Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A TRANSVERSALIZAÇÃO NA GESTÃO DOS EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Luana Paula Santos de Lima

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


Neste trabalho iremos observar o princípio da transversalidade.   O princípio da transversalidade prevê que a atenção e a gestão devem andar juntas sendo diferente dos modelos verticais, burocratizados e hierárquicos presente em muitos serviços, sempre em busca do fortalecimento de redes, melhorando assim os modos de cuidar e gerir os serviços.   O HumanizaSUS quer propor e quer apostar que o conceito de homem ideal se distancie e que busquemos aprender pelos conceitos de experiência, ou seja, essa humanização vai acontecer no concreto das vivências diárias dos serviços de saúde, nas propostas diárias dos humano - colaboradores que não são aquele homem perfeitos e idealizados. A PNH sob essa perspectiva aproxima as iniciativas já existentes, a fim de englobar e vigorar, tendo como base as experiências do SUS, aumentando as conversas sobre s conceitos da humanização e a não separação entre a atenção e a gestão.   Desta forma fica evidente a necessidade da discussão e da elaboração de pesquisas sobre o tema transversalidade, pois este é um subsídio extremamente valioso para orientação dos modos de gerir serviços de saúde, em especial os serviços de saúde, visto que sem o estudo dos possíveis melhoramentos as formas de atenção e de gestão, não se fazem avanços nos modelos burocratizados de gestão e na busca pela co-gestão. O objetivo deste trabalho é verificar o conceito de transversalidade e sua aplicação na gestão dos equipamentos de saúde. O presente estudo se caracterizou como uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa e descritiva. Para seu desenvolvimento, foi realizado um levantamento bibliográfico na biblioteca virtual da saúde, nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), por meio das palavras chave transversalidade e transversalização e que faziam referência aos serviços de saúde, não houve delimitação da janela cronológica para pesquisa. Foram incluídas na pesquisa todas as publicações desta temática, e após a identificação das obras, foi feita a leitura dos resumos, e selecionadas aquelas que fizeram referência ao objeto da pesquisa. Em seguida as publicações foram lidas na integra e realizada a identificado o conceito de transversalidade, posteriormente caracterizadas conforme o ano de publicação, base de dados, titulação/profissão dos autores e o conceito de transversalidade. A análise se realizou considerando o referencial teórico de transversalidade da Política Nacional de Humanização. Encontrou-se 7 trabalhos utilizando a palavra chave transversalização e 74 com a palavra transversalidade, totalizando 81 publicações. Entre estes, após a leitura dos resumos,  foram excluídos 69 que não fizeram referência ao objeto de pesquisa, não se apresentaram na íntegra e estavam escritos em outro idioma, restando 12 publicações a serem analisadas. Entre as publicações, 5 fazem referência ao conceito de transversalidade em diferentes níveis de gestão, 5 descrevem sobre assistência, um sobre rede e um sobre política.   Verificamos nesta pesquisa que houve a ampliação da compreensão sobre os conceitos de tranversalidade e transversalização complementando o conceito da PNH. Nas publicações 6 e 10 se utilizou o conceito da análise institucional onde descreve sobre os atravessamentos políticos, econômicos, sociais, culturais, sexuais e libidinais existentes em uma relação social e consequentemente em todas as instituições.   Já nas publicações 1, 2, 3, 5, e 11 observou-se o conceito utilizado na educação, onde um tema deve estar presente em várias áreas. Averiguamos que o conceito utilizado no princípio da transversalidade da Politica Nacional de Humanização ainda esta sendo insuficientemente estudado pelos profissionais dos equipamentos de saúde, e esta sendo pouco aplicado pelos gestores dos serviços, houve somente 2 trabalhos que utilizaram o conceito exato da PNH, 7 abrangeram parcialmente. Observou-se entre as publicações, apenas a publicação 6 e 9 aborta a gestão, trabalhando o conceito da transversalidade utilizado na análise institucional. As outras publicações 8 e 11 abordam a assistência. No estudo 8 se discute a transversalização da clínica, utilizando como um potencializador das ações e no 11 discute a transversalidade na prática psicossocial, ou seja, no dia a dia das ações e atendimentos realizados no serviço.   Encontramos um trabalho (12) onde se estudou aplicação do conceito de transversalidade da PNH na gestão de equipamentos de saúde. E explicita que a PNH indica o fortalecimento do trabalho em equipe como estímulo a transversalidade. Para que não se perca a característica instituinte do SUS todos os profissionais da saúde devem se apropriar dos princípios da PNH e utilizá-los nas suas práticas diárias. Fomentando a figuração principal desses sujeitos, mostrando aos gestores que os trabalhadores da saúde podem fazer seu exclusivo processo de trabalho, podendo inclusive  aperfeiçoar a gestão participativa e dessa forma aumentar a tranversalização das pessoas e redes incursas no atendimento aos usuários, criando assim uma gestão corresponsável. Para isso acontecer os profissionais deve pensar e criar mecanismos em rede, com a ausência de atravessamentos hierárquicos, que tenham incontestável reconhecimento da importância de diferentes saberes e uma descentralização da supervisão. Também, dispositivos internos coletivos, flexíveis e dinâmicos de troca de saberes, que motivem a valorização da experiência profissional sem minimização da experiência humana, buscando alto grau de comunicação e motivando a criação de conhecimentos subjetivos. Criando assim uma nova configuração dos serviços de saúde, com base em uma organização coerente de atendimento territorial e descentralizado. Tornando esses equipamentos metamórficos e transformadores no atendimento em saúde, se mostrando propícios para implementação de práticas que estimulem a produção de subjetividades interdisciplinares, que implicam na constituição de novas formas de se pensar, tratar, cuidar e gerir o serviço, na busca da resolubilidade da atenção em saúde. Fazendo desta forma os próprios humanos - colaboradores irão estruturar uma assistência e gestão que utilizam a PNH como norteador e que incorporem o conceito de transversalidade nas práticas do dia a dia das instituições de saúde, fazendo com que ocorra o  encontro entre a gestão e a assistência. Observamos que o conceito de transversalidade e transversalização encontrado nos trabalhos transitam por definições dadas por diversos autores e por várias linhas de pensamento e que houve a ampliação da compreensão sobre os conceitos complementando o conceito da PNH. Dentre os trabalhos, três deles fizeram referência à gestão dos serviços e trouxeram uma visão positiva do uso da transversalidade como interventora da transversalidade nos saberes e nas práticas do cotidiano do serviço, produzindo desta forma subjetividades e mudança da cultura dos trabalhadores. Podemos afirmar que apesar do pequeno número de trabalhos encontrados, a qualidade dos achados se mostra relevante e condizente com o exposto na PNH.  

Palavras-chave


Transversalização; transversalidade; Gestão; Saúde

Referências


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