Tamanho da fonte: 

Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de estágio em Serviço Social no período de setembro de 2014 a fevereiro de 2015, realizado no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), único hospital psiquiátrico público no estado do Ceará. Esse dispõe de serviços ambulatoriais, internação psiquiátrica, pronto-atendimento, hospital-dia, residência em psiquiatria dentre outros. O estágio em serviço social é regulamentado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e possui uma normatização produzida pela categoria profissional, em 2009, sobre a coordenação da Associação Brasileira de Ensino e pesquisa em Serviço Social (ABEPSS). Assim, faz-se importante enfatizar o campo de estágio como espaço de formação, entendendo como primeira aproximação com o exercício profissional. Esse momento é considerado de extrema relevância para o processo de ensino-aprendizagem da prática profissional e análise das diversas refrações da questão social inserida no espaço sócio ocupacional do Assistente Social (AS). O campo da saúde mental é um importante espaço de atuação do AS como integrante da equipe interdisciplinar. No lócus supracitado, o estágio foi formalizado em 2013, recebendo estagiários das Instituições de Ensino Superior conveniadas com a Secretaria de Saúde do estado do Ceará (SESA) a partir de 2014. Mesmo com os avanços da lei de reforma psiquiátrica, em 2001, principalmente com a propostas de substituição dos hospitais psiquiátricos pela implementação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) apresentando muitas dificuldades na execução, devido à insuficiência e fragilidade da rede de Atenção Psicossocial. A ausência de profissionais nos CAPS, a falta de medicamentos básicos para o tratamento dos pacientes compromete a integralidade de assistência à saúde.  Desta forma, há uma sobrecarga nos hospitais psiquiátricos e sofrimento para as famílias e usuários dos serviços. A experiência de estágio em hospital psiquiátrico apresenta um leque de reflexões acerca das diversas refrações da questão social. Além de todo histórico de estigma que as pessoas com deficiência mental sofrem, o abandono familiar é significativo através da perda dos vínculos afetivos. Nesse sentido, muitos elementos instigam pesquisas sobre a política de saúde mental e as particularidades do contexto familiar, econômico e social dos usuários da saúde mental. A grande dinamicidade nas Instituições, com poucos profissionais, muitos com vínculos precários de trabalho, implica diretamente na qualidade da supervisão e compromete a troca de conhecimentos entre estagiários e supervisores.  Nesse contexto é necessária a valorização dos profissionais, através de melhorias dos vínculos de trabalho para que seja garantida a qualidade na realização do estágio e em parceria com o estagiário e Instituições de ensino Superior (IES) fomentar estudos, pesquisas que contribuam para reflexão e alcance da práxis transformadora no contexto em que os direitos conquistados na sociedade brasileira sofrem severas ameaças. Levando em consideração os aspectos mencionados é imprescindível a valorização e o fortalecimento do estágio como processo de construção e desenvolvimento do profissional que atuará na perspectiva da garantia dos direitos desenvolvendo competências teóricas- metodológica, técnico-operativas e éticas- político, comprometida com os usuários.

Saúde Mental; Estágio Curricular;Formação Profissional