano HTLV I/II é responsável por afecções neurológicas e do sistema linfático, apresenta alta prevalência no Brasil e principalmente no Estado do Maranhão, porém esta virose é negligenciada. Dada importância é evidenciada pelo projeto “Serviço de assistência ao portador de HTLV em São Luís do Maranhão: seguimento clínico/laboratorial e terapêutico”. Este trabalha com pacientes com sorologia positiva por ELISA para HTLV I/II pela triagem do HEMOMAR, avaliando-os clinicamente através dos integrantes do projeto, realiza-se o teste confirmatório por Wester-blot e então passam por acompanhamento clínico periódico. Participam também de ações de aconselhamento promovidas pelo projeto juntamente com familiares e a comunidade assistida pelo projeto no Hospital Getúlio Vargas em São Luís - MA sobre os meios de prevenção e sobre os cuidados necessários aos portadores de HTLV de acordo com as prováveis complicações motoras e neurológicas que a infecção traz.   INTRODUÇÃO: O vírus lintrofotrópico de células T humano tipo 1 (HTLV-1) é endêmico em várias regiões do mundo, como no sul do Japão, Caribe, África, América do Sul e Ilhas da Melanésia. No Brasil, o vírus está presente em todos os estados onde foi pesquisado, com prevalências variadas. Estima-se aproximadamente 2,5 milhões de pessoas infectadas. O HTLV-2 também se encontra presente, mas os portadores, em sua maioria, permanecem assintomáticos por toda a vida (ROMANELLI et al, 2010). Apesar de aparentemente semelhantes, apenas o HTLV-1 é sabidamente imputado como principal causador de doenças graves no hospedeiro infectado (YDY et al,2009). A transmissão ocorre principalmente por via transfusional, através da recepção de componentes celulares sanguíneos contaminados. A transmissão entre parceiros sexuais ocorre com maior frequência do homem portador para a mulher (taxa de risco de 61% em 10 anos). No aleitamento materno a transmissão se dá pela presença de linfócitos contaminados no leite. A transmissão vertical também pode ocorrer por outras vias, provavelmente intrauterina ou perinatal, porém com menor frequência (4% a 14%). Outra via de transmissão conhecida é pelo compartilhamento de agulhas por usuários de drogas intravenosas. (ROMANELLI et al, 2010). A resposta exacerbada induzida pelo HTLV-1 é capaz de desregular o sistema imune, com intensa resposta inflamatória, que afeta não só o Sistema Nervoso Central, como já comprovado, mas diversos tecidos (VALE, 2013). As manifestações neurológicas ocorrem principalmente por mielopatia na medula torácica baixa. O vírus está associado ainda a Leucemia/linfoma de células T do Adulto, por mecanismos fisiopatológicos diferentes da mielopatia e ocorre em geral após a terceira década de vida. (CARNEIRO et al, 2002). Apesar da importância clínica e epidemiológica e da crescente preocupação do Ministério da Saúde com a infecção por HTLV, são escassos estudos e assistência acerca desta doença no Estado do Maranhão. Deste modo, a preocupação com a virose é relevante e contribui enormemente, não só para a execução das ações de controle a serem desenvolvidas pela Vigilância epidemiológica municipal e/ou estadual, como também para reduzir a gravidade da infecção ou da doença instalada e informar a população. A partir de tudo isso, o projeto “Serviço de assistência ao portador de HTLV em São Luis do Maranhão: seguimento clínico/laboratorial e terapêutico” busca, de modo geral, confirmar o diagnóstico de infecção por HTLV 1 ou 2 em doadores de sangue no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão (HEMOMAR) por meio de teste sorológico Western Blot, estimar a prevalência de infecção por HTLV 1/2 entre os doadores de sangue no Estado do Maranhão e acompanhar o paciente soropositivo, dando o seguimento clínico necessário e orientando-o. METODOLOGIA: Os doadores de sangue detectados soropositivos para HTLV pelo método ELISA através da triagem do HEMOMAR são recebidos no ambulatório de Infectologia do Hospital Getúlio Vargas e, como os mesmos não tem como realizar exame confirmatório, uma vez que a rede laboratorial municipal ou estadual não realiza este teste, estes são avaliados clinicamente, com preenchimento de uma ficha padrão contendo variáveis demográficas (sexo, idade, local de residência, profissão, grau de instrução e estado civil) e sendo submetidos ao teste confirmatório Western Blot, que, a partir dos anticorpos detectados, identifica o tipo de infecção, se é pelo vírus HTLV-1 ou pelo HTLV-2. (YANG, 2009) Os pacientes com resultado sorológico confirmado são convidados a participar do projeto de extensão da Universidade Federal do Maranhão: “Serviço de assistência ao portador de HTLV em São Luís do Maranhão: seguimento clínico/laboratorial e terapêutico”, com seguimento prospectivo e serão submetidos periodicamente à avaliação clínica que inclui exames de rotina, radiológicos e neurológico, observando a Escala de Espasticidade, a Escala Motora e os Reflexos Profundos e tratamento das complicações decorrentes da infecção pelo vírus. DISCUSSÃO E RESULTADOS: O projeto atende mensalmente cerca de 20 pacientes com sorologia positiva encaminhados pelo HEMOMAR, todavia, segundo dados estatísticos fornecidos pelo mesmo, há cerca de 500 novos casos de sorologia positiva no Estado do Maranhão. Vale ressaltar que esses dados refletem apenas a triagem da pequena parcela de doadores de sangue que são infectados, daí a importância do olhar do poder público sobre esta virose e a conscientização da população sobre ela. Além do mais, o projeto auxilia no cuidado do paciente com outras afecções de saúde, uma vez que nem sempre o indivíduo apresenta apenas o HTLV I/II como infecção e suas apresentações clínicas, mas também outras DST’s, como sífilis, HPV, HIV, gonorréia, até transtornos psiquiátricos, procedendo, com terapias medicamentosas e encaminhamentos médicos. Vale ressaltar ainda que, na maioria das vezes, os pacientes chegam ao ambulatório do projeto com informações distorcidas ou imprecisas fornecidas pelos próprios funcionários do centro de saúde em que foram diagnosticados, assim como há adultos pacientes que há muito tempo apresentam afecções clínicas, inclusive desde a infância, porém sem diagnóstico ou há pouco tempo diagnosticado, retardando o tratamento e piorando o prognóstico. Ultimamente o projeto, o único serviço a dar assistência ao paciente portador do vírus HTLV I/II no estado do Maranhão, tem recebido pacientes encaminhados pela Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação tamanha a demanda, que parece aumentar, apesar do trabalho realizado pelo projeto, ainda é insuficiente para a realidade do estado. CONCLUSÃO: A infecção pelo HTLV I/II possui índices alarmantes no estado do Maranhão, porém é negligenciado pelo governo nas esferas municipal, estadual e federal. O projeto encaminha os pacientes para o teste confirmatório e fornece acolhimento, assistência médica aos pacientes e familiares sintomáticos ou não, além de informação sobre prevenção e aconselhamento, contribuindo para melhoria de vida da população.

Palavras-chave


Vírus 1 Linfotrópico T Humano; Assistência à Saúde; Prevenção de Doenças.