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REPRESENTAÇÕES SAOCIAIS ACERCA DA AIDS ENTRE ADOLESCENTES NO AMBIENTE ESCOLAR
Última alteração: 2015-11-03
Resumo
APRESENTAÇÃO: As doenças sexualmente transmissíveis (DST´s) e a AIDS são problemas que deram destaque aos adolescentes no campo da saúde. A adolescência é uma fase da vida, em geral, saudável e o exercício da sexualidade é frequentemente se inicia nesta idade tem tido consequências para as quais é necessário um olhar mais cuidadoso (TAQUETTE et al, 2011). As representações sociais (RS) fornecem elementos de caracterização de como grupos de pessoas pensam e agem diante de um fenômeno. Reconhecer os elementos que constituem das representações a respeito da AIDSfornece pistas sobre as cognições que se relacionam com os comportamentos perante a doença (NATIVIDADE, CAMARGO, 2011). Entende-se nesse sentido que o adolescente atribui ao HIV/AIDS posturas de maior ou menor autocuidado na saúde ou de adesão às práticas de prevenção. Logo o objetivo do presente estudo é identificar as RS da AIDS entre estudantes ensino médio de uma escola pública. Desenvolvimento do estudo: Participaram da pesquisa 84 estudantes do ensino médio de uma escola pública da região nordeste do Brasil, com idades entre 13 e 22 anos, sendo 62% do sexo feminino e 38% do sexo masculino. Para a coleta dos dados foi utilizada a técnica de associação livre de palavras (TALP) antes (pré-teste) e depois (pós-teste) das intervenções, sendo utilizado o estímulo indutor “AIDS”. As ações abordaram temas relacionados àAIDS, como se pega e como se protege contra ela; sobre os outros tipos de DST´s; ciclo menstrual; preservativos e métodos. Os dados do questionário com o teste de associação livre de palavras foram organizados em um banco de dados e processados no softwareEnsembledeprogrammespermettantl'analysedesevocations (EVOC) para a obtenção do quadro de quatro casas e identificação dos elementos estruturais da representação social (VERGÈS, 1999). Após obtenção de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual do Ceará (Protocolo nº 1.050.064/2015), contatou-se a escola, solicitou-se autorização para os pais dos menores de 18 anos de idade e agendaram-se os momentos de coleta de dados com todos aqueles que consentiram participar. Resultados e/ou Impactos O intuito de pedir que os participantes preenchessem o talp antes da intervenção foi entender qual termo introdutor a AIDS vem à mente deles de acordo com seu conhecimento prévio. No quadro de quatro casas resultante do pré-teste, observou-se os termos "doença", 136 vezes, e "sexo", 71 vezes, no quadrante superior esquerdo, compondo o núcleo central da representação por terem maior importância atribuída e uma frequência mais elevada. O ponto de corte definido foi uma frequência alta e Rang menor que 2,5. Na primeira periferia ou quadrante superior direito, encontraram-se os termos "morte", 52 vezes, "camisinha", 33 vezes e "medo" 26 vezes. Os termos que a compõem se organizam ao redor do núcleo central, pois guardam relação com os elementos "doença" e "sexo". Na segunda periferia ou quadrante inferior esquerdo, a única palavra foi ´doenças´ com uma frequência de 8 vezes. Por fim, no quadrante inferior direito, os elementos de contraste são aqueles com menor frequência e rang elevado. As palavras mais repetidas foram "cura", 9 vezes; e "depressão", ´descuido´, ´sangue´ e ´transmissão´, 8 vezes cada uma. A seguir, foram realizadas as intervenções e optou-se em retornar a escola para aplicar o talp como um pós-teste. O intuito de pedir que os participantes preenchessem o talp depois da intervenção foi identificar o conhecimento adquirido por eles a partir do conteúdo abordado. Com isso, obtemos no núcleo central do pós-teste as palavras ´doença´, ´doenças´ e ´sexo´. Já no quadrante superior direito, a palavra de maior frequênciafoi ´morte´, 29 vezes. No quadrante inferior esquerdo a palavra ´DST´9 vezes; e no quadrante inferior direito as palavras "cuidados" e "medo" 8 vezes cada uma. Ao que foi percebido nos núcleos centrais de ambos os testes, a palavra ´doença´ e ´sexo´ no pré-teste, relacionada aquela com a AIDS e está com uma das forma de transmissão da aids. No pós-teste foi incluído a palavra ´doenças´, relacionando a AIDS ao aparecimento das doenças oportunistas em detrimento do sistema imunológico e de práticas não saudáveis. As palavras ´doença´ e ´doenças´ não foram homogeneizadas por apresentarem contextos diferenciados. Na primeira periferia, observou-se que as palavras tiveram uma semelhança, pois o pré-teste apresentou as palavras ´morte´, ´camisinha´ e "medo"; e o pós-teste apresentou como palavra morte com a maior frequência. Entende-se que a ´morte´ é a palavra de maior frequência por ainda ser considerada como a principal consequência esperada pela AIDS, não desaparecendo após as intervenções educativas. O "medo" mostra o que os jovens ainda sentem em relação a doença, evidenciando a presença de sentimento negativo pela doença, mas ficando evidente que após as intervenções administradas na escola a palavra sumiu do quadro do pós-teste, diminuindo esse sentimento. A ´camisinha´ aparece no pré-teste por ser conhecidapelos jovens como a principal forma de evitar a doença. Na segunda periferia, o pré-teste pôde apresentar apenas a palavra ´doenças´, sendo mostrado o agravante de que foi uma palavra pouco lembrada ou influente diante dos jovens antes das intervenções. Percebeu-se que esta palavra tornou-se núcleo central do pós-teste. Já no pós-teste, apareceu apenas à sigla DST, por associar essa palavra a AIDS como uma doença sexualmente transmissível (DST) e a relacioná-la também com o aparecimento das outras doenças transmitidas sexualmente. Os elementos de contraste encontrados não obtiveram relação, por todas as palavras serem diferenciadas. No pré-teste, pode-se relacionar que "cura" teve maior frequência pela presença de sentimento positivo pela doença e pelos jovens acharem que a doença pode ser curada, porém essas respostas estão de acordo com não vivenciadas intervenções. A "depressão" aparece como um fator agravante e limitante para as pessoas que vivem com a doença e/ou que não aceitam sua condição. A palavra ´sangue´ é conhecida por ser a principal via de transmissão da doença; e a ´transmissão´ abrange como a doença chega a pessoa. O pós-teste traz como caracterização as palavras "cuidados" e "medo", estas podem demonstrar que a partir das intervenções os jovens aprenderam que existe a necessidade de cuidados para não contrair a doença e em relação a doença propriamente dita, mas ainda existe a presença do medo diante das ações relacionadas a adquirir a enfermidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A adolescência é um período que se concentra a maioria dos casos de DST´s e é nela que se deve propiciar a maior quantidade possível de informações a respeito do tema (THEOBALD et al, 2012). Portanto é uma fase se transição que necessita de uma atenção especializada principalmente ao que se refere à saúde sexual e reprodutiva. No que se refere aos conhecimentos gerais relacionados às DST´s, podemos observar que esse tema não é totalmente desconhecido pelos adolescentes deste estudo. Contudo o conhecimento e desconhecimento se mesclam nas questões analisadas. Diante disso, é possível observar a importância da aproximação do profissional de saúde em locais de presença significante de adolescentes, para assim, ajudá-los e instruí-los em certas situações como a vítima de violência sexual.Portanto, as intervenções implementadas, além de terem trazido ganhos nos conhecimentos e atitudes dos jovens sobre DST/HIV/aids, apontaram fragilidades que precisam ser melhor manejadas, com intervenções mais duradouras e focadas em suas necessidades.
Palavras-chave
(AIDS, ADOLESCENTES, REPRESENTAÇÃO SOCIAL)
Referências
Natividade, J.C; Camargo, B.V.Representações sociais, conhecimento científico e fontes de informação sobre aids.Paidéia (Ribeirão Preto) vol.21 no.49 Ribeirão Preto May/Aug. 2011
TAQUETTE et al. A epidemia de AIDS em adolescentes de 13 a 19 anos, no município do Rio de Janeiro: descrição espaço-temporal.Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.44 no.4 Uberaba July/Aug. 2011
THEOBALD et al. A universidade inserida na comunidade: conhecimentos, atitudes e comportamentos de adolescentes de uma escola pública frente a doenças sexualmente transmissíveis.Rev AMRIGS, Porto Alegre, 56 (1): 26-31, jan.-mar. 2012
VERGÈS, P. Ensemble de programmespermettantl’analyse des evocations: manuel version 2. Aix-en-Provence: LAMES, 1999