Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ITABUNA – BA: a experiência do PRO/PET/SAÚDE/GESTÃO em uma UBS
SORAYA DANTAS SANTAIGO DOS ANJOS
Última alteração: 2015-11-03
Resumo
Trata-se de um Projeto de Intervenção desenvolvido por discentes/bolsistas dos cursos de enfermagem, docentes tutores e enfermeiros preceptores, inseridos no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PRO/PET/SAÚDE), vinculados da Universidade Estadual de Santa Cruz, (UESC) na linha de pesquisa Gestão em Saúde na atenção primária a saúde (APS), em uma Unidade Básica de Saúde – UBS localizada no Módulo Assistencial IV (Distrito Sanitário), do município de Itabuna – BA no período de 2012-2014, através de três subprojetos, “Rede Viva Saúde Solidária”.A Rede Viva Saúde Solidária atua no movimento de unificação de forças trabalhistas, sociais e individuais para a construção de uma teia de serviços prestados a comunidade, onde trabalhadores da equipe de saúde, usuários do SUS e instrumentos sociais presentes na área de abrangência interajam e promovam o fortalecimento da Atenção Primária em Saúde. Sua construção envolve ações de planejamento, gestão e financiamento para que determinadas populações e grupos de risco possam ser mais bem assistidos. O seu processo de operacionalização envolve a Unidade de Atenção Básica, uma população adscrita e pontos secundários de comunicação, identificados e catalogados através do processo de cartografia. Como campo de intervenção a UBS, se inscreve como espaço em que se desenvolvem um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, abrangendo a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. Sua organização requer o cumprimento dos atributos de acesso, coordenação do cuidado, integralidade e complementaridade. O Sistema municipal de saúde de Itabuna apresenta uma estrutura administrativa e organizacional dividida segundo o conceito de distrito sanitário em módulos assistenciais, quatro (4) territórios (I, II, III, e IV), mantendo ainda, na rede de atenção primária a saúde as Unidades Básicas de Saúde, modelo tradicional, que assumem o papel de referência.No Módulo Assistencial IV, a UBS José Édites, definida como referência em APS, apresentava algumas fragilidades no cumprimento de seu papel, o que despertou na equipe gestora uma inquietação sobre os fatores que dificultavam a sua efetivação como referência e unidade assistencial,e o desafio de promover uma reorganização para qualificar a atenção à saúde. Para tanto, foi inserida no Projeto PRO-PET/SAÚDE/GESTÃO, que inserindo três grupos de alunos/bolsistas, preceptores enfermeiros e sanitaristas da Secretaria Municipal de Saúde, Núcleo de Educação Permanente em Saúde, gerência da UBS de enfermeiros do PACS. Foi realizada a cartografia do sistema local de saúde, no território da UBS eEducação Permanente com a Gerência da UBS de maneira articulada em comunicação transversal. Foram objetivos: Mediar através da cartografia o reconhecimento e a conformação da UBS José Édites no sistema municipal de saúde; caracterizar sua organização para o atendimento à saúde da população adscrita e de abrangência, analisar as informação em saúde produzidos na UBS, caracterizar o modelo de atenção e definir as ações para qualificar a UBS José Édites como referência de módulo e unidade assistencial do PACS.No primeiro momento foram realizadas atividades voltadas para o conhecimento do território, unidade de saúde, sistema de referência e contra referência, fluxos da população, rede de serviços, serviços comunitários, através de oficinas de socialização e discussão com os Agentes Comunitários de Saúde, equipe de enfermagem, pessoal administrativo, recepcionistas, serviços gerais, onde se identificou o baixo conhecimento e interesse por parte desses profissionais quanto ao papel da UBS na conformação da rede de atenção à saúde. Concomitantemente, foi-se cartografando o território, possibilitando o conhecimento das condições de vida da população, os problemas relacionados com o estado de saúde da população e com o sistema de serviços de saúde. Esta vivência permitiu identificar a disparidade entre os instrumentos sociais listados pelos trabalhadores de saúde e a gama de outros serviços sociais presentes na comunidade, mostrando a inexistência de vínculos entre a equipe de saúde atuante na localidade e as redes sociais presentes. Foi possível a construção do mapa físico e dinâmico das microáreas de abrangência para auxiliar no planejamento das ações em saúde, bem como na construção de inter-relações entre Unidade Básica de Saúde e instrumentos sociais atuantes. No segundo momento, após socialização, foram realizadas oficinas para construção de fluxos internos de atendimento, redefinição de oferta das ações de saúde, atualização do sistema de informação da atenção básica – SIAB e posteriormente E-SUS, reunião com representante das Unidades de saúde da família da área para redefinição de referência e contra referência no interior do módulo assistencial IV. Iniciou-se a implantação do Acolhimento como estratégia de ampliação do acesso e humanização, implantação de um espaço tipo brinquedoteca para favorecer a relação mãe-criança-serviço, usuários mais frequentes no serviço de saúde, e reordenamento do fluxo assistencial. Os resultados apontaram para a corresponsabilização dos sujeitos (gestores e trabalhadores) na efetivação da UBS José Édites como referência de módulo e unidade assistencial do PACS; Informatização da UBS José Édites; fortalecimento da rede de atenção à saúde e atuação multiprofissional no cuidado do indivíduo; reordenamento do fluxo de referência e contra referência das UBS do módulo Assistencial IV; reorganização do atendimento as demandas organizadas, reprimida, referenciada, espontânea e de urgências da UBS José Édites; atualização e sistema de Informação da Atenção Básica; e efetivação da UBS José Édites como referência de módulo e unidade assistencial do PACS.O projeto de intervenção revelou a potência do PRO-PET Saúde na formação de sujeitos que vão se implicando com a construção do SUS possibilitado pela articulaçãoensino-serviço-gestão, onde os diversos sujeitos no cenário de prática (UBS José Édites) e também, no espaço da gestão da saúde municipal puderam resignificar práticas, envolver e agenciar desejos na produção de uma nova realidade, expressa em maior envolvimento dos trabalhadores no fazer-saúde, da gestão nos modos de governar e nos usuários no sentido da co-responsabilização e também no despertar do protagonismo de todos papel na qualificação da UBS para qualificação da atenção primária no município em questão.
Palavras-chave
Atenção promaria a saúde, ensino-gestão-formaçãoMinisterio
Referências
1.GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 3.ª ed. São Paulo: Atlas, 1991. 2.BRASIL. Lei n.º 8080, de 19 de setembro de 1990. 3.BRASIL. Lei n.º 8142, de 28 de dezembro de 1990. 4.BRASIL. Portaria N.º 2.488 / GM de 21 de outubro de 2011.
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. / Eugênio Vilaça Mendes. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
PRAMONO, Albertus. Cartografias sociais e território, volume 1, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em UFRJ.
DUARTE, Maria Marize. Cartografia social. Salvador, 2011, disponívl em Congresso Brasileiro de Ciências sociais.
Ministério da Saúde. Humaniza SUS na Atenção Básica, Política Nacional de Humanização. Brasília, 2009, edição única.
MENDES, Eugenio Vilaça. Redes de Atenção á Saúde, Rio de Janeiro, 2007.
Cordeiro, Jocelma C. Redes sociais e Saúde. REDES- Revista hispana para el análisis de redes sociales.Vol.12, Junho de 2007
Catrib PRVM, Oliveira ICS, A cartografia na Enfermagem: Uma Proposta de Abordagem Metodológica, Esc Anna Nery Enferm 2010 abr-jun; 14(2): 399-405.
.