Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
RELATOS DE EXPERIÊNCIA: UM RECORTE DA I EDIÇÃO VER-SUS DF
Ana Carolina Marques Binacett, Ticiana Torres

Última alteração: 2015-12-03

Resumo


APRESENTAÇÃO: Somos alunas de graduação em Saúde Coletiva e Psicologia da Universidade de Brasília - UnB, e participamos da construção da I Edição VER-SUS DF (que se iniciou em meados de março até o período da vivência, de 18 a 26 de julho de 2015). OBJETIVOS: Nossos objetivos são relatar os processos de construção, trocas, diálogos e experiências nesta trajetória. METODOLOGIA: A construção processos da I Edição VER-SUS DF: Parcerias e Novos Arranjos No Distrito Federal já haviam tido duas tentativas de organizar a primeira edição do VER-SUS, mas que não seguiram a diante. No mês de março de 2015, houve uma nova tentativa de formar uma Comissão Organizadora (CO), esta, que inicialmente contava com pessoas que retornaram das vivências edição verão do VER-SUS de Aparecida de Goiânia - GO e Uberlândia - MG. O grupo expandiu e formou uma comissão com 27 pessoas divididas em cinco subcomissões: programação, secretaria, estrutura pedagógica, comunicação. Cada subcomissão trabalhava e periodicamente se reunia com toda a CO para a compartilhar os processos desenvolvidos até então. Tivemos parceiros fundamentais neste processo, como a Secretaria de Estado de Saúde - SES/DF e a Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde - FEPECS. Nos momentos de discussão sobre a programação, a quantidade de viventes por serviço foi um dos temas mais debatidos. Tínhamos pensado inicialmente em quatro grupos compostos por dez viventes mais um facilitador. Este arranjo foi repensado a partir das discussões com os parceiros, cujo acreditavam não haver capacidade em todos os serviços para receber onze pessoas. Foi um tanto complexo pensar num novo formato, já que tínhamos o modelo vivido em outros Estados. Nesta nova proposta, a divisão não seria mais por quatro equipes, mas sim um grupo com divisões e redivisões constantes a cada nova visita. Embora no período da noite as discussões sobre as impressões, sentimentos e reflexões acerca das visitas do dia ocorressem de forma coletiva com todos os viventes.Tínhamos a preocupação com o papel do facilitador ao lidar com os viventes, já que não haveriam equipes fixas durante as visitas e isso poderia dificultar a atuação. Foi aí que pensamos numa estratégia para organização dos viventes, decorrente de outras atividades realizadas por três componentes da CO com os princípios da permacultura. Os princípios que fizeram parte da proposição da convivência foram: o cuidado com as pessoas (onde a equipe que ficasse responsável deveria cuidar não só dos colegas de equipe, mas de todas as pessoas que encontrasse); o cuidado com os espaços (manter limpo e organizado os espaços de convivência, ser cuidadoso com os locais visitados e ser cortês com todas as pessoas que os compunham); a partilha justa (a equipe ficava responsável por realizar alguma atividade/dinâmica com todas as outras equipes) e pratique a autorregulação (que era o momento/espaço de fala livre onde todos poderiam sugerir mudanças, dizer o que gostou e o que não gostou, dando feedbacks). Estes princípios não eram fixos por equipe, a cada dois dias ocorriam rodízios. A utilização desses princípios teve significativa importância para a divisão de equipes (estas dividas em quatro, de acordo com os elementos da natureza, terra, fogo, ar e água), nas práticas de convívio diárias além dos vínculos com os facilitadores. Sobre coletivo estudantil de saúde, palestras e oficinas, aspectos metodológicos e avaliações. Muitos foram os processos construídos e vividos antes da própria vivência. Por se tratar da primeira edição, decidimos que seria importante para o fortalecimento de um coletivo estudantil de saúde haver a possibilidade de integrantes da CO serem viventes. Por este motivo, alguns dos integrantes participaram da Oficina de Facilitadores que aconteceu dois dias antes do início da vivência. Tivemos pessoas dos cursos de psicologia, enfermagem, medicina, saúde coletiva, fisioterapia, terapia ocupacional, ciências farmacêuticas e serviço social. Nos dois primeiros dias tivemos momentos de levantamento das expectativas, danças em roda, oficina de abayomi, falas de profissionais e professores que compartilharam conosco temas como cuidado em saúde, humanização, saúde mental, histórico do VER SUS e princípios do SUS. No período da noite durante os dias que aconteceram as visitas, as discussões foram feitas em conjunto. De um lado essa integração dos 44 viventes foi benéfica, pois permitiu maior troca sobre os locais visitados. Mas por outro, tornou-se cansativo, levando em consideração o número de visitas por dia, que chegaram a 13 serviços num só dia para discussão numa só noite. Estes aspectos metodológicos hão de ser trabalhados com mais afinco na próxima edição. RESULTADOS: No processo avaliativo no fim da vivência, alguns dos pontos positivos levantados foram: a integração com outros cursos, vivência no território, conhecimento dos serviços, potencialidades e dificuldades vividas pelos profissionais de saúde e comunidade, novos vínculos, conexões, expansão da área de atuação profissional, quebra de paradigmas, desconstrução de ideias, entre outros. Sobre os pontos negativos, foram citados o baixo envolvimento nas discussões devido ao cansaço por conta da quantidade de serviços, serviços de interesse específico com incapacidade de atender à demanda de todos os viventes e alguns conflitos de convivência que poderiam ser melhor mediados pelos facilitadores e CO. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Fazer parte tanto da construção quanto das vivências do VER-SUS DF foram processos muitíssimo ricos para compreender um pouco da(s) realidade(s) das localidades que nos permeiam. Em muitos momentos sentimentos de angústia nos tiravam de nossas zonas de conforto, fazendo-nos olhar para além do óbvio, para além da mídia e porque não dizer, para além dos livros (que oras trazem comodismos, ora indignações). Poder participar desses dois processos foi poder sentir com os outros sentidos e nos questionarmos o porque de certas coisas darem certo em alguns espaços e outras não. O que constitui aqueles espaços e pessoas? O que nos constitui enquanto futuros profissionais e usuários? Como podemos pensar na promoção de saúdes (sim, no plural) que possam ser pensadas e vividas de mãos dadas, em redes? Bem, essas são algumas considerações, não digo finais, mais iniciais, que partem de nossa inquietude e necessidade de não só pensar de um modo diferente, mas de entender o que já existe, atualizar, somar e construir espaços de cuidados para usuários e colaboradores

Palavras-chave


Relatos de experiência, Movimento Estudantil, VER-SUS.