Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Vivendo e aprendendo a envelhecer com qualidade: relato de uma extensão universitária em enfermagem
tiago de nazaré das chagas e chagas, sandra helena isse polaro, thais regina alencar fonseca, ingrid raiane rene cordeiro, marilia de fatima vieira de oliveira, roseneide dos santos tavares, Hilma solange Lopes de Souza, andreia ribeiro da Costa

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


APRESENTAÇÃO: O processo de envelhecimento é um dos mais marcantes acontecimentos nos mais variados tipos de agrupamentos sociais e vem se intensificando nos países em desenvolvimento como o Brasil. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas IBGE, obtidos através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios-PNAD/2013 apresenta-se um universo de 196,9 milhões de habitantes, destes, o número de pessoas com 60 anos ou mais, já ultrapassa 14,9 milhões, o que representa mais de 12% da população brasileira, sendo que este quantitativo tende a quadruplicar fator que em 2060 fará do país um dos maiores em número de idosos do mundo. As mudanças no perfil populacional refletem grandes preocupações não só em decorrência dos agravos de doenças crônicas, mas da interação da saúde física e mental, da independência financeira, capacidade funcional e suporte social (Brasil, 2006). Perante esta nova conjuntura, se fazem necessárias ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde, partindo de ações integradas entre os níveis de atenção a saúde, em uma perspectiva interdisciplinar e multiprofissional. No âmbito municipal, o PNAD nos mostra a capital paraense com um número de idosos com 60 anos ou mais corresponde a cerca de 10,7% de toda a população sendo os idosos com 70 anos ou mais correspondentes a 4,7% desta população. Partindo destes dados, observamos a necessidade de se prestar não somente ações curativas, mas sim, ações preventivas de educação em saúde de forma contínua. Neste terceiro ano do programa “Vivendo e Aprendendo a Envelhecer com Qualidade”, visamos à manutenção das atividades de educação em saúde como maneira de estimular o autocuidado, e buscamos propiciar também maiores oportunidades de interação social e o fortalecimento do vínculo entre os participantes do grupo de convivência de uma unidade básica de saúde do município de Belém-Pa, visando atingir um público maior e mais diversificado. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Este estudo é um relato de experiência das ações em educação em saúde vivenciada pela equipe do projeto de extensão “Vivendo e aprendendo a envelhecer com qualidade” da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará no período de março a agosto de 2015. A educação em saúde é uma estratégia que visa à promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde. Enquanto realizadas dentro de um grupo favorecendo a interação social, a construção de conhecimento de forma coletiva, além da descoberta de novos significados através do diálogo. A Educação Popular é aquela que reconhece que os educandos são sujeitos construtores de seus conhecimentos e que essas construções partem, necessariamente, de suas vidas e da realidade em que estão inseridos (ALVES E AERTS, 2011). Afonso E Abade (2008) destaca que as rodas de conversa são utilizadas nas metodologias participativas, seu referencial teórico parte da articulação de autores da psicologia social, da psicanálise, da educação e seu fundamento metodológico se alicerça nas oficinas de intervenção psicossocial, tendo por objetivo a constituição de um espaço onde seus participantes reflitam acerca do cotidiano, ou seja, de sua relação com o mundo, com o trabalho, com o projeto de vida. Para que isso ocorra, as rodas devem ser desenvolvidas em um contexto onde as pessoas possam se expressar, buscando superar seus próprios medos e entraves. Desta forma optamos por manter esta metodologia, pois possibilita o aprendizado através da socialização das experiências de vida dos participantes, propiciando a problematização de situações cotidianas, construindo assim o debate e reflexão coletiva. RESULTADOS E IMPACTOS: Como este se trata do terceiro ano do programa, os idosos se encontram já acostumados às ações desenvolvidas e de certa forma até esperam ansiosos por elas, de tal forma, que já não há tanta dificuldade na participação dos mesmos nas atividades propostas, pois se sentem confortáveis para expor suas dúvidas e contribuir nas discussões tanto com o mediador, como com os próprios colegas. Como o projeto sempre visou a abordagem de temas centrados na prevenção de patologias próprias da idade (diabetes, hipertensão, alimentação saudável dentre outras), desta vez resolvemos além de manter estes temas, introduzir temáticas mais íntimas como “a relação entre fé e saúde”, “a sexualidade na velhice” e a “violência contra o idoso”, além de outros temas que pudessem ser abordados de forma ainda mais ativa como “alongamento corporal e postura”, e o “ato de dançar como atividade física”, assim os idosos se mostraram sempre muito interessados e participativos. Desta forma, os idosos revelaram em suas falas a sua alegria em poder aprender e contribuir na construção coletiva do conhecimento, pois através do diálogo é possível repensar sobre a sua realidade e assim agir para que se possa mudar não só seus hábitos, mas o de seus familiares, companheiros, e a própria comunidade onde estão inseridos, pois se tornam propagadores do saber, e assim se emancipam dentro de sua sociedade estabelecendo uma visão um pouco mais crítica de mundo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Com o passar dos anos e as perdas biológicas ocasionadas naturalmente pelo processo de envelhecimento, acabam tornando o idoso um ser com dificuldades pontuais no desenvolvimento de certos tipos de tarefas, com isso acaba por comprometer a venda da sua força de trabalho, diminuindo assim, sua obtenção de capital e isso aliado a inúmeras questões de cunho social a exemplo do preconceito que, podem levar este idoso a um processo de isolamento, comodismo e potencial dependência funcional. Estas ações de educação em saúde em forma de roda de conversa são capazes de transformar o cotidiano deste idoso, pois ele sai de casa, onde não raro enfrenta problemas familiares, seja com o companheiro (a) e filhos, e passa a conviver com pessoas da mesma faixa etária, alegres, divertidas, interagem com os profissionais e acadêmicos de diversos cursos e por fim constroem o conhecimento coletivamente, podendo contrapor o que está sendo debatido com a própria realidade que está inserida. A reflexão sobre o seu papel social, e sobre sua própria vida, se torna a maior e melhor ferramenta para a melhoria de sua qualidade de vida, que é o maior objetivo deste programa. Do ponto de vista acadêmico, este programa se torna uma experiência sem precedentes para o graduando em enfermagem, pois permite vislumbrar um cuidado centrado na prevenção e promoção da saúde, podendo acompanhar de perto os resultados que as práticas educativas surtem na vida do usuário e na comunidade.

Palavras-chave


Idoso; Educação em Saúde; Educação da População.