Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
Implementação da assistência ao tabagista na USF Nova Vitória: complexidade, dinâmica e riqueza do trabalho vivo em ato
Mylena Caroso Melhem

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: No Brasil, o tabagismo se configura como maior causa isolada, evitável, de doença e morte, responsável pelo óbito de aproximadamente 200 mil de brasileiros ao ano. Embora 80% dos fumantes desejem parar de fumar, apenas 3% conseguem fazê-lo por si mesmos e, somente 7% dos que tentam parar sozinhos se mantêm abstinentes por um período longo de tempo. A taxa de sucesso de abstinência pode aumentar em 15% a 30% com a utilização de intervenções psicossociais e farmacológicas. São  necessárias ações que considerem os determinantes sociais, políticos e econômicos, além das condições que levam a pessoa a fazer uso do tabaco, os processos de dependência nicotínica, bem como a motivação para o abandono e os fatores que os mantém em abstinência. METODOLOGIA: O presente estudo descreve a experiência vivenciada por uma Unidade de Saúde da Família de Nova Vitória com a criação e implantação de Programa de Assistência ao Tabagista, que perpassou por atividades educativas, consultas individuais, Grupo de Assistência a Tabagistas e cuidado compartilhado intersetorial. Além de uma descrição dos passos traçados pela equipe na construção deste programa, o trabalho discute e critica a experiência relatada, frente a outros estudos sobre o tema e às recomendações brasileiras para o tratamento de tabagistas, provocando a reflexão sobre aspectos da produção da saúde. Evidencia dificuldades do cotidiano da equipe de Saúde da Família em aplicar o tratamento para tabagistas recomendados pelo Ministério da Saúde. Apesar de uma política nacional bem estruturada, foram observadas limitações importantes diante da falta de medicações e de capacitação das equipes para ferramentas terapêuticas não medicamentosas. RESULTADOS: Em termo de desfecho quanto ao tabagismo, o índice de cessação nessa primeira experiência do Programa, ao se considerar todos os 10 cadastrados, foi de 10%. Ao se desconsiderar os 2 participantes que foram apenas na primeira sessão, o índice de cessação foi de 12,5%. Ao se considerar apenas aqueles que participaram das 4 sessões iniciais, o índice sobe para 25%. O índice apresentado foi semelhante ao de outras experiências. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por fim, pôde-se perceber o valor dos protocolos que tem sido construídos sobre o tema. No entanto, cabe às equipes da assistência, utilizá-los criticamente, adequando à sua realidade e criando sua prática no o trabalho vivo em ato, que contempla o diálogo, as relações, o encontro criativo, a vida que se reterritorializa constantemente.

Palavras-chave


Tabagismo; Saúde; Grupo

Referências


  1. NEPOMUCENO, Thales Bhering; ROMANO, Valéria Ferreira. Tabagismo e relações de poder na produção da saúde. Saude soc.,  São Paulo ,  v. 23, n. 2, p. 701-710, June  2014 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902014000200701&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 18 de maio de  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902014000200028.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Prevalência de tabagismo no Brasil: Dados dos inquéritos epidemiológicos em capitais brasileiras. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em : <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tabaco_inquerito_nacional_070504.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2015.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Organização Pan-Americana Da Saúde. Pesquisa Especial de Tabagismo – PETab. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_especial_tabagismo_petab.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2015.
  4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não transmissíveis e Promoção da Saúde. VIGITEL Brasil 2013: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Distrito Federal, 2014. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/morbidade/Vigitel-2013.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2015.
  5. Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar. Tabagismo. 2011 Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/ans/diretrizes/tabagismo.pdf. Acesso em 18 de maio de 2015.
  6. World Health Organization. WHO Report: on the Global Tobacco Epidemic 2008: The MPower Pachage. Geneva: WHO; 2008. Disponível em: <http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241596282_eng.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2015.
  7. PINTO, Márcia; UGA, Maria Alicia Domínguez. Os custos de doenças tabaco-relacionadas para o Sistema Único de Saúde. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro ,  v. 26, n. 6, jun.  2010 .   Disponível em <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2010000600016&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  18  maio  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000600016.
  8. Aliança de Controle do Tabagismo no Brasil (ACTBR). Relatório carga das doenças tabaco-relacionadas para o Brasil [Internet]. ACTBR. 2011. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://actbr.org.br/uploads/conteudo/726_Relatorio_Carga_do_tabagismo_Brasil.pdf>. Acesso em 18 maio  2015.
  9. LUCCHESE, Roselma et al. A tecnologia de grupo operativo aplicada num programa de controle do tabagismo. Texto contexto - enferm.,  Florianópolis ,  v. 22, n. 4, p. 918-926, Dec.  2013 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072013000400007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 18  de maio  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072013000400007.

10. BRASIL. Decreto nº 5.658, de 2 de janeiro de 2006. Promulga a Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco, adotada pelos países membros da Organização Mundial de Saúde em 21 de maio de 2003 e assinada pelo Brasil em 16 de junho de 2003. Disponível em:  <http://www.redesaude.org.br/generoetabaco/download/110_Decreto- 5658.pdf>. Acesso em 18  de maio  2015.

11.PORTES, Leonardo Henriques et al. Ações voltadas para o tabagismo: análise de sua implementação na Atenção Primária à Saúde. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 19, n. 2, p. 439-448, Feb.  2014 .   Disponível em:  <http://www.scielo.br/scielo.php?s cript=sci_arttext&pid=S1413-81232014000200439&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 18  de maio  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/1413- 81232014192.04702013.

12.World Health Organization. WHO Report: on the Global Tobacco Epidemic 2013: Enforcing bans on tobacco advertising, promotion and sponsors. Geneva: WHO; 2013. Disponível em: < http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/85380/1/9789241505871_eng.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2015.

13.BRASIL. Ministério da Saúde. Atualiza as diretrizes de cuidado à pessoa tabagista no âmbito da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas do Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências. Portaria nº 571, de 5 de abril de 2013. Disponível em:  <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0571_05_04_2013.html>. Acesso em 18  de maio  2015.

14.MAZONI, Cláudia Galvão et al . A eficácia das intervenções farmacológicas e psicossociais para o tratamento do tabagismo: revisão da literatura. Estud. psicol. (Natal),  Natal ,  v. 13, n. 2, p. 133-140, Aug.  2008 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1413-294X2008000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em  20  de maio de  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S1413- 294X2008000200005.

15.MELO, Wilson Vieira et al . A entrevista motivacional em tabagistas: uma revisão teórica. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre ,  v. 30, n. 1, supl.   2008 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0101-81082008000200001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em  20  de maio de  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101- 81082008000200001.

16.PRESMAN, Sabrina; CARNEIRO, Elizabeth; GIGLIOTTI, Analice. Tratamentos não-farmacológicos para o tabagismo. Rev. psiquiatr. clín.,  São Paulo ,  v. 32, n. 5, p. 267-275, Oct.  2005 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 60832005000500004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em  20  de maio de  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832005000500004.

17.BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. SUPERA - Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e Acompanhamento. 6. Ed. São Paulo, 2014. Módulo 4.

18.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Deixando de fumar sem mistérios: manual do coordenador. 2. ed. Rio de Janeiro, 2004a. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/gestor/ visualizar_texto.cfm?idtxt=27270> . Acesso em: 20 de maio de 2015.

19.Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar. Tabagismo. 2008 Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/is_digital/is_0408/pdfs/IS28%284%29116.pdf>. Acesso em 25 de maio de 2015.

20.AZEVEDO, Renata Cruz Soares de et al . Grupo terapêutico para tabagistas: resultados após seguimento de dois anos. Rev. Assoc. Med. Bras.,  São Paulo ,  v. 55, n. 5, p. 593-596,   2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 42302009000500025&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25  de maio de  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302009000500025.

21.Ney Filho, Antônio. et al. Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas. Salvador. EDUFBA. 2009. Coleção Drogas: Clínica e Cultura.