Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL COM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR COMO FERRAMENTA DE TRABALHO PREVENTIVO NA ATENÇÃO BÁSICA
Flávia Gilda Zanetti, Vera Lucia Kodjaoglanian

Última alteração: 2015-12-01

Resumo


Educação nutricional com crianças em idade escolar como ferramenta de trabalho preventivo na Atenção básica Flávia Gilda Zanetti APRESENTAÇÃO: Com a elevação da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, nota-se uma maior preocupação com a alimentação, com isto a educação nutricional voltada às crianças tem sido muito valorizada, uma vez que estão aptas a aprender rapidamente e aceitar uma grande variedade de alimentos, quando estimuladas. O comportamento alimentar de um indivíduo tem suas bases fixadas na infância, transmitidas pela família e sustentadas por tradições, por isto a participação e a cooperação dos pais neste processo é fundamental, para que os mesmos compreendam as consequências dos distúrbios alimentares identificados na infância e suas causam negativas na saúde das crianças. A infância é um período de intenso desenvolvimento físico e intelectual, marcado por um gradual crescimento da altura, ganho de peso e desenvolvimento psicológico. A alimentação inadequada nessa fase da vida pode ocasionar déficits no desenvolvimento físico e cerebral trazendo inúmeros prejuízos a saúde desta criança. Hábitos alimentares inadequado proporcionam deficiências crônicas de vitaminas e minerais (principalmente ferro, vitamina A e iodo), cerca de 1/3 das pessoas não atinge seu potencial em desenvolvimento intelectual e de crescimento. Em casos graves, essas deficiências podem resultar em cretinismo, cegueira, anemia, comprometimento do desenvolvimento imunológico, dentre outras doenças e incapacidades A intervenção, da educação nutricional, em um estágio precoce, previne doenças, promove uma vida mais saudável, com tudo possibilita um desenvolvimento adequado físico e psicológico a esses indivíduos. A alimentação e nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano com qualidade de vida e cidadania. A necessidade de maior cuidado em relação à alimentação de crianças em fase escolar decorre principalmente do fato de nessa fase da vida ocorrer à incorporação de novos hábitos alimentares, implicando o conhecimento de novos sabores, texturas e cores, experiências sensoriais que influenciarão diretamente o padrão alimentar a ser adotado pela criança. Possivelmente a  implantação de atividades de educação nutricional nas escolas, possibilitará às crianças a obtenção de conhecimentos básicos sobre alimentação e nutrição e incentivando assim uma melhor aceitação dos alimentos, proporcionando um comportamento alimentar, condizente com a saúde. O processo de Educação Nutricional é importante para despertar no individuo o interesse pela alteração de seus hábitos alimentares, levando em consideração suas crenças, sua cultura e seus costumes. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Esta pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2012 a 2014 no município de Bodoquena/MS, decorreu-se através  de ações em quatro escolas municipal e um centro de educação infantil da rede municipal de ensino, envolvendo anualmente 1.230  crianças com idade de 3 a 15 anos, as cozinheiras das unidades escolares e os pais destes alunos. As ações iniciaram-se através de reuniões com os pais dos alunos do para apresentar o projeto aos pais e explicar os benefícios de uma alimentação saudável no processo desenvolvimento de seus filhos e os reflexos dessas mudanças em seu convívio familiar. A segunda etapa do trabalho foi desenvolvida com as cozinheiras e auxiliares de cozinha da unidade escolar selecionada, mostrando-as a importância de um controle de qualidade rigoroso das refeições oferecidas e os benefícios de incentivar os alunos a proporcionarem seus alimentos sozinhos, do modo self-service proporcionando um aprendizado de caráter permanente. E a terceira etapa das ações contemplou avaliação nutricional dos alunos, aplicação do teste de aceitabilidade da alimentação escolar, através da escala hedônica (Resolução FNDE/CD N° 32, 10 de agosto de 2006) e ainda à realização de palestras e teatros com os alunos com intuito de incentivar a alimentação saudável dessas crianças em fase escolar, refletindo no cotidiano de seus familiares normalmente portadores de alguma patologia de caráter nutricional. Foram solicitados aos alunos que todos realizassem um desenho ou uma redação para demonstrar o que entenderam sobre alimentação saudável.  Para a realização de uma fundamentação teórica foi desenvolvido uma revisão bibliográfica, utilizando livros e artigos científicos publicados em Português, de 1985 até o presente ano. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Após a realização das atividades da pesquisa foi exposto no mural da escola o cardápio proposto para a Alimentação Escolar e notou-se uma postura de maior interesse dos familiares dos alunos em relação ao acompanhamento do cardápio e maior solicitação de informações as merendeiras. Em relação às merendeiras notou-se maior valorização destes profissionais no ambiente escolar, além de maior comprometimento das  mesmas em orientar os alunos no momento do porcionamento das refeições. A pesquisa buscou explorar a valorização e a importância deste profissional nas atividades escolares. Verificou-se através dos desenhos desenvolvidos pelos alunos, uma boa compreensão sobre hábitos alimentares saudáveis discutidos nas palestras e teatros. Os desenhos ficaram expostos em sala de aula e debatidos em conteúdo programático, com auxílios dos professores. O teste de aceitabilidade da Alimentação Escolar foi realizado conforme orientado  manual para aplicação dos testes de aceitabilidade no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE e identificou que no ano de 2012, 83% respondeu que adora e/ou gosta das preparações e apenas 3% detesta. Em 2013 houve um aumento nos percentuais na opção de adora e/ou gosta das preparações sendo 89% e mantendo 3% entre os escolares a opção de detesta. E em 2014 obteve 84% na opção adora e/ou gosta das preparações e mantendo 3% na opção de detesta. Concluindo uma boa aceitação da alimentação escolar entre os alunos. Na comparação entre os anos pesquisados avaliação nutricional dos alunos, segundo a classificação da WHO, 2007, notou-se maior percentual de alunos dentro da faixa de peso adequado, sendo no ano de 2012  64%, 2013 70% e 2014 70%. Os valores encontrados de alunos com baixo peso foram de 8% no ano de 2012, 6% em 2013 e 6,5% em 2014. E em relação aos alunos com excesso de peso, observou-se uma redução gradativa no percentual, em 2012 28% , 2013 24% e 2014 23,40%. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A escola é uma importante janela de prevenção às doenças crônicas não transmissíveis. A formação dos padrões alimentares das crianças depende principalmente da orientação dos pais e da escola, que devem atentar para a importância de consumir alimentos saudáveis e também oferecer esses alimentos a criança. Notou-se que as atividades desenvolvidas neste estudo proporcionaram aos alunos novos conhecimentos sobre alimentação dentro do ambiente escolar, refletindo em seus hábitos alimentares. Os alunos foram observados durante uma semana no momento que consomem a merenda escolar e notou-se a redução do consumo de balas e refrigerantes adquiridos fora do ambiente escolar, além do aumento do consumo de verduras e também a cobrança desse hábito entre os próprios alunos. Portanto pode se concluir que há necessidade de se reforçar as orientações nutricionais no ambiente escolar com os alunos e seus familiares, bem como maiores explicações sobre a importância das modificações nos hábitos alimentares inadequados. O processo periódico de educação e o aconselhamento nutricional tornam-se indispensáveis para se alcançar melhores índices de adesão sobre hábitos alimentares saudáveis, contribuindo assim para melhoria da saúde, qualidade de vida desses alunos em sua fase escolar, refletindo no cotidiano de seus familiares com intuito de prevenir do aparecimento de doenças de caráter nutricional ou retardar as complicações da doença já existente.   

Palavras-chave


Educação nutricional, Alimentação saudável e Alimentação escolar.

Referências


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