Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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NEUROCIÊNCIAS E SAÚDE PÚBLICA: PROMOVENDO VISIVILIDADE A DOENÇA DE ALZHEIMER NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Maria Carolina Medeiros Trajano, Thyala De Fátima Bernardino Amorim, Jeane Constantino Pereira, Aline Maria Monteiro da Silva, Laura Verbena de Braz Coutinho, Ruthi Hiorrana Lima dos Santos

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


INTRODUÇÃO: O perfil demográfico do brasileiro tem mudado nas últimas décadas, havendo uma transição demográfica da população em decorrência da queda na mortalidade, na década de 1940, e o declínio da taxa de fecundidade a partir de 1960, sendo este o fator realmente decisivo para a ampliação da população mais idosa. Logo, o impacto causado pelo aumento da expectativa de vida reflete na manutenção da saúde do idoso e sua longevidade. Nesse contexto, durante o processo de envelhecimento, uma das principais queixas referidas pelos idosos trata-se do déficit na memória. E uma das patologias mais comuns nessa fase da vida é a Doença de Alzheimer.  Esta patologia caracteriza-se como uma forma de demência que afeta o idoso e acomete sua integridade física, mental e social, sendo a causa mais comum de respostas cognitivas desadaptadas. A memória episódica que é responsável pelo armazenamento e recuperação de informações autobiográficas que ocorreram em momentos específicos ao longo da vida é o primeiro tipo de memória acometida nesta patologia.  Além de comprometer a memória, ocorrem déficits de atenção, linguagem, capacidade para resolver problemas e habilidades para desempenhar as atividades da vida diária. A degeneração é progressiva e variável, sendo possível caracterizar os estágios do processo demencial em leve, moderado e severo, mesmo considerando as diferenças individuais que possam existir. Dessa maneira, a doença provoca uma situação de dependência total com cuidados cada vez mais complexos, quase sempre realizados no próprio domicílio, necessitando de vastas demandas e altos custos financeiros, o que representa um novo desafio para o poder público, instituições e profissionais de saúde, tanto em nível nacional, quanto mundial. Portadores da Doença de Alzheimer são cuidados em casa por familiares ou cuidadores, tornando-se dependentes de acordo com a progressão da doença. A família desenvolve um papel importante para a adaptação desses pacientes  no que diz respeito a sua segurança,  a manutenção da sua auto-estima e qualidade de vida. Nesse sentido, é imprescindível que a família e os cuidadores sejam orientados para que o paciente possa receber os cuidados adequados e os profissionais de saúde são fundamentais nesse processo. Objetivo: relatar a experiência exitosa de construção e facilitação de uma oficina de sensibilização sobre a Doença de Alzheimer direcionada aos profissionais de saúde de uma Unidade Integrada de Saúde da Família do município de João Pessoa – PB. DESCRIÇÃO DE EXPERIÊNCIA: Esta experiência está ancorada ao Programa de Extensão Popular Mais Saúde na Comunidade. O mesmo possui como estratégia teórico-metodológica a Educação Popular em Saúde e articula ações interdisciplinares em práticas integrais de cuidado em saúde da família, saúde do trabalhador e inclusão da pessoa com deficiência, além de estágios interdisciplinares de vivencias na realidade do SUS e fóruns temáticos de educação popular e saúde. Esta ação de extensão é vinculada à Universidade Federal da Paraíba e desenvolve-se em localidades urbanas e rurais de forma interdisciplinar, interinstitucional e intersetorial através do diálogo e cooperação entre estudantes, técnicos, professores e lideranças comunitárias. Uma das parcerias mais estratégicas do Programa é a Unidade Integrada de Saúde da Família (UISF) do bairro do Grotão, João Pessoa, que favorece a integração ensino-serviço-comunidade e atua em ações conjuntas de promoção e educação permanente em saúde.  Visando o fortalecimento do vínculo e a participação nas decisões do coletivo, os extensionistas do programa participam semanalmente das reuniões de planejamento da UISF. Nesse sentido, a partir de uma necessidade dos profissionais que atendem usuários com a Doença de Alzheimer, bem como a fim de dar visibilidade ao dia mundial da Doença de Alzheimer (21 de setembro) foi proposta a construção de uma oficina de sensibilização sobre o tema. Os extensionistas se reuniram previamente e traçaram o roteiro da oficina que consistia em: dinâmica de apresentação inicial, dinâmica integrativa com o intuito de fomentar a importância do trabalho em equipe, apresentação teatral de situações cotidianas de uma família que cuida de um portador da doença e por último a apresentação de um documentário produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) intitulado “Alzheimer: mudanças na comunicação e no comportamento” que tem duração de 26 minutos e possui como objetivo esclarecer algumas das incertezas que cercam os familiares durante a evolução da doença através de informações básicas sobre mudanças na comunicação e no comportamento, que são os fatores de maior impacto e desestruturação na família. Durante a oficina, os participantes organizaram-se em uma roda e ao término do documentário foi aberto um espaço para reflexão, relatos de experiências e esclarecimento de dúvidas acerca da doença com uma mestranda pesquisadora na área de memória. Por fim, foi oferecido um lanche coletivo aos presentes.   RESULTADOS E DISCUSSÕES: A oficina possibilitou uma visão ampliada dos impactos funcionais e sociais da Doença de Alzheimer e da importância das orientações aos familiares e cuidadores de pessoas com esta patologia. Foi ressaltado também que através da observação de situações do cotidiano do paciente, como por exemplo, esquecer o caminho de volta para residência, é possível identificar os sintomas iniciais e desenvolver soluções simples para melhorar a segurança e a qualidade de vida do sujeito como o uso de um colar que o identifique, contendo o telefone de contato da família caso ele se perca. O protagonismo estudantil foi um dos principais resultados da experiência, afinal, cada extensionista pode participar de forma ativa da construção e execução da oficina, vivenciando a importância do trabalho em equipe, elemento fundamental para o êxito das relações na Atenção Primária à Saúde. Finalmente, é através de experiências reais no contexto do trabalho em saúde que o estudante consegue construir os moldes do seu futuro perfil profissional de forma humanizada e sensível às necessidades da população.   CONSIDERAÇÕES FINAIS: A oficina consistiu um importante instrumento para a formação crítico-reflexiva dos atores envolvidos no processo, pois estimulou a elaboração conjunta de melhorias e iniciativas promotoras de impactos positivos na qualidade de vida do usuário do Sistema Único de Saúde com Alzheimer, evidenciando o papel importante do profissional e da família no cuidado destes pacientes . A educação popular, norteadora das práticas coletivas do programa foi uma ferramenta fundamental para aproximação da temática à realidade da Atenção Primária à Saúde brasileira. Além disso, a experiência possibilitou aos estudantes uma maior compreensão da relevância das ações de promoção e educação permanente em saúde no âmbito da Estratégia de Saúde da Família.

Palavras-chave


educação popular, Alzheimer e idoso.