Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA NOS PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE CAMPO GRANDE-MS
Fernanda Almeida Andrade, Doroty Mesquita Dourado, Sandra Christo de Souza
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
APRESENTAÇÃO: O Diabetes Mellitus (DM) compõe os dados das Doenças Crônicas Não Transmissíveis que tem sido considerado uma das grandes epidemias mundiais e um grande problema de saúde pública principalmente devido às suas complicações e influência direta nos índices de morbimortalidade, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento. No ano de 2011, 12,4 milhões de pessoas foram diagnosticadas com diabetes mellitus no Brasil. Dentre os tipos de DM, o tipo 2 (DM2) abrange 90% dos casos presentes no mundo e tem como causas básicas problemas, inicialmente, relacionados à atuação da insulina nos seus receptores periféricos, associados a um quadro de síndrome metabólica com consequente hiperglicemia. e está intimamente relacionado com o excesso de peso e o sedentarismo. Portanto, a população de maior risco para o desenvolvimento do DM2, são os indivíduos com dislipidemia, circunferência abdominal aumentada e consequente resistência insulínica que configuram os pacientes atendidos na prática diária de uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF). Além das causas centrais para desenvolvimento de DM2 relacionadas aos hábitos de vida temos o tabagismo definido na Classificação Internacional de Doenças (CID10) da OMS como doença crônica causada pela dependência à nicotina. O tabagista é exposto continuamente a mais de quatro mil substâncias tóxicas, o que faz do tabagismo o fator mais importante de risco, isolado para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que engloba principalmente as doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, diabetes, câncer e outras inclusive doenças renais. Estas enfermidades podem facilitar o desenvolvimento de DM2, doença de caráter crônico que acarreta redução da expectativa e qualidade de vida e aumento da mortalidade e morbidade, decorrentes de complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia) e macrovasculares (doença cardíaca isquêmica, infarto e doença vascular periférica). Estudos sugerem que intervenções são viáveis em UBSFs e promovem melhoria da saúde da população de um modo geral. Há evidências de que mudanças de estilo de vida possam ocorrer com maior sucesso quanto mais precoce sejam realizadas ações de intervenção. Assim, estudos que avaliam o perfil de usuários do serviço de saúde podem auxiliar na prevenção desses agravos. Diante desta realidade, pergunta-se: como confrontar tal situação nos diferentes segmentos da sociedade, com foco nos indivíduos atendidos nas UBSFs e assim poder intervir na prevenção do DM2 e suas complicações, através de ações de controle. Para tanto, se faz necessário conhecer os hábitos alimentares, prática de exercício físico e condições socioeconômicas nessas populações adscritas de cada UBSF, assim sendo o presente trabalho teve como objetivo relatar a prevalência da prática das mudanças nos hábitos de vida dos pacientes diabéticos e descrever o perfil quanto à idade, sexo e duração da doença nas Unidades Básicas de Saúde da Família de Campo Grande – MS, no período de outubro de 2014 a fevereiro de 2015 com vistas a subsidiar a implementação de ações para prevenção e promoção de saúde eficazes e que melhorem a adesão ao tratamento não-farmacológico. Desenvolvimento do trabalho: Estudo epidemiológico descritivo transversal realizado no município de Campo Grande, MS. A obtenção dos dados se deu por meio do preenchimento de formulário específico pelos pesquisadores mediante inquérito aos pacientes diabético, sujeitos da pesquisa, de uma amostra cujo cálculo amostral teve por base o numero de pacientes portadores de DM2 cadastrados no Programa de Controle de Diabetes atendidos no período do estudo, composta por 408 (n) pacientes, sendo 12 de cada uma das 34 UBSF. As informações relativas ao atendimento foram fornecidas pela rede de atenção básica à saúde da região urbana do município de Campo Grande, capital do estado de Mato Grosso do Sul, com uma população de 805.397 habitantes de acordo com o Censo IBGE 2010, população ajustada para 2013 (IBGE, 2013). O preenchimento dos formulários foi condicionado à obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos sujeitos da pesquisa. Para a confecção do banco de dados, planilhas, tabelas e avaliação estatística empregou-se o programa Excel (Microsoft Corp. Estados Unidos). O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNIDERP, a coleta de dados teve início após a sua aprovação, os sujeitos da pesquisa foram convidados a participar, orientados e esclarecidos, e informados da necessidade de que o seu consentimento fosse expresso mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias, uma que foi entregue ao sujeito da pesquisa e a outra sob a guarda do pesquisador. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Dos 408 pacientes que responderam ao inquérito: 0,5% relataram realizar apenas exercício físico; 1,6% declaram realizar adequadamente dieta alimentar com atividade física regular, sem necessitar de medicações; 17,5% relataram uso do medicamento em associação com a dieta alimentar; 5,1% declararam uso do medicamento em associação com exercício físico regular; 19,7% relataram apenas utilizar o medicamento; e a maioria 54,2% declarou utilizar o medicamento em associação com atividade física diária e dieta alimentar. Apenas 0,6% descreveram não terem sido orientados por nenhum profissional da saúde sobre os hábitos de vida. Considerações finais: O percentual estimado entre os pacientes diabéticos acompanhados nas UBSF que relataram a realização correta de atividade física regular mais dieta alimentar em associação com o tratamento medicamentoso foi de 54,2%. Infelizmente, considera-se uma taxa baixa de adesão, visto que aproximadamente metade dos pacientes relatou não realizar nenhum ou algum plano de ação não terapêutico. A mudança no estilo de vida (dieta balanceada, aumento na atividade física e controle do peso corpóreo), sustentada por um programa de educação e apoio contínuo (estratégias de baixa complexidade, alta objetividade e baixo custo), visa obter uma redução dos casos de complicações ocasionadas pela DM2, como retinopatia, pé diabético e nefropatias, por meio do controle glicêmico; representando, então, benefícios econômicos tanto a curto quanto em longo prazo. A literatura demonstra que para obter resultados positivos no tratamento e controle do DM, em primeiro lugar o portador da enfermidade deve ser conscientizado sobre todos os seus aspectos. Para que isso seja feito, a educação em diabetes exerce um papel fundamental, pois por meio dela o doente se conscientiza que é portador de um quadro grave e incurável, porém compatível com uma boa qualidade de vida, se for mantido um bom controle metabólico. A educação em diabetes tem como principal objetivo modificar o comportamento do indivíduo quanto à aceitação, ao conhecimento e ao controle de sua patologia, buscando superar dificuldades em favor de seu bem-estar físico, psíquico e social. Dessa maneira, melhora-se a qualidade de vida da pessoa com diabetes.
Referências
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