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Diante dos muitos desafios enfrentados na construção do Sistema Único de Saúde - SUS, a Política Nacional de Humanização - PNH, consiste em uma estratégia política que busca por em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, fomentando a produção de mudanças nos processos de gestão e no modo de cuidar. No sentido de priorizar a qualidade do cuidado na assistência, ela propõe valorizar os diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde, sendo eles os usuários, gestores e os trabalhadores, em seus aspectos técnicos e humanos, de maneira a valorizar a subjetividade e a promoção do protagonismo dos sujeitos. Nesta perspectiva, o Hospital Universitário Ana Bezerra – HUAB, localizado no município de Santa Cruz, situado na região do Trairi do estado do Rio Grande do Norte, considerado referência no atendimento materno-infantil e no desenvolvimento de diversas ações e projetos de extensão, tem contribuído para o fortalecimento da PNH, pois oferece aos usuários, por meio dessas ações, um trabalho em equipe com enfoque na interdisciplinaridade, tendo como direcionamento a educação em saúde apreendida enquanto práxis educativa coletiva. O hospital cuja missão é “Prestar assistência materno - infantil qualificada e humanizada, de referência regional, servindo a um ensino voltado para uma formação cidadã,” propicia o desenvolvimento das ações que promovam a promoção, prevenção e recuperação da saúde dos usuários, tornando-se essenciais, ao passo que representam um avanço nas práticas de cuidado no âmbito hospitalar, no intuito de melhorar a qualidade da assistência prestada. Por isso, a instituição vem fomentando e fortalecendo a produção do cuidado numa perspectiva ampliada e integral de saúde aos pacientes e acompanhantes, desde o processo de hospitalização à preparação para o pós-alta das pacientes atendidas do parto ao puerpério. Diante disso e visando fortalecer o cuidado em saúde desenvolvido no âmbito do HUAB, um grupo de residentes, inseridos no Programa de Residência Integral Multiprofissional em Assistência Materno-Infantil, idealizou e elaborou o Projeto de Extensão intitulado “Acolhimento e humanização para acompanhantes dos usuários do Hospital Universitário Ana Bezerra”, tendo como objetivo principal promover ações de educação em saúde que potencialize a importância do papel do acompanhante no processo de saúde do usuário. O referido projeto surgiu da necessidade de fortalecer o papel e a autonomia dos acompanhantes das puérperas e recém-nascidos em alojamento conjunto, espaço destinado à oferta de cuidados assistenciais a saúde da díade, por entendermos que o acompanhante desempenha um papel fundamental no processo produção de saúde, seja no compartilhamento dos cuidados ou na co-responsabilidade com a permanência, promoção, prevenção e recuperação das puérperas internas, tendo em vista que sua participação tem implicações no trabalho dos profissionais de saúde. Dessa forma, compreende-se que sua participação é indispensável junto a equipe de saúde que atendem esse público, seja na atenção aos cuidados da díade, na gestão ou no fortalecimento do controle social dentro da instituição. Segundo aponta a PNH, que tem como um dos dispositivos, na permanente atualização dos processos de trabalho, a Visita Aberta e Direito à Acompanhante desenvolvido para garantir a mulher a presença de um acompanhante de sua livre escolha, respeitando as necessidades e particularidades do mesmo. Assim sendo, este dispositivo, instituído no hospital universitário, apresenta-se como uma estratégia em que intervém na promoção da mudança de paradigma e nos modos de cuidar dentro do contexto hospitalar, onde é tão arraigado o modelo hospitalocêntrico de produzir saúde. Em face disso, o projeto de extensão voltado para o acompanhante é desenvolvido pela equipe multiprofissional, composta por residentes de enfermagem, psicologia, serviço social, fisioterapia, farmácia, nutrição e odontologia, visando fortalecer a integralidade na assistência em saúde a partir do trabalho interdisciplinar. Dessa forma, a equipe desenvolve ações tendo como eixo norteador a educação em saúde, dentro de uma perspectiva de educação coletiva e participativa, estimulando a interação e troca das experiências e saberes entre os acompanhantes e a equipe multiprofissional, construindo uma rede de solidariedade e alteridade entre sujeitos envolvidos, em virtude da ampliação do cuidado integral em saúde, construindo autonomia e potencializando o cuidado compartilhado entre paciente-equipe-acompanhante. Atualmente, as atividades são desenvolvidas semanalmente utilizando-se de rodas de conversa onde os participantes têm a oportunidade de expor suas dúvidas e queixas. São orientados pela equipe multiprofissional por diversos aspectos que envolvem o processo do ciclo gravídico puerperal, como amamentação, cuidados com o recém-nascido, aspectos psicológicos que atravessam esse momento de muitas alterações biopsicossociais para a mulher e sua família, bem como benefícios sociais dentre outros que a equipe busca trazer aos acompanhantes numa linguagem acessível e didática à ampla visão de sua importante participação no processo de assistência as puérperas hospitalizadas nessa instituição, assim como, orientando sobre os direitos e deveres do acompanhante no ambiente hospitalar, e dos cuidados preventivos que se relacionam com o retorno da família ao lar, dado se configurar um momento de novas adaptações no contexto familiar e para puérpera a fim de prevenir intercorrências com a díade. Mediante a execução do projeto, observou-se que o momento propiciado aos acompanhantes tem possibilitado a interlocução entre os acompanhantes das puérperas e a equipe multiprofissional, visando contribuir para a troca de experiências mútuas, oferecendo uma escuta qualificada as demandas trazidas por eles, bem como tem contribuído para um momento de reflexão sobre o processo de saúde do usuário, tendo em vista que nesse espaço são colocadas situações que favorecem um novo olhar em torno do processo de saúde-doença. Cabe frisar que esse contato entre acompanhantes e equipe de saúde produz no contexto hospitalar o fomento ao diálogo como um dos desafios dos processos de trabalho. Neste sentido, a roda de conversa potencializa a interação entre os atores envolvidos cotidianamente no serviço pela produção da saúde, da subjetividade e da vida. Contribui ainda, no fomento do protagonismo do acompanhante, uma vez que o empodera durante o período de hospitalização com o objeto de oferecer cuidado à díade durante a internação e também para o pós-alta. Dessa forma, percebe-se que esta estratégia de educação em saúde tem constituído para um espaço de oportunidades, quando destaca a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão inerentes a formação profissional e, por conseguinte, a construção de práticas educativas e democráticas, conforme orienta os princípios e diretrizes da política nacional de saúde concernente à assistência hospitalar.

Apoio Familiar de Paciente; Humanização da Assistência; Educação em Saúde