Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Visitas domiciliares no Projeto de Extensão Iandé Guatá: adentrando às casas na aldeia
Willian Fernandes Luna, Karolina Saad Rached, Thaís Winkeler Beltrão, Bianca de Figueiredo Moreira, Sheyla Virgínia Lins Rocha, Marcella Barros Alencar Correia

Última alteração: 2015-10-31

Resumo


APRESENTAÇÃO: O cuidado em saúde acontece não apenas nos serviços de saúde, mas em espaços comunitários e no ambiente domiciliar, quando é marcado pelas visitas domiciliares (VD), que permitem diagnosticar de uma forma mais complexa problemas de saúde, fazer busca ativa, prevenir agravos, favorecendo a atenção integral a partir das necessidades de saúde. O Projeto de Extensão IandéGuatá, vinculado a uma faculdade de medicina da Paraíba, propiciou a realização de VDs a famílias indígenas, com foco na educação popular em saúde e construção de projetos terapêuticos compartilhados, sendo as vivências dos estudantes ao realizarem estas VDs o foco de discussão deste relato de experiências, que foi construído a partir da visão dos extensionistas e dos relatórios das atividades do Projeto.Desenvolvimento do trabalho: O “IandéGuatá” (do tupi, Nossa Caminhada), composto por docentes e discentes, iniciou as atividades em 2013, realizando desde então 14 visitas mensais aos sábados à área indígena Potiguara. Na aldeia São Francisco, os extensionistas divididos em duplas acompanharam 08 famílias em VDs, através de encontros sucessivos, a fim de garantir o vínculo através da longitudinalidade. As famílias alvo das VDs foram designadas pela Agente Indígena de Saúde local, de acordo com o entendimento de necessidades de saúde da equipe. Foram incluídas famílias com complicações de hipertensão, diabetes, paralisia cerebral, idoso acamado, caso de albinismo, puérpera e gestação na adolescência. Através das reuniões teórico-reflexivas realizadas semanalmente na faculdade, pode-se debater cada vivência, avaliando seus aspectos marcantes, ações realizadas e planejando possíveis intervenções. RESULTADOS: Apesar de certa dificuldade inicial, quando aquelas famílias eram estranhas ao grupo de estudantes e foi dada a orientação de visitá-las, ao longo do tempo essas pessoas deixaram de ser estranhos e iniciou-se a construção de vínculo a partir dos encontros sucessivos. Notou-se a cultura Potiguara fortemente inserida na realidade familiar, idosos atuantes e mulheres politicamente relevantes. Há valorização dos cuidados tradicionais e saberes sobre ervas medicinais, sendo que a medicina alopática nem sempre é a primeira a ser solicitada. Observou-se pouca compreensão sobre as complicações de doenças crônicas e, apesar da abordagem dessa temática durante as VDs, as dificuldades permaneceram. Nas reuniões teórico-reflexivas discutiu-se como manter diálogo efetivo considerando os limites e especificidades locais e também houve apreensão de ferramentas importantes para o cuidado em saúde, como a abordagem centrada na pessoa, educação popular, abordagem familiar e construção de Projeto Terapêutico Singular. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diferente da consulta habitual quando a pessoa solicita ajuda do profissional de saúde, na VDs, os estudantes foram até as famílias, adentraram um pouco sua história, conheceram fragilidades e potencialidades, estreitando barreiras e fortalecendo laços. Dessa forma, os estudantes puderam aprender a respeitar alguns limites e não acessar informações que não foram permitidas naquele momento. Concluímos que a VD nas atividades de extensão foi um importante meio de aproximação entre extensionistas e famílias, favorecendo o acesso aos serviços, formação de vínculo e o aprendizado de habilidades importantes para o futuro profissional de saúde.

Palavras-chave


visita domiciliar; saúde de populações indígenas; extensão comunitária; educação médica.

Referências


BRASIL, Ministério da Saúde; Secretaria de atenção à Saúde. Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília – DF, 2012

LOPES, W.O.; SAUPE, R.; MASSAROLI, A. Visita domiciliar: tecnologia para o cuidado, o ensino e a pesquisa. Cienc Cuid Saude, 2008.

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