Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AMPLIANDO O OLHAR SOBRE AS INFÂNCIAS, O TRABALHO MÉDICO E SUA INSERÇÃO NA REDE DE CUIDADO: UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICO- CONCEITUAL
Isabella Araujo Martins, Joyce Martins da Silva, Vitor Talarico Campomizzo, Sônia Maria Dantas Berger

Última alteração: 2015-10-28

Resumo


O Trabalho de Campo Supervisionado I (TCS1) é uma disciplina aplicada no primeiro ano do curso de medicina da UFF e que confere um de seus diferenciais curriculares. As turmas são divididas em grupos, cada qual com um tema. A imersão em textos, vivência nos campos/cenários de prática e sua discussão/problematização promovem uma reflexão sobre a prática médica, buscando-se construir um olhar ampliado para compreensão da determinação sociocultural do processo saúde - doença e trazer o entendimento aos alunos de que essa prática médica está além da assistência aos efeitos de uma doença, sendo isso tudo pautado na perspectiva da integralidade e humanização do cuidado. Neste relato, abordaremos nossa experiência enquanto alunos e preceptora do TCS Ia - Infâncias: sentidos e direitos. Na experiência durante a disciplina, exploramos diferentes facetas da infância através da história, desde as concepções da criança como miniatura do adulto até seu reconhecimento como sujeito de direitos, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil. O Conselho Tutelar e o processo de acolhimento institucional interagem com efeitos das desigualdades sociais na vida das famílias. Observa-se o protagonismo das crianças na construção de sua identidade, inclusive envolvendo as questões de gênero. Compreende-se a infância como construção sócia – histórica - cultural que, apesar de diversa, é sempre permeada pelo brincar. Como campo-chave, apontado nas avaliações da disciplina, destacamos a visita a um hospital municipal pediátrico, integrante do SUS, onde a sincronia entre recursos físicos e humanos às demandas da criança revelou-se fundamental para vivenciarmos a integralidade e humanização dos cuidados. Percebemos que através do trabalho em equipe, articulação com a rede, valorização da participação familiar e garantia de espaços lúdicos e pedagógicos no meio hospitalar, o bem-estar é proporcionado a todos, refletindo uma dimensão cuidadora, que garante direitos e  promove saúde. Nessa perspectiva, percebemos a importância quando a criança está no hospital da valorização dela como indivíduo e não apenas como paciente. O que se pode notar a partir dos relatos de funcionários é que o sucesso terapêutico está intimamente relacionado com a forma como as particularidades da realidade infantil são mantidas no ambiente e no cotidiano hospitalar. Sendo que isso não se associa apenas com as crianças, mas também com seus acompanhantes a partir da realização de Rodas de Conversa, onde é possível conhecer mais a história de cada criança e de suas famílias, desenvolvendo ainda mais empatia por elas. A disciplina, portanto, colabora para uma formação crítico-reflexiva, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, explorando os sentidos das diferentes infâncias e permitindo melhor entendimento do trabalho médico na rede de cuidado, possibilitando os alunos de enxergarem a necessidade de expandir a sensibilidade a essas questões para nossa futura prática profissional.  Ratificamos sua importância para uma educação médica sintonizada com as necessidades da população, o que segue como desafio frente ao modelo biomédico e ainda hegemônico de formação.