Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Saúde da Criança e situações de risco e vulnerabilidade: Experiência de um grupo de acadêmicos de Medicina em estágio de integração ensino-serviço em uma Unidade Básica de Saúde da Família de Campo Grande-MS
Heron Leal Farias, Elizete da Rocha Vieira de Barros, Adélia Delfina da Motta Silva Correia, Débora Emiko Aoki Mascarenhas, Irineu Farina Neto, Carolina Donaire Souza, Thiago Scheeren de Souza

Última alteração: 2015-11-13

Resumo


APRESENTAÇÃO: Este resumo trata da experiência de um grupo de acadêmicos no estágio da disciplina de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, do 4º ano do Curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Famed-UFMS), na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande-MS. Ela envolve discentes, docentes, preceptor do serviço, equipe de saúde e população adstrita. Nessa integração à Saúde da Família e Comunidade, a disciplina tem buscado oferecer visão integrada das diversas clínicas e níveis de atenção do sistema de saúde. A identificação de fatores de risco e vulnerabilidade individual das crianças e suas famílias foram norteadores para o primeiro contato e a necessidade da visita domiciliar, elegendo para acompanhamento crianças reconhecidamente consideradas em risco pela equipe de saúde, com dificuldades de acompanhamento em situações cotidianas do cuidado. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: As atividades basearam-se em roteiros estruturados, debatidos teoricamente e executados na UBSF. Isso levou à abordagem de uma família com criança de 1a e 2m, sem consultas regulares na puericultura, com alteração na triagem auditiva neonatal, vacinas atrasadas, risco social e econômico, com drogadição e desemprego, e com relação morador/cômodo maior que 1 (Escala de Coelho e Savassi). As atividades foram desenvolvidas em visitas semanais, com a presença do agente comunitário de saúde (ACS). A cada atividade, havia a troca de informações com o preceptor para encaminhamentos para o caso. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: A visita domiciliar se revelou como potente ferramenta de cuidado, promovendo o reconhecimento do pouco interesse da mãe pelas consultas de puericultura, vulnerabilidade decorrente do ambiente de drogadição e conflito entre os pais, além de um intenso fluxo de pessoas no domicílio. Aconteceu o diálogo com a mãe para orientações relativas ao acompanhamento, utilizando o Cartão da Criança, praticamente sem preenchimento. Reforçou-se o vínculo, com a equipe e o ACS, fazendo com que a mãe colaborasse mais com as orientações e procedimentos necessários à manutenção da saúde da criança. Também ocorreu agendamento de consulta com Fonoaudiólogo para nova avaliação auditiva da criança. Apesar de a puericultura não estar regular, o calendário vacinal foi atualizado, fato que, para a equipe, é visualizado como positivo decorrente desta sensibilização e interesse da mãe. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A importância da identificação destas famílias e a realização da visita domiciliar possibilitam a melhor contextualização do problema e o conhecimento das concepções da família acerca do cuidado com a criança. A equipe foi fundamental, destacada a interação com o ACS, elo com a família, que possibilitou a horizontalidade requerida. Permitiu também aos acadêmicos e equipe refletirem sobre questões de grande repercussão na saúde da criança, como violências e acidentes, explicitando fatores de proteção a serem trabalhados. A equipe, através da abordagem familiar realizada também se envolveu, percebendo a importância de reforçar a promoção e a prevenção, sugerindo o aumento do número de visitas, bem como ampliando a possibilidade de acionar um leque de profissionais que poderão prestar assistência, considerando a construção de projetos terapêuticos singulares para atender núcleos familiares como este. 

Palavras-chave


Educação Médica; Visita Domiciliar; Estratégia Saúde da Família

Referências


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