Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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NEGRAS E INDÍGENAS : SUAS FORTES CONTRIBUIÇÕES NA MEDICINA CASEIRA DO BRASIL
Valentina de Lima Camargo, Raquel Margarete Franzen de Avila, Sirlei Bortolini, Juliano Paines Martins

Última alteração: 2015-12-13

Resumo


A prática médica no Brasil é o resultado de trocas e apropriações de experiências entre europeus, índios e africanos. Esse amálgama de saberes enriquece, desde os tempos da Colônia, o receituário de mezinhas populares que constituiu prática bastante comum no Brasil no século XIX, tanto na zona rural como nas cidades. Muitas foram às contribuições desses povos para a medicina, porém como esses saberes não foram totalmente descritos muito dessa cultura se perdeu com a extinção de algumas tribos, dos pajés e dos negros mais idosos que eram detentores desses saberes. O conhecimento dos indígenas sobre as propriedades medicinais da flora foi mantido graças à tradição oral, alguns registros e da crendice popular que davam alusões ao tratamento de diferentes doenças e males como ferimentos e dermatoses. Os saberes eram passados de mãe para filha, através de receitas culinárias e chás caseiros que resolviam quase todos os males. Curandeiras, benzedeiras, parteiras e raizeiras também possuíam muitos conhecimentos sobre o uso das ervas e de como as mesmas poderiam ajudar seu povo nas enfermidades que os assolavam. Com o advento dos fármacos industrializados muitas referências foram perdidas deixando uma lacuna entre os saberes populares e os saberes científicos. A Organização Mundial da Saúde - OMS recomenda incrementar e ampliar a prática de eficácia comprovada, divulgar experiências bem-sucedidas, realizar eventos de integração e intercâmbio; incrementar qualitativa e quantitativamente a inserção das Práticas Integrativas Complementares - PICs, divulgando o uso racional de plantas medicinais. A importância destas plantas na prevenção e cura de doenças foi reconhecida pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, que as inseriu como opção terapêutica no sistema público de saúde. Não só na medicina os conhecimentos nativos foram importantes, muitos hábitos alimentares trazidos pelos negros africanos, misturados com o conhecimento do indígena local enriqueceram a culinária brasileira com sabores, aromas e temperos.  Este trabalho tem por objetivo realizar estudos aprofundados sobre a fitoquímica destas plantas, proporcionar o resgate destes aprendizados e difundir os conhecimentos tradicionais das mulheres negras e indígenas no uso da “medicina caseira”. Não deixar morrer os saberes medicinais já vivenciados pelos afroindígenas. Para este estudo será necessário levantamentos de dados utilizando-se da metodologia exploratória, onde primeiramente buscar-se-á uma revisão bibliográfica sobre o tema e após visitas nas aldeias indígenas localizadas na cidade de Farroupilha-RS e nas aldeias quilombolas localizadas na região central do Rio Grande do Sul. Os resultados prévios apontam que o uso de ervas medicinais e aromáticas apresenta-se bem difundido entres os moradores dos locais estudados e mantendo-se a tradição devido ao baixo custo desses espécimes e a fácil acessibilidade para a comunidade, não descartando o uso esporádico de fármacos sintéticos. Vislumbra-se com o estudo, a catalogação dos espécimes mais utilizados e a construção de manuais que possam servir como orientadores de práticas complementares ao cuidado da saúde, podendo este ser consultado a quem tenha interesse.

Palavras-chave


Planta medicinal1; indígenas2; alimentação3; culinária4.

Referências


CORDOVA,Tânia. Formação Continuada: Cultura Africana. Indaial, SC. Editora: Grupo UNIASSELVI.2011.

MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura Afro-Brasileira. São Paulo: Editora Contexto, 2007.

RIBEIRO, Josuel Stenio da Paixão.A Formação do Povo Brasileiro e suas Consequências no Âmbito Antropológico.2012. Disponível em:. www.uniesp.edu.br/revista/revista14/pdf/artigos/01.pdf. Acesso em 31 dez,2014.

SILVA, Dilma de Melo: Calaça, Maria Cecília F. Arte africana e afro-brasileira. São Paulo: Terceira Margem 2006.