Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A ÓTICA DA COMUNIDADE SOBRE AS CONDIÇÕES DE SAÚDE E DOENÇA
Greice Cristine Schneider, Shayane Luiza Rebelatto, Lucimare Ferraz

Última alteração: 2015-11-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: A autoavaliação das condições da saúde tem sido utilizada em inquéritos populacionais por sua fácil aplicação e alta validade e confiabilidade1. É um recurso importante para obtenção de medidas objetivas da condição de saúde, ao refletir uma apreensão integrada do indivíduo nas dimensões biológica, psicológica e social2. Assim, um dos meios de conhecer a situação de saúde e doença de uma população é a realização de pesquisas sobre autoavaliação em saúde, que têm apresentado indicadores válidos e relevantes3. Além de evidenciar a interpretação que as pessoas constroem acerca do seu estado de saúde, contribui para a identificação dos diversos fatores, direta ou indiretamente, relacionados com o processo de saúde e adoecimento, que é multidimensional4. Leva-se em consideração que “a autoavaliação do estado de saúde é um importante indicador do construto multidimensional da saúde e consiste na percepção que os indivíduos possuem de sua própria saúde”5. A presente pesquisa tem por objetivo conhecer os problemas de saúde auto-referidos pelas famílias assistidas pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família.  METODOLOGIA: Este estudo se caracteriza por ser descritivo-transversal, realizado num município pólo econômico e de referência na área da saúde no Oeste do Estado de Santa Catarina. Foram entrevistadas 1023 famílias assistidas por um NASF no Munícipio de Chapecó-SC, que foram selecionadas de forma sistemática, e os dados foram coletados por 108 acadêmicos por meio de um questionário estruturado. Os dados tiveram análise por técnica descritiva.  RESULTADOS: Nesse estudo a percepção em saúde foi determinada pelo seguinte questionamento: como você avalia as condições de saúde da sua família, segundo a classificação: ótima, boa, regular, ruim e péssima? Entre os entrevistados, 8% (n=82) classificaram como sendo ótimas as condições de saúde da família, 62% (n=634) como boas, 24%(n=245) como regulares, 2% (n=21) como ruins e 4% (n= 41) como péssimas. Quando questionados se havia alguém na família com problema de saúde, verificou-se que 56,5% (n =578) das famílias têm algum familiar nessa condição, como a dor na coluna (47,6%), hipertensão (42,9%), artrite e reumatismo (28,6%).  Além disso, vale destacar também problemas de saúde como LER/DORT com uma prevalência de 21,6% e a depressão que acomete cerca de 21,1% das famílias dos entrevistados, agravos recorrentes de uma mudança da estrutura do trabalho moderno, em que as capacitações do trabalhador nem sempre acompanham os avanços tecnológicos. Na mesma direção, salienta-se a frequência com que foram informados agravos cujo desenvolvimento e ou tratamento estão diretamente relacionados à alimentação, como úlcera ou problema de estômago (20,1%), doença cardiovascular (15,9%) e diabetes (11,8%). No último ano, 25% (n= 255) das famílias tiveram, pelo menos, um familiar que precisou faltar ao trabalho por problemas de saúde. Dentre as famílias entrevistadas 4,3% (n=44) têm um familiar que depende de cuidado, necessitando de auxílio para comer, andar e vestir-se.  CONSIDERAÇÕES FINAIS: o estudo mostra que as principais doenças que acometem as famílias são crônicas e não transmissíveis e que na auto-avaliação, as famílias, mesmo tendo algum de seus membros em estado mórbido, classifica a saúde familiar como boa.

Palavras-chave


População; Conhecimento; Saúde da família.

Referências


1. PERES, Marco Aurélio et al. Auto-Avaliação da Saúde em Adultos no Sul do Brasil. Rev. Saúde Pública , São Paulo, v. 44, n. 5, out. 2010.

2. RAEBERT, Jefferson; BORTOLUZZI, Marcelo Carlos; KEHRIG, Ruth Terezinha. Auto-percepção das condições de saúde da população adulta, Sul do Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 45, n. 4, ago. 2011.

3. BARROS, Marilisa Berti de Azevedo; ZANCHETTA, Luane Margarete; MOURA, Erly Catarina de  and  MALTA, Deborah Carvalho. Auto-avaliação da saúde e fatores associados. Rev. Saúde Pública. Brasil, 2006.

4. ALMEIDA, Janaina Rocha de Souza, et al. Autopercepção de pessoas acometidas pela Hanseníase. Ciências e Saúde Coletiva, v. 18, n.3, p. 817-826, 2013.

5. PAVÃO, Ana Luiza Braz; WERNECK, Guilherme Loureiro  and  CAMPOS, Mônica Rodrigues. Autoavaliação do estado de saúde e a associação com fatores sociodemográficos, hábitos de vida e morbidade na população: um inquérito nacional. Cad. Saúde Pública [online], v. 29, n.4, p. 723-734, 2013.