Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ACERCA DA AIDS ENTRE ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA
JÉSSICA FREIRE RANGEL, PATRICIA ALENCAR DUTRA, ANNA JESSYCA ANDRADE LACERDA, PRISCILA DE VASCONCELOS MONTEIRO, MARIA LUCIA DUARTE PEREIRA, ANA CAROLINE LIMA VASCONCELOS

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: As doenças sexualmente transmissíveis (DST´s) e a AIDS são problemas que deram destaque aos adolescentes no campo da saúde. A adolescência é uma fase da vida, em geral, saudável e o exercício da sexualidade é frequentemente se inicia nesta idade tem tido consequências para as quais é necessário um olhar mais cuidadoso (TAQUETTE et al, 2011). As representações sociais (RS) fornecem elementos de caracterização de como grupos de pessoas pensam e agem diante de um fenômeno. Reconhecer os elementos que constituem das representações a respeito da AIDSfornece pistas sobre as cognições que se relacionam com os comportamentos perante a doença (NATIVIDADE, CAMARGO, 2011). Entende-se nesse sentido que o adolescente atribui ao HIV/AIDS posturas de maior ou menor autocuidado na saúde ou de adesão às práticas de prevenção. Logo o objetivo do presente estudo é identificar as RS da AIDS entre estudantes ensino médio de uma escola pública. Desenvolvimento do estudo: Participaram da pesquisa 84 estudantes do ensino médio de uma escola pública da região nordeste do Brasil, com idades entre 13 e 22 anos, sendo 62% do sexo feminino e 38% do sexo masculino. Para a coleta dos dados foi utilizada a técnica de associação livre de palavras (TALP) antes (pré-teste) e depois (pós-teste) das intervenções, sendo utilizado o estímulo indutor “AIDS”. As ações abordaram temas relacionados àAIDS, como se pega e como se protege contra ela; sobre os outros tipos de DST´s; ciclo menstrual; preservativos e métodos. Os dados do questionário com o teste de associação livre de palavras foram organizados em um banco de dados e processados no software Ensembledeprogrammespermettantl'analysedesevocations (EVOC) para a obtenção do quadro de quatro casas e identificação dos elementos estruturais da representação social (VERGÈS, 1999). Após obtenção de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual do Ceará (Protocolo nº 1.050.064/2015), contatou-se a escola, solicitou-se autorização para os pais dos menores de 18 anos de idade e agendaram-se os momentos de coleta de dados com todos aqueles que consentiram participar. Resultados e/ou Impactos O intuito de pedir que os participantes preenchessem o talp antes da intervenção foi entender qual termo introdutor a AIDS vem à mente deles de acordo com seu conhecimento prévio. No quadro de quatro casas resultante do pré-teste, observou-se os termos ´doença´, 136 vezes, e "sexo", 71 vezes, no quadrante superior esquerdo, compondo o núcleo central da representação por terem maior importância atribuída e uma frequência mais elevada. O ponto de corte definido foi uma frequência alta e Rang menor que 2,5. Na primeira periferia ou quadrante superior direito, encontraram-se os termos "morte", 52 vezes, "camisinha", 33 vezes e "medo" 26 vezes. Os termos que a compõem se organizam ao redor do núcleo central, pois guardam relação com os elementos "doença" e "sexo". Na segunda periferia ou quadrante inferior esquerdo, a única palavra foi "doenças" com uma frequência de oito vezes. Por fim, no quadrante inferior direito, os elementos de contraste são aqueles com menor frequência e rang elevado. As palavras mais repetidas foram "cura", 9 vezes; e "depressão", "descuido", "sangue" e "transmissão", 8 vezes cada uma. A seguir, foram realizadas as intervenções e optou-se em retornar a escola para aplicar o talp como um pós-teste. O intuito de pedir que os participantes preenchessem o talp depois da intervenção foi identificar o conhecimento adquirido por eles a partir do conteúdo abordado. Com isso, obtemos no núcleo central do pós-teste as palavras ´doença´, ´doenças´ e ´sexo´. Já no quadrante superior direito, a palavra de maior frequênciafoi ´morte´, 29 vezes. No quadrante inferior esquerdo a palavra ´DST´9 vezes; e no quadrante inferior direito as palavras "cuidados" e "medo" 8 vezes cada uma. Ao que foi percebido nos núcleos centrais de ambos os testes, a palavra ´doença´ e ´sexo´ no pré-teste, relacionada aquela com a AIDS e está com uma das formas de transmissão da AIDS. No pós-teste foi incluído a palavra ´doenças´, relacionando a AIDS ao aparecimento das doenças oportunistas em detrimento do sistema imunológico e de práticas não saudáveis. As palavras ´doença´ e ´doenças´ não foram homogeneizadas por apresentarem contextos diferenciados. Na primeira periferia, observou-se que as palavras tiveram uma semelhança, pois o pré-teste apresentou as palavras ´morte´, ´camisinha´ e "medo"; e o pós-teste apresentou como palavra morte com a maior frequência. Entende-se que a ´morte´ é a palavra de maior frequência por ainda ser considerada como a principal consequência esperada pela AIDS, não desaparecendo após as intervenções educativas. O "medo" mostra o que os jovens ainda sentem em relação à doença, evidenciando a presença de sentimento negativo pela doença, mas ficando evidente que após as intervenções administradas na escola a palavra sumiu do quadro do pós-teste, diminuindo esse sentimento. A ´camisinha´ aparece no pré-teste por ser conhecida pelos jovens como a principal forma de evitar a doença. Na segunda periferia, o pré-teste pôde apresentar apenas a palavra ´doenças´, sendo mostrado o agravante de que foi uma palavra pouco lembrada ou influente diante dos jovens antes das intervenções. Percebeu-se que esta palavra tornou-se núcleo central do pós-teste. Já no pós-teste, apareceu apenas à sigla DST, por associar essa palavra a AIDS como uma doença sexualmente transmissível (DST) e a relacioná-la também com o aparecimento das outras doenças transmitidas sexualmente. Os elementos de contraste encontrados não obtiveram relação, por todas as palavras serem diferenciadas. No pré-teste, pode-se relacionar que "cura" teve maior frequência pela presença de sentimento positivo pela doença e pelos jovens acharem que a doença pode ser curada, porém essas respostas estão de acordo com não vivenciadas intervenções. A "depressão" aparece como um fator agravante e limitante para as pessoas que vivem com a doença e/ou que não aceitam sua condição. A palavra ´sangue´ é conhecida por ser a principal via de transmissão da doença; e a ´transmissão´ abrange como a doença chega à pessoa. O pós-teste traz como caracterização as palavras "cuidados" e "medo", estas podem demonstrar que a partir das intervenções os jovens aprenderam que existe a necessidade de cuidados para não contrair a doença e em relação à doença propriamente dita, mas ainda existe a presença do medo diante das ações relacionadas a adquirir a enfermidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A adolescência é um período que se concentra a maioria dos casos de DST´s e é nela que se deve propiciar a maior quantidade possível de informações a respeito do tema (THEOBALD et al, 2012). Portanto, é uma fase se transição que necessita de uma atenção especializada principalmente ao que se refere à saúde sexual e reprodutiva. No que se refere aos conhecimentos gerais relacionados às DST´s, podemos observar que esse tema não é totalmente desconhecido pelos adolescentes deste estudo. Contudo o conhecimento e desconhecimento se mesclam nas questões analisadas. Diante disso, é possível observar a importância da aproximação do profissional de saúde em locais de presença significante de adolescentes, para assim, ajudá-los e instruí-los em certas situações como a vítima de violência sexual. Portanto, as intervenções implementadas, além de terem trazido ganhos nos conhecimentos e atitudes dos jovens sobre DST/HIV/aids, apontaram fragilidades que precisam ser mais bem manejadas, com intervenções mais duradouras e focadas em suas necessidades. 

Palavras-chave


(AIDS; ADOLESCENTES; REPRESENTAÇÃO SOCIAL)

Referências


Natividade, J.C; Camargo, B.V.Representações sociais, conhecimento científico e fontes de informação sobre aids.Paidéia (Ribeirão Preto) vol.21 no.49 Ribeirão Preto May/Aug. 2011

TAQUETTE et al. A epidemia de AIDS em adolescentes de 13 a 19 anos, no município do Rio de Janeiro: descrição espaço-temporal.Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.44 no.4 Uberaba July/Aug. 2011

THEOBALD et al. A universidade inserida na comunidade: conhecimentos, atitudes e comportamentos de adolescentes de uma escola pública frente a doenças sexualmente transmissíveis.Rev AMRIGS, Porto Alegre, 56 (1): 26-31, jan.-mar. 2012

VERGÈS, P. Ensemble de programmespermettantl’analyse des evocations: manuel version 2. Aix-en-Provence: LAMES, 1999