Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO DO NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA A PARTIR DOS PROFISSIONAIS DE NÍVEL SUPERIOR DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Adna Nascimento Souza, Ana da Silva Arraes, Francisca Aline Arrais Sampaio Santos, Priscilla Ingrid de Sousa Ferreira, Giana Gislanne da Silva, Víctor Pereira Lima, Thamyres da Silva Martins, Vitor Pachelle Lima Abreu

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


INTRODUÇÃO: O Núcleo de Apoio a Saúde da Família, criado pelo Ministério da Saúde mediante a portaria GM nº 154/08, é uma proposta que tem por objetivo ampliar, o escopo, a abrangência e a resolutividade das ações da Atenção Primária em Saúde, com atuação integrada a dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF). Não se constitui de serviços com unidades físicas independentes ou especiais, ou de livre acesso para atendimento individual ou coletivo, mas sim de auxílio às equipes de Saúde da Família. Recente e inovadora, a proposta do NASF encontra-se em fase de implantação, com desafios iniciais para o desenvolvimento total de suas intervenções. Por ser uma política atual, existe ainda um distanciamento entre os profissionais atuantes na ESF e as particularidades dessa abordagem, o que dificulta a compreensão sobre essa modalidade de atendimento. Este estudo tem por objetivo conhecer a realidade no município de Imperatriz- MA sobre o conhecimento dos profissionais de nível superior da ESF sobre o processo de trabalho do NASF em Imperatriz-MA. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo descritivo de caráter transversal. Realizado no município de Imperatriz-MA, em que estão cadastradas 47 equipes de saúde da família composta por no mínimo 01 médico, 01 enfermeiro, 01 auxiliar ou técnico de enfermagem e de 6 a 12 Agentes comunitários de saúde, podendo ainda compor a equipe os profissionais de Saúde Bucal. A amostra foi selecionada obedecendo ao critério de inclusão: ser profissional médico ou enfermeiro da equipe saúde da família em UBS da zona urbana. Os critérios de exclusão foram: atuando há menos de 12 semanas na UBS; profissionais em estado de férias ou licença de trabalho de qualquer natureza; profissionais que não se encontravam na UBS por pelo menos duas vezes no horário de trabalho no período de coleta dos dados; os que se recusaram a participar da pesquisa; declararam não possuir conhecimento sobre a atuação do NASF na UBS ou não entregaram o formulário, obtendo um total de participantes da pesquisa de: 25 enfermeiros e 05 médicos. O instrumento foi composto por vinte e três perguntas sobre avaliação do processo de trabalho do NASF. A coleta dos dados realizou-se por meio de uma abordagem direta na UBS em que atuam em horário de expediente. Os aspectos éticos foram respeitados, uma via do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) de acordo com as disposições da Resolução 466/2013 foi entregue aos participantes. Este estudo possui o parecer consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa nº 661.523. Os dados coletados foram tabulados no programa Microsoft Excel 2010 de modo a permitir uma melhor visualização e o uso da estatística descritiva. RESULTADOS: Quanto ao conhecimento dos profissionais sobre a política do NASF, 90% dos participantes marcaram a opção correta. Em se tratando das especialidades do NASF que oferecem assistência as ESF, em sua maior parte (87%) são de Assistente Social, contendo igualdade em termos de porcentagem o profissional fonoaudiólogo (87%), seguido do profissional de educação física (87%). O profissional menos frequente foi o terapeuta ocupacional com apenas 7% das repostas. Dos participantes, 10% não conheciam a política do NASF e não sabiam quais eram as especialidades que atendiam as ESF em que estavam inseridos. Quando questionados sobre já terem recebido alguma capacitação ou especialização sobre o NASF, 43% assinalaram nunca ter recebido algo do tipo, e somente 27% declaram que sim, dentre as instituições promotoras de capacitação citadas estão: Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) com 27% do total e o Departamento de Atenção Básica (DAB) com 27%. Sobre a atuação das equipes do NASF, 33% dos participantes afirmaram que atuavam nas UBS em um período que varia entre 1 a 3 anos. Sobre os dias de atuação do NASF na UBS, 87% afirmaram serem insuficientes, assim como também afirmaram serem insuficientes às especialidades contidas nas equipes do NASF. Quando questionados se a implantação do NASF na UBS trouxe alguma modificação de realidade na comunidade e na atuação da ESF, 90% afirmaram que sim, destes 53% acreditam que esta modificação se relaciona à maior resolutividade dos casos da comunidade, a melhor articulação e prática no cuidado aos indivíduos e 37% relatam o aumento de vínculo entre profissionais e usuários. As ações programáticas consideradas como as mais desenvolvidas pelos participantes foram: atividades/práticas corporais (77%). A ferramenta mais utilizada de forma eficiente pelo NASF foi o apoio matricial com um total de 30% de assinalações. No que se diz respeito ao processo de trabalho do NASF a maior dificuldade considerada pelos sujeitos foi justamente a falta de recursos humanos e financeiros (57%). DISCUSSÃO: Pontua-se neste estudo uma fragilidade potencial de desconhecimento em relação aos profissionais entrevistados e inseridos na ESF acerca de uma política que estão cotidianamente envolvidos. Talvez, essa condição esteja relacionada ao pouco tempo de trabalho dos profissionais das equipes de ESF nas UBS - em se tratando de tempo, estes estão em período de 12 semanas a 01 ano (44%). Um significativo quantitativo de participantes apresentou a realidade de nunca terem recebido qualquer forma de capacitação sobre o NASF, o que pode justificar o desconhecimento desta política pelos entrevistados. Andrade et al. (2012) constatou em sua pesquisa a deficiência das iniciativas de atualização contínua aos profissionais da atenção primária. Em se tratando de ações programáticas em conjunto (UBS e NASF), as atividades físicas e/ou práticas corporais se destacaram, o que se justifica pela predominância do educador físico em relação às demais categorias profissionais nas equipes do NASF.  Tais práticas utilizam a interação entre mente e corpo, proporcionando aos praticantes maior consciência da sua integralidade enquanto ser humano, aumentando à qualidade de saúde e de vida, promovendo saúde, prevenindo e auxiliando no tratamento de doenças (BRASIL, 2010). A avaliação da percepção da qualidade do NASF não utilizou nenhum parâmetro ou instrumento avaliativo, sendo baseada na experiência pessoal dos participantes. Vários sujeitos nessa pesquisa responderam que a atuação do NASF ainda é considerada como não ideal, sendo este um processo de construção. Almeida (2009), ao analisar o trabalho do NASF em um município de Minas Gerais, sinaliza que é necessário fazer ajustes no processo de trabalho dos profissionais envolvidos (ESF e NASF) para que se torne efetiva à realização de atividades características do NASF.   CONCLUSÃO: Este estudo contribui para o conhecimento e percepção das necessidades do local de estudo a partir do conhecimento do processo de trabalho do NASF na rede básica. Obtêm-se por meio deste um traçado da composição do NASF, com suas ações, planejamento e atuação, sendo que estas foram consideradas insuficientes quanto à quantidade e frequência com que são realizadas. Observa-se que o processo de trabalho do NASF é bastante complexo necessitando de novos estudos para traçar um diagnóstico discriminativo desta realidade, planejamento de ações resolutivas que minimizem as fragilidades encontradas, objetivando potencializar o processo de trabalho do NASF.

Palavras-chave


Atenção Primária; Estratégia Saúde da Família; Enfermagem.

Referências


 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Departamento de  Atenção  Básica.DIRETRIZES  DO  NASF:  Núcleo  de  Apoio  a  Saúde  da Família.Brasília, DF,2009.

ANDRADE,L;M;B.et al.  Análise da implantação dos Núcleos de Apoio à Saúde

da Família no interior de Santa Catarina. Sau. &Transf. Soc., v.3, n.1, p.18-31,

2012.

ALMEIDA, P. Núcleo de Apoio às equipes desaúde da família (NASF): uma breve reflexão. 2009. 53f. (Especialização em Saúde da Família).  Universidade Federal de Minas Gerais, Guanhães.