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Ação educativa como ferramenta de promoção da saúde e prevenção da gastroenterocolite aguda: um relato de experiência
Última alteração: 2015-11-12
Resumo
A educação em saúde é um processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o indivíduo à sua autonomia e emancipação como sujeito histórico e social, capaz de propor e opinar nas decisões de saúde para cuidar de si, de sua família e de sua coletividade. A realização desta em âmbito hospitalar possibilita torna-se essencial tendo em vista que algumas internações podem ser evitadas por meio do estabelecimento e realização de um autocuidado satisfatório. A gastroenterocolite aguda compreende um problema de saúde pública de grande relevância, sendo uma das principais causas de mortalidade infantil, a doença é perpassada por fatores biológicos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e de saúde sendo prevalecente nos países subdesenvolvidos, onde os níveis de desigualdades sociais são mais expressivos. Em nível de Brasil verifica-se que as taxas de mortalidade infantil têm nas regiões Norte e Nordeste sua incidência maior, em comparação ao resto país, o equivale a 63,40% na primeira e 53,64 na segunda, tal fato se vincula a pobreza e ao precário saneamento básico das regiões. Isso reflete o quadro de iniquidade em saúde no país, no qual as crianças que residem nas regiões mais pobres têm mais risco de vir a óbito, em face dos determinantes socioeconômicos e ambientais. Além dos elementos citados a população encontra entraves no processo de saúde e doença na fragilidade do acesso a saúde nessas regiões, em face, da cobertura deficitária da atenção básica em atender as suas necessidades de saúde. Na pediatria do Hospital Universitário Ana Bezerra percebe-se a partir das nossas intervenções junto às famílias das crianças e adolescentes internados que esses dados se confirmam, sendo as principais causas da gastroenterocolite aguda identificadas pela equipe de residentes multiprofissionais, o desmame precoce, introdução de uma alimentação inadequada para a idade da criança, condições precárias e/ou nulas de saneamento básico, falta de acesso a água tratada, contaminação dos alimentos e condições de moradia deficitárias, tais fatores que tem ocasionado a reincidência da transmissão fecal-oral, o que consequentemente, levam as reinternações por desidratação, infecções intestinais e desnutrição. Tais dados e fatores só evidenciam que para solucionar os quadros de mortalidade infantil que envolve múltiplas determinações, é preciso apreender que a saúde da população está para além dos aspectos biológicos, enquanto apenas ausência de doença. Faz-se necessário investir em políticas sociais de forma, que rompa com essas iniquidades em saúde e atendam as reais necessidades da população. Com base no que foi exposto este resumo apresenta como objetivo principal relatar a realização de uma atividade com metodologia lúdica e educativa, com o tema “Como prevenir a gastroenterocolite aguda?”, para as acompanhantes das crianças internas no HUAB. O HUAB corresponde a uma unidade de ensino de média Complexidade ambulatorial e hospitalar, referência no atendimento materno infantil para toda a região do Trairi, localizado na cidade de Santa Cruz- Rio Grande do Norte. A referida instituição tem como missão "Prestar assistência materno - infantil qualificada e humanizada, de referência regional, servindo a um ensino voltado para uma formação cidadã." O hospital é considerado Hospital Amigo da Criança pela UNICEF desde 1996. O HUAB desenvolve na enfermaria pediátrica o projeto de extensão intitulado “Empoderamento” que visa proporcionar as/aos acompanhantes das crianças internas o conhecimento de novas informações e formas de cuidado com a saúde das crianças possibilitando para estes a capacidade de promover mudanças no seu estilo de vida e cuidados com sua família. O referido projeto é desenvolvido pela equipe de profissionais da residência multiprofissional do referido hospital, composta por assistente social, enfermeira, fisioterapeuta, farmacêutica, nutricionista, odontólogo e psicóloga. As atividades ocorrem semanalmente, nas terças-feiras à tarde para os acompanhantes e crianças internadas na enfermaria pediátrica do referido hospital. O presente resumo expõe a atividade que foi realizada intitulada “Como prevenir a Gastroenterocolite aguda?” que aconteceu da seguinte forma, cartazes ilustrativos demonstravam o que se trata esta patologia e qual seu reflexo nas internações e óbitos infantis, quais os sintomas mais comuns, como realizar seu tratamento e de forma podemos prevenir. Para garantir o envolvimento das crianças utilizou-se uma música educativa ilustrando quais os momentos essenciais e indispensáveis para a lavagem das mãos. Dando sequencia optou por realizar uma dinâmica com os pais e acompanhantes de algumas crianças que estavam internas com o intuito de envolvê-los cada vez mais na discussão, então foi realizado o vedamento dos olhos de cada participante e estes tiveram aplicados em suas mãos tinta sem cheiro acreditando que seria um hidratante e que eles a partir disto deveriam demonstrar como realizam a higienização das mãos em casa. Após a realização da dinâmica das mãos, estas eram encostadas sob uma folha de cartolina branca para posterior avaliação dos locais que apresentam mais risco e que passam despercebidos nos afazeres diários. Por fim, foi discutido e ensinado a técnica correta de lavagem de mãos, a forma de realizar a higienização de alimentos e utensílios, assim como os cuidados que devemos ter com a água. Notou-se a partir dos reflexos das mãos expostos na cartolina de alguns dos acompanhantes, que estes não realizavam a higienização correta das mãos e que as novas informações foram muito bem assimiladas pelo público presente, que se mostrou participativo e tirando as dúvidas que os afligiam sobre cada tema. E, assim forma compartilhadas por eles as práticas diárias de como realizavam cada procedimento e como iriam realizar a partir daquele momento. A realização desta atividade também foi de grande relevância para os profissionais tendo em vista que no contexto hospitalar, o aumento nos registro do índice de Infecção Relacionada á Assistência á Saúde (IRAS) pode estar relacionado a não compreensão por parte de alguns profissionais de demais envolvidos na assistência, da importância do ato de lavar corretamente e periodicamente as mãos. A partir da realização desta intervenção corrobora-se a importância da realização destas em âmbito hospitalar como importantes ferramentas de estratégia preventiva que pode e deve ser construída em conjunto (profissionais de saúde, criança, família, comunidade e sociedade em geral). A prevenção e promoção da saúde configuram-se como um caminho eficaz para a redução dos índices de internação e adoecimento de nossas crianças.
Palavras-chave
Gastroentorocolite aguda; educação em saúde; prevenção.
Referências
BUHLER, Helena Ferraz et al . Análise espacial de indicadores integrados determinantes da mortalidade por diarreia aguda em crianças menores de 1 ano em regiões geográficas. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 19, n. 10, pg.: 4131-4140, 2014 .
SANTOS, E. A.; SANTANA, I. O.; VILELA, A. B. A.; SEGUNDO, R. P. S.; MOTA, T. N.; SANTOS, A. R. Ações educativas sobre a higienização das mãos no ambiente hospitalar. EFD.esportes.com.Revista digital, ano 20, n. 207, 2015.