Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: PROCESSO DE TRANSIÇÃO DO AMA E IMPLANTAÇÃO DA UBS INTEGRADA JD. CAMPINAS – RESGATE DO MODELO TRADICIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA
Adriano Maiolini, Armênia Gonçalves, Paulo Fernando Capucci, Bruna Pedroso Canever

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


O serviço de Atendimento Médico-Ambulatorial (AMA) do Jardim Campinas, situado no município de São Paulo, na região da Supervisão Técnica de Saúde (STS) de Parelheiros, em funcionamento desde 24 de agosto de 2005, é uma unidade de Atenção Básica (AB) caracterizada como porta de entrada para atendimento de urgência e emergência clínico e pediátrico. O serviço do AMA, gerenciado por uma organização social de saúde (OSS) funciona integrado a uma UBS tradicional, gerida pela administração direta, com serviços e CNES distintos, cuja área de abrangência possui uma população de aproximadamente 27 mil usuários. Por ser uma unidade de fácil acesso, próxima a um grande terminal de ônibus e divisa com a região da STS Capela do Socorro, possuía uma demanda diária considerável de atendimentos de urgência e de casos agudizados, principalmente, de usuários de 8 (oito) unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF) da região vizinha.Em 2015, com as propostas das novas diretrizes (Fortalecendo a Atenção Básica no Município de São Paulo), o governo definiu a transformação de algumas AMA do município para adequação como Unidades Básicas de Saúde Integrais (UBSI) que resgatariam, de certa forma, o modelo de Atenção Básica Tradicional e, o AMA do Jd. Campinas foi um dos serviços escolhidos. A diretriz trouxe e norteou algumas propostas como a unificação das duas unidades (CNES e gerencia), integração da recepção das unidades, a implantação da chamada Recepção Técnica Acolhedora (RTA) realizada por profissionais de nível superior, a manutenção de um Núcleo de Pronto Atendimento (NPA) para o período de transição de modelo, o agendamento de consultas para os médicos plantonistas do AMA que antes atendiam somente a demanda espontânea, dentre outros. A Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Sul, responsável pelas respectivas regiões das STS, conjuntamente com a Organização Social de Saúde (OSS) parceira e a Escola Técnica de Saúde (ETSUS), iniciaram o processo de planejamento pleiteando a implantação e transformação do modelo de atenção. Para isso, realizou-se uma série de estudos e oficinas com os profissionais e gerentes das unidades que mais referenciavam para o serviço do AMA/UBS Jd. Campinas, dentre elas: UBS Chácara do Conde, Chácara do Sol, Chácara Santo Amaro, UBS Mirna, UBS Novo Horizonte, UBS Três Corações, UBS Varginha e UBS Vila Natal. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência do processo de transição do AMA e implantação da UBS integrada Jd.Campinas. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: No mês de maio de 2015, aconteceram 06oficinas, com 49 profissionais dos serviços citados que teve por objetivo a discussão das propostas da diretriz e modelo de AB que seria resgatado com a implantação da UBSI e o que acarretaria para os serviços de entorno, ou seja, os casos agudizados e crônicos, sem risco de vida, seriam referenciados e deveriam ser acolhidos pelas suas unidades de origem de forma gradativa.Após a realização das oficinas, os gerentes das unidades e os profissionais participantes da capacitação fariam um processo de sensibilização/multiplicação com os outros profissionais que não puderam participar dos encontros, pois as referidas unidades começariam a atender a sua demanda de referência, antes realizada pelo AMA.Os profissionais enfermeiros passaram por uma capacitação específica sobre os protocolos utilizados na AB e outras rotinas como vacinação, realização de consulta e Papanicolau, programações diferentes das realizadas por um serviço de AMA, dentre outras. Os profissionais médicos, que não aceitaram trabalhar com a proposta de consulta agendada, poderiam escolher outras unidades da rede com mesmo perfil do AMA para atuação.Frente a este processo de reorganização de modelo de atenção está a RTA e profissionais enfermeiros que deixaram o modelo de triagem de risco proposto no serviço de urgência, para uma escuta qualificada com embasamento dos protocolos de enfermagem e, assim, os atendimentos dos casos graves resolvidos pelo NPA e os casos sem gravidade (usuários pertencentes à área de abrangência da unidade), serão realizadas o agendamento de consulta médica. Os usuários que não apresentarem nenhum risco iminente devida, provenientes de outros serviços da AB, serão atendidos na RTA e referenciados para as suas unidades de origem, mediante contato telefônico, guia de encaminhamento e enviado via e-mail (relação dos usuários atendidos no serviço) para ciência dos gerentes e equipes que, terão qualificar e reestruturar os seus processos internos que visam a corresponsabilização, acolhimento e vinculação de seus usuários.  RESULTADOS: Abaixo, a tabela 1 apresenta os dados dos números de atendimentos médicos realizados pelo serviço do AMA Jd. Campinas nos três meses anteriores ao processo de implantação do serviço para UBSI: Abaixo, a tabela 2 apresenta os números de atendimentos médicos realizados desde o dia 20 de julho, período ao qual unidade do AMA passou a funcionar como UBSI: Abaixo, a tabela 3 que demonstra o comparativo das unidades de saúde que mais referenciavam para o serviço do AMA nos três primeiros meses anteriores e, a posição atual, após a implantação da UBSI. Obs.: No mês de abril os dados estatísticos foram computados a partir do dia 14/04/2015. Diante dos dados apresentados na tabela1, que representa o período da transição de modelo, oficinas e reuniões de sensibilização com os representantes das unidades que mais demandavam para o serviço do AMA: constata-se uma diminuição gradativa dos usuários atendidos no serviço entre o período de abril a julho, o que pode representar que as unidades da região envolvidas, trabalharam a questão da vinculação e acolhimentos dos usuários que procuravam pelo serviço do AMA Jd. Campinas. A tabela 2, demonstra a efetivação do trabalho realizado pela RTA e NPA da UBSI, a diminuição da demanda atendida, proporcionada pela atuação dos enfermeiros, atendimentos médicos frente a RTA(paciente de risco) e a demanda agendada para atendimento (pacientes sem risco).E por fim (tabela 3), a diminuição da demanda de atendimentos de usuários por respectivas unidades de saúde que trabalharam o processo de acolhimento organizado por meio de encaminhamentos da UBSI (impresso, telefone, e-mail), ou seja, readequação deste processo: responsabilização pela própria demanda espontânea, vinculação de seus usuários ao serviço e mesmo o agendamento de consultas médicas e de enfermagem, dentre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir do relato citado, é evidente que a proposta de ampliar o acesso com qualidade, organizado por meio da implementação da UBS Integral, é uma proposta de enfrentamento aos problemas de saúde do território e à diversidade das condições de uso, é uma forma de trabalhar a adscrição, integrando a atividade programática com o atendimento não agendado e rompendo a segmentação/fragmentação da situação UBS-AMA. É apostar na melhoria da qualidade da assistência da população, substituindo um modelo de atendimento as demandas agudas, por um modelo de cuidado longitudinal, além de trabalhar a rede, pois cada unidade/profissionais envolvidos no processo são corresponsáveis pela organização e atendimento de suas próprias demandas. A atuação em prol da promoção da saúde de forma sistemática e respeito com a comunidade, pois o serviço atende as pessoas de forma integral, com ação multidisciplinar resolvendo problemas e possibilitando a continuidade do cuidado com os outros pontos de atenção da rede.

Palavras-chave


AMA; UBSI; Reorganização de Modelo de Atenção