Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A Percepção de violência contra a mulher: uma abordagem com as servidoras da Universidade do Estado do Pará (UEPA) - Campus XII
Thaís Ferreira Barreto, Márcio Sirley Assunção da Costa, Nádia da Costa Sousa, Samilla Calderaro Gato, Maria Naceme Araújo Freitas, Yara Macambira Santana Lima

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


INTRODUÇÃO: A violência contra a mulher é um grave problema de saúde pública, que possui vários tipos, desses evidencia-se alguns que ocorrem em um numero maior de frequência: Violência de gênero: consiste em qualquer ação ou conduta relacionada ao gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico, tanto no âmbito público quanto no privado. Violência intrafamiliar: é toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade, e o direito ao pleno desenvolvimento. O conceito de violência intrafamiliar não se refere apenas ao espaço físico onde ocorre, mas também às relações em que se constrói e se efetua. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: Distingue-se da violência intrafamiliar por incluir outros membros do grupo, sem função parental que convivam no espaço doméstico. Inclui-se aí empregadas (os) e pessoas que convivam esporadicamente agregados. Acontece dentro de casa ou unidade doméstica, geralmente é praticada por um membro da família que viva com a vítima. As agressões incluem: abuso físico, sexual e psicológico, a negligência e o abandono. VIOLÊNCIA FÍSICA: Ocorre quando uma pessoa, que está em relação de poder à outra, causa ou tenta causar dano não acidental, por meio do uso da força física ou de algum tipo de arma que pode provocar ou não lesões externas, internas ou ambas. Segundo concepções mais recentes, o castigo repetido, não severo, também se considera violência física podendo manifestar-se de varias formas: tapas, empurrões, chutes, entre outros. VIOLÊNCIA SEXUAL: Compreende uma variedade de atos ou tentativas de relação sexual sob coação ou fisicamente forçada, no casamento ou até mesmo em outros relacionamentos. É cometida na maioria das vezes por autores conhecidos das mulheres envolvendo o vinculo conjugal (esposo ou companheiro) no espaço doméstico, o que contribui para a sua invisibilidade. Diversos atos violentos podem ocorrer, sendo eles: estupro dentro do casamento ou namoro, exigência de sexo como pagamento de favores, abuso sexual de pessoas mental ou fisicamente incapazes, abuso sexual de crianças, aborto forçado, atos violentos contra a integridade sexual das mulheres, prostituição forçada e tráfico de pessoas com fim de exploração sexual. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: É toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa, inclui: Insultos constantes; humilhação; desvalorização; criticas pelo desempenho sexual; negar atenção e supervisão. Violência econômica e financeira: são todos os atos destrutíveis ou omissões do agressor que afetam a saúde emocional e a sobrevivência dos membros da família. Inclui: roubo; destruição de bens pessoais ou de bens da sociedade conjugal; recusa de pagar a pensão alimentícia; usos dos recursos econômicos da pessoa idosa, tutelada ou incapaz destituindo-a de gerir seus próprios recursos e deixando-a sem provimentos e cuidados. VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL: São aquela exercida nos/pelos próprios serviços públicos por ação ou omissão. Abrange abusos cometidos em virtude das relações de poder desiguais entre usuário e profissionais dentro das instituições. Esta violência pode ser identificada de várias formas (preconceitos em relação às mulheres soropositivas HIV quando estão grávidas ou desejam engravidar); desqualificação do saber prático diante do saber científico. MÉTODO: A ação desenvolvida faz parte de uma atividade acadêmica desenvolvida ao final de cada semestre, após decisão do tema a ser abordado, optou-se pelo eixo temático da saúde da mulher com foco no conhecimento de uma população sobre os tipos de violências, foi solicitado através de ofício à coordenação do Campus liberação das funcionárias com dia e local para realização da ação. Participaram 10 mulheres, sendo 7 servidoras da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e 3 serviços prestados de empresa terceirizada. Para incentivar e facilitar a participação das servidoras, as atividades foram desenvolvidas durante o turno de trabalho. Após dinâmica interativa foi aplicado formulário semiaberto, combinando perguntas abertas e fechadas onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. Logo após realizou-se uma exposição referente ao tema: Violência contra a mulher e suas classificações e finalizando a atividade foi aberta a discussão para os questionamentos e esclarecimentos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir da tabulação dos dados obtidos por meio do questionário semiaberto, percebemos que 100% das mulheres participantes sabem o que é violência contra a mulher, 50% delas já sofreu algum tipo de violência dessas, todas disseram já ter sofrido violência psicológica e 40% já sofreram violência física e todas aconteceram em ambiente doméstico. Todas as participantes (100%) relataram saber identificar violência contra a mulher e já obtiveram alguma informação sobre o tema. Quando perguntadas sobre qual a lei que ampara a mulher contra a violência 70% responderam saber qual a lei relatando o nome da lei e 30% responderam não saber.  Foi perguntado ainda se elas seriam capazes de denunciar a violência contra a mulher 90% afirmaram que sim. Segundo o Ministério da Saúde com o advento da lei Maria da lei Maria da Penha lei 11.340 de agosto de 2006, as mulheres passaram a ter acesso à proteção. A grande divulgação da aprovação da lei nos meios de comunicação foi fator desencadeante do conhecimento obtido pelas mulheres e evidenciado nos resultados deste trabalho. Com base nos resultados da ação realizada com as servidoras da UEPA tornou-se evidente a necessidade de novas ações acerca deste tema, apesar de se ter notado o esclarecimento das mesmas em relação ao assunto. Uma vez que todas trabalham em um campus onde os cursos são predominantemente voltados para a área da saúde, elas até o momento não haviam sido o publico alvo de orientações prestadas por meio de ações educativas em saúde propostas pela universidade. CONCLUSÃO: O profissional de enfermagem deve atuar de forma sensível a detectar o problema mesmo que a mulher não transpareça, devendo encaminhar para outro serviço, uma vez que é preciso evitar que elas venham a sofrer também de violência institucional. Ao atender uma mulher nessa situação de violência o enfermeiro deve fazê-lo sem prejulgamento adotando uma postura de acolhimento e sem ditar o que ela deve fazer. Isso é particularmente importante na cultura brasileira, pois a mulher recebe a responsabilidade dos desfechos negativos ao que acontece em sua casa e em sua família, referente ao fracasso escolar dos filhos, gravidez indesejada, entre outros.

Palavras-chave


Violência; Saúde da Mulher; Enfermagem

Referências


CRUZ, I.C.F. A sexualidade, a saúde reprodutiva e a violência contra a mulher: aspectos de interesse para a assistência de enfermagem. Ver. Esc. Enfer. USP, São Paulo, v.38, n.4, p.448-457, dez.2004.

Ministério da saúde. Violência Intrafamiliar: orientações para a prática em serviço. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

Organização das nações unidas (ONU). Conferencia mundial para os direitos humanos. Conferência que visou discutir o reconhecimento dos direitos das mulheres que a violência de gênero fosse incluída na discussão; 1993; Viena [evento na internet]. [citado 2010 fev. 27]. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index. php/sistema-global.-declaração-e-tratados-internacionais-de-proteção/declaração-e-progama-de-acao-de-viena.html.

VALDETE, Boni,. SÍLVA, Jurema Quaresma. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Brasil, Santa Catarina, Revista Eletrônica dos Pós-graduandos em Sociologia Politica da UFSC, p.68-80, 2005.