Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
EDUCAÇÃO PERMANENTE COMO FERRAMENTA POTENCIALIZADORA DO CONSTANTE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL EM UM HOSPITAL DE ENSINO
Gabriel Noleto Rocha do Nascimento, Jessica Dias Ferreira, Maria Luiza de Oliveira Silveira, Lennon Rodrigues da Silva, Alessandra Emidio de Carvalho, Dayane dos Santos Souza, Carla Gabriela Wunsch, Carla Rafaela Teixeira Cunha

Última alteração: 2015-12-08

Resumo


INTRODUÇÃO: Educação permanente consiste num processo contínuo de ensino-aprendizagem que visa além da potencializar a capacidade técnica específica do sujeito, a aquisição de novos conhecimentos conceitos e atitudes (¹), dessa forma, configura-se em uma ferramenta fundamental para a concepção de um serviço que se aproxime cada vez mais dos ideais do Sistema Único de Saúde (SUS) por possibilitar uma integração da assistência com o ensino, pautada nas necessidades da população, fazendo com que a instituição cumpra o papel de formadora para o SUS (²), ou seja, é uma proposta que permite articular gestão, atenção e formação para o enfrentamento das demandas reais de uma equipe de saúde, dentro do seu território de atuação, fomentando uma reorientação das estratégias e modos de cuidar, tratar e acompanhar a saúde individual e coletiva (³), haja vista que os desafios da sociedade contemporânea, cada vez mais exigente, tornam frequente o surgimento de novos desafios e, consequentemente, demandam maior e constante aprofundamento no conhecimento sobre o papel das inovações, uma vez que os serviços de saúde são os principais responsáveis pela dinamização dessas relações, articulando a base produtiva ao processo de inovação. Tal processo se intensifica no âmbito dos serviços hospitalares por reunirem recursos mais especializados, além de modernas e densas tecnologias (4). Sendo assim, o Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso com Ênfase em Atenção Cardiovascular (PRIMSCAV) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tem assumido um importante papel na potencialização dessa ferramenta dentro de um Hospital de Ensino de Cuiabá ao programar ações de Educações Permanentes com as equipes em cada campo de prática, estabelecendo uma relação significativa com os enfermeiros preceptores, tanto na prática assistencial quanto nas produções científicas. Dessa forma, além de planejar e executar ações educativas frente a problemas vivenciados na prática assistencial, orientando as equipes e discutindo possibilidades de enfrentamento, possibilita a visibilidade da atuação dos residentes em conjunto com os preceptores e atendendo a um dos princípios dessa modalidade de pós-graduação, que é o trabalho em equipe. Objetivo: Relatar a experiência de residentes na implementação de atividades de educação de um Hospital de Ensino em Cuiabá – Mato Grosso. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência das atividades de um enfermeiro residente em uma das clínicas de um Hospital Universitário de Cuiabá – Mato Grosso. Foram abordados os temas Cuidados de Enfermagem com Flebite e Balanço Hídrico. A estratégia utilizada para abordar os temas foi a Roda de Conversa, por ser um método dialógico que possibilita participação ativa, a partir da riqueza de cada um sobre o assunto (5). As atividades foram realizadas no mês de agosto de 2015. Posteriormente, foi aplicado um instrumento para avaliação das abordagens. Resultados: Participaram das ações duas equipes que atuam nos períodos matutino e vespertino, totalizando 22 pessoas, entre essas, 14 técnicos de enfermagem, 4 enfermeiros, 1 psicóloga e 3 enfermeiras residentes. Os resultados apontam que a Educação Permanente é uma ferramenta fundamental para transformação e aprimoramento das práticas profissionais bem como da organização do trabalho, pois, contextualiza as reais necessidades do serviço de saúde, tanto na perspectiva assistencial quanto administrativa, parte da identificação das dificuldades propondo soluções em conjunto e, dessa forma, favorece a atualização constante dos recursos humanos dentro do seu ambiente de trabalho, isso se evidenciou no cotidiano das equipes posteriormente a realização das ações, uma vez que foi observado um maior cuidado na prevenção dos agravos abordados, bem como na identificação inicial de problemas, favorecendo uma comunicação entre a equipe na resolução destes. Sendo assim, as equipes alvo da ação, reconhecendo esse papel, tiveram participação ativa nessa construção coletiva do conhecimento, pois, interromperam suas atividades de rotina e colaboraram com suas experiências, colocando seus conhecimentos prévios em discussão, além disso, vêm demonstrando interesse e identificando as necessidades de aprendizagem, trazendo para a equipe novas propostas de abordagem. É importante considerar que, quando executada por residentes, gera autonomia, tornando-os também enfermeiros referência dentro da equipe de enfermagem, o que se torna uma experiência extremamente relevante por apurar o perfil de liderança necessário para gerir a equipe e cuidado. De acordo com o instrumento de avaliação, 100% avaliaram a realização de educações permanentes como “ótima”; 95,45% aprovaram a estratégia utilizada para as abordagens como “ótima” e 4,55% consideraram “boa”; 100% responderam que as abordagens acrescentaram algo novo no seu conhecimento. Todos os participantes deixaram sugestões de novos temas que estão sendo estudados pelos preceptores para futuras discussões. Dessa forma, considerando a avaliação, é motivador para nós residentes, enquanto profissionais em formação, termos essa receptividade diante das atividades que propusemos, reconhecendo a prática pedagógica com metodologias ativas, como proposta da Política de Educação Permanente em Saúde, sendo um desafio para todos que atuam no SUS, exigindo mudanças institucionais, profissionais e pessoais difíceis, lentas, conflituosas e complexas. CONCLUSÃO: Portanto, é evidente a responsabilidade do profissional enfermeiro como líder da equipe de enfermagem, gestor das unidades e preceptores de um hospital de ensino, no qual a disponibilidade de profissionais capacitados se faz indispensável para a produção e qualidade do conhecimento, que deve ser construído e aplicado conforme a gama complexa de demandas trazidas por usuários e acadêmicos. Sendo assim, a parceria nas produções oriundas dos resultados das atividades implementadas por seus supervisionados, é uma maneira de demonstrar o comprometimento com o processo ensino-aprendizagem e, dessa forma, contribuir para uma cultura organizacional de incumbência compartilhada entre equipes e instituição. Convém lembrar que o significado e o cuidado devem estar presentes nos processos educativos para os profissionais de saúde tem um sentido de que o ideal de profissional que queremos para o nosso sistema de saúde pode ser atingido se reconhecermos as necessidades e o poder criativo de cada um, ouvir o que cada um tem para dizer e refletir sobre a prática assistencial inicialmente cheia de valores e de significados, os quais, muitas vezes se perdem pelo caminho. É necessário recuperar tais valores em nossos espaços de trabalho, nos centros formadores e nas universidades, pois, as frequentes inovações no setor saúde exigem profissionais constantemente atualizados para atender as demandas de uma clientela cada dia mais exigentes.

Palavras-chave


Educação em Enfermagem, Educação Continuada, Hospitais de Ensino

Referências


  1. Jesus MCP et. al. Educação permanente em enfermagem em um hospital universitário. Ver Esc Eferm USP. 2011; 45(5):1229-36.
  2. Bezerra ALQ et. al. O processo de educação continuada na visão de enfermeiros de um hospital universitário. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2012; 14(3):618-25.
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS: caminhos para a Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
  4. Barbosa PR, Gadelha CAG. O papel dos hospitais na dinâmica de inovações em saúde. Rev Saúde Publica. 2012;46(Supl): 68-75.
  5. Melo MCH, Cruz GC. Roda de conversa: uma proposta metodológica para a construção de um espaço de diálogo no ensino médio. Imagens da Educação. 2014; 2(4):31-9.