Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PROMOVENDO SAÚDE MENTAL: GRUPO PARA ACOMPANHANTES DE RÉCEM-NASCIDOS
Bárbara Gregório Gouveia, Ivanice Jacinto Da Silva, Analine de Souza Bandeira Correia, Luziane Juzi Carvalho de Alencar Silva, Talitta Dantas de Arruda, Maria do Socorro Gomes Campos Mendes, Jordane Reis de Meneses, Lenilma Bento de Araújo Meneses

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Durante o período gestacional a mulher vivencia uma série de mudanças corporais e passa a refletir sobre um novo ser que faz parte dela. A família cria expectativas em relação a chegada de um bebê saudável e atermo, mas nem sempre é o que acontece, existindo então uma ruptura no processo natural do pós-parto,   o que possivelmente desencadeia sofrimento emocional nas mães de Recém-Nascidos (RN), e assim se faz necessário maior atenção em relação a sua saúde mental. As acompanhantes de RN passam a vivenciar uma mudança brusca na rotina que havia sido planejada durante toda a gestação, precisando se readaptar ao cotidiano hospitalar, além de ser ainda um período de reorganização corporal, familiar e social. Diante desse contexto percebe-se a importância de dar atenção e cuidar dessas mães e até pais e avós que se fazem presente na nova rotina hospitalar. A paternidade e a maternidade faz com que os pais passem a construir novos níveis de integração e desenvolvimento da personalidade, estabelecendo a construção dos vínculos, e da reestruturação da rede de intercomunicação familiar, além de estabelecer os novos papéis sociais que os pais irão ocupar. Diante dessa demanda visualizou-se a necessidade de um espaço terapêutico que propiciasse discussões e reflexões acerca do período que elas estão vivenciando, e assim foi pensado um grupo com as acompanhantes de RN, tanto com as mães que estão internas com bebês na UTI neonatal, como as que estão no método canguru, na UCINCO e as mães que receberam alta, mas o filho permanece interno. Nos grupos são discutidos temas relativos ao período puerperal, assuntos componentes afetivos, auto cuidado, atividades temáticas de campanhas de saúde, desenvolvimento de atividades artísticas manuais e corporais, sendo grande parte demanda dos acompanhantes de RN, ou temas escolhidos pelas residentes quando as mães deixam em aberto as sugestões para os próximos encontros. Este grupo foi uma iniciativa compartilhada pela Psicóloga preceptora da Unidade Materno Infantil de um hospital escola, juntamente com as residentes multiprofissionais em saúde mental da RESMEN da Universidade Federal da Paraíba, contando com os núcleos profissionais de Psicologia, Terapia Ocupacional, Enfermagem, Farmácia e Serviço Social. OBJETIVOS: Os principais objetivos das atividades foram de realizar grupos que possibilitem reflexões acerca do período puerperal e de interesse pessoal, assim como prover ações de promoção de saúde mental, amenizando os sintomas, estimulando hábitos saudáveis, bem como trocas afetivas e promovendo um aprendizado nas relações interpessoais.  Além de amenizar o sofrimento mental dos acompanhantes de RN proporcionado pelo ambiente hospitalar  e pela situação vivenciada, seu intuito é de desenvolver atividades que promovam a integração e socialização entre os acompanhantes de recém-nascidos, possibilitando o compartilhamento das experiências e expectativas para alta do bebê. Por fim, as residentes planejam, monitoram e avaliam periodicamente as ações do grupo, com vista à definir as ações do grupo de acordo com as demandas do mesmo. METODOLOGIA: Foram realizados grupos terapêuticos com a periodicidade de uma vez por semana, com duas horas de duração. A dinâmica utilizada para cada encontro foi dividida em três momentos: no primeiro momento uma atividade de descontração e interação, segundo momento da discussão/reflexão sobre um tema e o terceiro momento de práticas manuais e corporais, além da avaliação do encontro. Utilizou-se a metodologia da Educação Popular em Saúde, a qual se baseia na perspectiva da Saúde Integral, visando à criação e execução de políticas públicas e ambientes que reforcem a proposta de ações de cuidado em saúde, tendo também como objetivo aumentar as potencialidades humanas. RESULTADOS: A utilização de um grupo com fim terapêutico como intervenção para as acompanhantes de Recém-Nascidos favoreceu momentos de grande riqueza para o coletivo. O primeiro resultado que identificamos foi a união e integração das participantes, pois mesmo vivenciando um cotidiano semelhante e algumas até dividindo quartos, o momento de compartilhar vivências e sentimentos referentes a rotina enfrentada era no grupo. Esse momento possibilitou que elas se tornassem mais empáticas e favoreceu a integração entre as mães, avós que estiveram presentes e até mesmo um pai que participava do método canguru. O grupo também possibilitou uma enorme construção de vínculo entre as cuidadoras, as residentes e a psicóloga do hospital, pois inicialmente havia uma resistência de participação das mães, mas com o tempo e o uso de uma metodologia em que era permitido que elas realizassem a escolha do tema seguinte da discussão, fizeram com que o grupo passasse a ser mais coeso e proporcionou o fortalecimento dos vínculos construído entre as duas partes. É importante destacar que as participantes permanecem no grupo enquanto o bebê está hospitalizado, portanto há uma rotatividade, sendo a média de participação no grupo de três a quatro semanas. Outro impacto que observamos com tempo no grupo, é que as acompanhantes de RN passaram a ser apoiadoras emocionais umas das outras, gerando um maior sentimento de altruísmo entre elas, esse suporte vai além dos momentos do grupo, chegando até a rotina das mesmas. Também devemos destacar, que juntamente com residentes de outros programas, nas atividades de educação popular sobre cuidados com o bebê prematuro no pós-alta, possibilitamos que os cuidadores presentes pudessem desenvolver e potencializar seus processos de autonomia e sentir-se empoderados para cuidar de seus próprios filhos fora do hospital. É importante destacar que o grupo ganhou grande visibilidade na unidade materno-infantil do hospital universitário, resultado da construção de vínculo com as mães e profissionais do setor. A visibilidade e o apoio dos outros profissionais, bem como a preceptoria da Psicóloga são de extrema importância para assegurar que o grupo continue acontecendo na unidade materno-infantil mesmo com a particularidade do rodízio de equipes da residência multiprofissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por fim, percebemos que o grupo com as residentes multiprofissionais em saúde mental juntamente com a Psicóloga do hospital além de proporcionar intervenções que perpassam diferentes olhares provenientes dos cinco núcleos profissionais das residentes, possibilitou que esses olhares gerassem intervenções entrelaçadas, que resultaram num grupo de experiências ricas e resultados importantes, sendo visível na rotina das cuidadoras uma maior integração, um sofrimento amenizado pelo compartilhamento de experiências e principalmente uma construção de vínculo entre profissionais e participantes do grupo.

Palavras-chave


Acompanhantes de RN; Saúde Mental; Grupo terapêutico

Referências


DIAS I. M. A. V. Apego mãe e filho: base para a assistência da enfermagem neonatal. 2000. 120 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2000.

 

GUEDES, C. R.; KLEIN, M. M. S. Intervenção psicológica a gestantes: contribuições do grupo de suporte para a promoção da saúde. Rev. Psicologia, ciência e profissão, 2008, 28 (4). Nitéroi -RJ.

 

VASCONCELOS, M. G. L. Implantação de um grupo de apoio à mãe acompanhante de recém-nascido pré-termo e de baixo peso em um hospital amigo da criança na cidade de Recife/PE. Tese apresentada ao programa de pós-graduação de enfermagem da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, 2004.