Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Agentes comunitárias de saúde promotoras da saúde da população negra: agentes de transformação
Fabiana Aparecida Oliboni Minuzzo, Daniel Canavese de Oliveira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A Unidade de Saúde da Família (USF) Estrada dos Alpes, no município de Porto Alegre/RS, há aproximadamente dois anos passou pelo processo de conversão do modelo de atenção de Unidade Básica de Saúde (UBS) para USF. Desde então, a equipe vem passando por diversas transformações a fim de se adaptar ao novo modelo de atenção. Destas mudanças, centraliza suas discussões para organização do processo de trabalho, tendo o acolhimento aos usuários como modo essencial para acesso às ações ofertadas pelo serviço. A equipe se organiza seguindo os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), procurando orientar suas ações para a universalidade do acesso, humanização, equidade e participação social. Além do acesso, portas abertas, a partir do acolhimento/escuta, a equipe concentra também suas ações para continuidade do processo de cadastramento dos moradores do território. As atividades referentes à territorialização são constantemente discutidas em equipe, ficando a cargo das agentes comunitárias de saúde (ACS) o processo de cadastramento in loco. Através das informações coletadas nas visitas domiciliares foi construído um mapa falante, que representa a situação de saúde dos moradores adscritos, identificando grupos prioritários e particularidades de território. A consolidação do processo de cadastramento neste momento assume papel norteador para o planejamento das ações de saúde da equipe, visto que também depende dos indicadores de saúde e identificação dos grupos mais vulneráveis para organizar ações de saúde àqueles que mais necessitam. A partir deste contexto e do trabalho para conhecimento da situação de saúde do território a equipe realiza reuniões semanais para discutir o processo de trabalho a fim de qualificar as ações e vínculo com seus usuários. Também faz parte da rotina atividades de educação permanente, como oficinas e rodas de conversa, para discutir assuntos pertinentes ao cotidiano de trabalho. Em consonância com as orientações para organização do trabalho, através de documentos oficiais do Ministério da Saúde (MS), agrega-se neste momento o estudo da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). A particularidade de inserção desta política nas discussões da equipe refere-se à necessidade de ações voltadas a esta população, visto que os indicadores de saúde da população negra demonstram indicadores negativos em relação aos indicadores da população branca. Além da população geral do território que se auto declara de raça e cor negra, cabe ressaltar a existência da população quilombola moradora no território. Em função da realidade constatada, o presente trabalho pretende apresentar as ações que vem sendo planejadas e realizadas pelas ACS, que são Promotoras da saúde da população negra, capacitadas por curso oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS/POA). Algumas das ações preconizadas consistem na sensibilização da equipe, através das atividades de educação permanente, incluindo discussões sobre PNSIPN, quesito raça e cor, racismo institucional, avaliação de indicadores de saúde e planejamento de ações, em conjunto com a equipe, que visem priorizar as condições de acesso e qualidade da atenção à saúde da população negra do território.