Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Os caminhos do Acompanhamento Terapêutico que nos (re)lembram apostas clínicas-éticas-política das Políticas Públicas
Amanda Giron Galindo

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: O Acompanhamento Terapêutico (AT) é uma clínica híbrida e sua potência está justamente nesse hibridismo. Ela pode ser em um lugar fechado ou em um lugar aberto, ela pode ser um acompanhamento individual ou coletivo, ela pode ser com o indivíduo acompanhado ou com a sua rede de contatos, e melhor que isso: ela não pode prescindir o “ou” e funcionar muito melhor com o “e”. O AT pode se dar em um espaço fechado como uma escola e também em um espaço aberto como um parquinho, ele pode ser com um senhor em situação de crise mas também com a sua família que mora com ele, ele pode ser com o acompanhado e também com a rede de pessoas e lugares que ele constitui. Os sujeitos acompanhados são entendidos em sua singularidade, com suas histórias, seus territórios, seus familiares e amigos, sua rede de cuidados, suas marcas e suas constantes construções e desconstruções. METODOLOGIA: Acompanhamos pessoas em seus cotidianos, trocamos histórias e conhecemos mundos novos juntos. As “saídas”, nas quais muitas vezes não se sai de um lugar para outro, deslocam outros corpos, corpos de desejos, corpos de silêncios, corpos de cultura, deslocam olhares, sorrisos, lágrimas, deslocam memórias para que elas encontrem novos caminhos neste novo corpo que se produz. O encontro do AT possibilita essas aberturas para que a clínica se dê ali: no cotidiano... na vida. Tentamos aqui pensar nas muitas relações entre cuidado em Saúde e a clínica do AT. Nesse sentido, reforçamos a construção do Projeto Terapêutico Singular que é desenhado a partir dos caminhos e ações clínicas em que acompanhado e acompanhante julgarem mais interessantes. Tem-se um “fazer junto”, de modo que o próprio processo de acompanhar trará pistas de quais estratégias clínicas forjar e de que dimensões do vivido faz sentido trabalhar. RESULTADOS: Acompanhar processos é a maior potência do Acompanhamento Terapêutico. Estar junto, e nessa presença vivenciar emoções, histórias, lembranças, atividades cotidianas - o “estar com” que sente junto, que passa por situações importantes juntos e que fortalece o vínculo e o cuidado. Dessa forma, podemos construir juntos uma rede de referência da pessoa acompanhada, os serviços que frequenta, por onde caminha, com quem pode contar, lugares que gosta de ir, pessoas que se relaciona, e assim desenhamos um conjunto de lugares/pessoas/ações que contextualizam aquele acompanhamento e assim a rede pode ser ativada quando considerarmos interessante para o acompanhamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Neste escrito pretendemos que o AT, fruto de experiências inovadoras na Saúde há tantas décadas, possa agora relembrar algumas apostas que são também muito importantes para Políticas de Saúde, de Educação, de Assistência Social, de Cultura e que muitas vezes não ganham sua devida importância: o cuidado, a processualidade, a presença, o fazer junto, os deslocamentos e o hibridismo (fazer uma coisa e outra, estar em uma Política de Saúde e também estar em uma Política de Educação, por exemplo).

Palavras-chave


Acompanhamento Terapêutico ; presença ; clínica