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Participar é uma forma de exercer direitos políticos e sociais garantidos pela constituição, a partir da intervenção nos processos políticos, sociais e comunitários, influenciando nas decisões de interesses coletivos. Um dos espaços que se pode encontrar uma participação efetiva é nos movimentos e práticas sociais. Por muito tempo a extensão universitária apoiou e desenvolveu ações com movimentos de organização política e social. No entanto, é possível perceber que poucos foram os movimentos políticos organizados pela Extensão Universitária, podendo-se destacar a criação do Fórum de Pró-reitores de extensão das Universidades Públicas Brasileiras, o FORPROEX, na década de 1980, o que acabou ocasionando a ressignificação e valorização da extensão como atividade da universidade. A partir de diversas insatisfações e manifestações com o cotidiano universitário, fruto do autoritarismo e pelas desigualdades sociais, em 2005, surge a Articulação Nacional de Extensão Popular (ANEPOP), liderada por estudantes universitários ligados ao movimento estudantil, que começaram a liderar movimentos de resistência ao modelo hegemônico dominante nos eventos de extensão, buscando a garantia dos direitos aos movimentos populares. Com a criação da ANEPOP, foi possível garantir a organicidade política, teórica e objetiva a um movimento de cunho popular. Considerando a importância da construção de espaços de protagonismo estudantil, com uma visão crítica em torno da realidade social inserida e, ao existir uma articulação com os diversos atores sociais envolvidos em ações de extensão universitária e a construção de uma rede permanente de comunicação, espalhadas pelo Brasil; orientadas pelo referencial teórico metodológico e ético da Educação Popular, conforme sistematizada por Paulo Freire, dentre outros, a ANEPOP, se propõe a estar colaborando efetivamente com espaços de troca de experiências e reflexões no âmbito da Extensão Popular por considerar que estes fortalecem as práticas de participação e educação popular na formação universitária. Como objetivo inicial a ANEPOP configura-se como uma estratégia de encontro e aproximação entre os extensionistas de todo Brasil, visando desenvolver ações que articulem ensino e pesquisa, com o intuito de acolher as demandas dos setores marginalizados da sociedade, fomentando com a garantia dos seus direitos em espaços de organização e emancipação. Constitui-se um trabalho que se propõe a estabelecer relações democráticas, horizontais, dialógicas, democráticas, comprometidas e interculturais capazes de transformar a realidade social existente. Nacionalmente, diversos coletivos vêm se aglutinando através da ANEPOP, aprimorando as perspectivas de luta e avanços para a extensão popular em distintas localidades e instituições, constituindo uma rede de troca de experiências e partilha de estratégias. Constituem-se como membro da ANEPOP, estudantes, professores, técnicos e participantes de movimentos populares ligados a estas ações de extensão. Devido a ANEPOP, ter uma amplitude nacional usaram-se de diversas estratégias, além dos encontros presenciais, foram utilizados recursos virtuais para a construção coletiva e compartilhada das suas discussões. Sua estruturação foi estabelecida da seguinte forma: 1) Encontros Virtuais de caráter organizativo ou de formação, com uso de equipamentos audiovisuais para conectar seus participantes nas discussões em ambientes virtuais; 2) Encontros Presenciais, na participação da organização de eventos locais, regionais e nacionais e encontros com a Coordenação Nacional para planejamento das ações; 3) Sistematização – no qual ocorre a o registro escrito, áudio visual, artístico, das experiências que se encontram em torno do movimento nacional de Extensão Popular através da produção de artigos, livros, trabalhos, apresentação em eventos e manutenção de um blog. Em sua caminhada, a ANEPOP vem contando com o apoio, vínculo e construção conjunta com outros coletivos nacionais de Educação Popular, marcadamente: a Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde (ANEPS), a Rede de Educação Popular e Saúde (REDEPOP) e o GT de Educação Popular da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), em suas várias práticas nacionais, estaduais e municipais. Em parceria com esses coletivos, através do Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde, a ANEPOP vem, desde 2009, participando ativamente da construção e implementação da Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP-SUS). No qual, fruto dessa articulação com a política, em 2014, foi construída e está em andamento uma proposta de mobilização e formação da ANEPOP, através do VEPOP-SUS: Vivências de Extensão em Educação Popular e Saúde no Sistema Único de Saúde que corresponde a um Programa de apoio e fomento às experiências de Extensão Popular em Saúde, de maneira integrada com os grupos, movimentos e iniciativas de saúde do campo popular do Brasil, com apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGTES) e da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) do Ministério da Saúde e que busca o desenvolvimento da 4ª Mostra Nacional de Experiências e Reflexões em Extensão Popular e o I Encontro Nacional de Extensão Popular. Nos últimos anos, a ANEPOP vem empreendendo importantes frentes de interação política e reivindicativa: diálogo com o Fórum de Pró-Reitores das Universidades Públicas Brasileiras (FORPROEX), pautando um tipo diferente de fazer extensão e uma proposta diferente de vivência universitária; insistência na socialização da discussão da extensão popular em vários eventos pelo Brasil, difundindo e dando visibilidade às práticas e trazendo novos atores para a luta; apoio às iniciativas que se constroem e os coletivos que se interessam em discutir extensão popular e criar práticas nesse sentido. Deste modo, podem-se destacar as contribuições em torno da experiência da ANEPOP, como: a melhor compreensão do extensionista popular no seu campo de ação, a partir de uma leitura crítica da realidade; a ampliação do protagonismo estudantil; o reconhecimento pela universidade da Extensão Popular enquanto espaço capaz de gerar transformação social e o maior desenvolvimento da participação popular e estudantil nas políticas públicas. Enquanto fragilidade destaca-se, a mobilização constante de novas pessoas na ANEPOP, visto que a sua rotatividade é grande, devido ao seu público alvo ser principalmente estudantes universitários; a pouca visibilidade da experiência e a pouca participação efetiva nas reuniões virtuais e o próprio afastamento fruto das distancias. No entanto, a ANEPOP, continua sendo um espaço de encontro; de mobilização; de troca; em que permite um diálogo político; propositivo e plural; a partir de um olhar e uma escuta diferenciada; buscando a formação de profissionais com outro referencial ético e social; valorizando o respeito aos saberes e buscando o desenvolvimento nacional, através do diálogo da universidade com a sociedade e seus diversos grupos.

Educação Popular; protagonismo; formação