Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Ensino em Saúde: Validação de Procedimentos Operacionais Padrões
JOANITO NIQUINI ROSA JÚNIOR, Liliany Mara Silva Carvalho, Antônio Moacir de Jesus Lima, Gilsimary Santana Santos, Claudia Mara Niquini

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


Desde 1970, o Ministério da Saúde desenvolve o tema Qualidade e Avaliação Hospitalar partindo de início da publicação de Normas e Portarias a fim de regulamentar esta atividade e atualmente trabalha na implantação de um sistema eficaz e capaz de controlar a assistência à saúde no Brasil. Desta forma, as instituições necessitam de certificações que orientam o processo de qualidade hospitalar. Segundo Prazeres, “Certificação é a Atividade de comprovação da qualificação de itens, produtos, serviços, procedimentos, processos, pessoal ou de sistema da qualidade, no todo ou em parte”. Para ser certificada, a organização precisa comprovar que tem um sistema da qualidade implantado e em funcionamento. A comprovação é feita através de uma auditoria de certificação conduzida pelo organismo de certificação contratado, via análise da documentação do sistema da qualidade (procedimentos, instruções de trabalho, documentos e registros da qualidade) e as evidências objetivas de sua implementação e funcionamento. No planejamento do serviço em saúde, especificamente hospitalar, os processos referentes à aplicação de procedimentos terapêuticos são orientados pela gestão de qualidade, através de certificações como a ISO 9001. Entende se que os padrões de qualidade do atendimento promovem a melhoria da qualidade do atendimento e satisfazem as necessidades e desejos dos usuários. São compromissos assumidos para com o cliente e descrevem, de maneira objetiva e clara, as características do atendimento que deverá ser prestado. Neste contexto surge o Procedimento Operacional Padrão (POP) como parte inerente e indispensável ao processo de gestão de qualidade hospitalar. O POP descreve cada passo crítico e sequencial que deverá ser dado pelo operador para garantir o resultado esperado da tarefa além de relacionar-se à técnica, palavra de origem grega que se refere à “disposição pala qual fazemos coisas com a ajuda de uma regra verdadeira”. Estas premissas possibilitam que qualquer profissional da área execute o procedimento padronizado e obtenha sempre os mesmos resultados desejados. Pensando numa instituição hospitalar, nos deparamos com diversos profissionais envolvidos no cuidado dos pacientes e que necessitam ter suas práticas documentadas e validadas, sendo a fisioterapia respiratória uma área cada vez mais crescente e com um leque vasto de técnicas. Trata se de um estudo de validação de tecnologia do tipo pesquisa de desenvolvimento, no qual se buscou melhorar um instrumento construído pelo próprio autor. Foram verificados e validados os 29 POPs referentes às técnicas de fisioterapia respiratória utilizadas na assistência hospitalar da Santa Casa de Caridade de Diamantina (SCCD), que foram produzidos pelo setor de fisioterapia das enfermarias, como exigência do escritório da qualidade da instituição. Os POP´s foram confeccionados a partir do processo de qualidade hospitalar iniciado em 2013 na SCCD com a colaboração de cinco fisioterapeutas da instituição, especialistas na área de Fisioterapia Respiratória, que utilizam as técnicas em sua rotina de trabalho. A construção dos POPs seguiu o modelo padrão adotado na SCCD, com a disposição dos seguintes itens: material, tarefa, desvios e ações necessárias, e resultados. O estudo ocorreu em duas etapas: A primeira etapa foi à seleção dos juízes. Foram convidados a participar da validação do conteúdo do protocolo nove juízes, com atuação nos vários serviços de referência em fisioterapia respiratória hospitalar, que foram selecionados por amostragem intencional, convidados para participação no estudo por grau de titulação acadêmica, experiência profissional na área e publicação de produção científica na área. Segundo Pasquali (1998), o total de seis juízes é suficiente para realizar esta tarefa, no entanto, contanto com a possibilidade de desistência ou não-aceitação de algum profissional, foram selecionados nove juízes. Para a seleção dos juízes, foi observada a recomendação prévia da literatura, de que os peritos alcancem uma pontuação mínima de 5 pontos, adquiridos por meio de critérios específicos que revelam domínio da área e natureza do estudo, adaptados da metodologia de Fehring. Foram selecionados todos os docentes da área respiratória do curso de fisioterapia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri que participam do estágio obrigatório da SCCD e as indicações provenientes deles.. A segunda etapa foi avaliação do conteúdo dos POPs pelos juízes. A avaliação ocorreu através de um questionário adaptado com os critérios sugeridos por Pasquali, de abrangência, clareza, coerência, criticidade dos itens, objetividade, redação científica, relevância, sequência e unicidade. No final de cada item avaliativo, os participantes justificaram suas respostas e forneceram sugestões para aperfeiçoar o instrumento. Para a análise dos itens dos POPs pelos avaliadores, as respostas seguiram o tipo escala de Likert, com quatro níveis de suporte: 1 – totalmente adequado, 2 – adequado, 3 – parcialmente adequado, 4 – inadequado. Foi aferida a média ponderal dos escores, que foram obtidos pelo somatório dos itens assinalados para cada resposta e então divididos pelo total de respostas. Para a adequação dos itens, consideraram-se apenas os que obtiveram percentual de concordância entre juízes igual ou maior do que 80%. Os itens que obtiveram percentuais abaixo de 80% foram reformulados, com base nas sugestões dos juízes, e confrontados com a literatura, com evidências clínicas de pesquisas. Dos participantes do estudo, dois não devolveram o questionário dentro do prazo estabelecido de retorno, desta forma a amostra foi composta por sete fisioterapeutas. Os juízes selecionados alcançaram a seguinte pontuação de acordo com a metodologia de Fehring: 42,8% obtiveram 6 pontos, 28,6% alcançaram 7 pontos e 28,3% conseguiram 8 pontos. Durante a avaliação dos protocolos vinte e uma técnicas obtiveram escore inferior a 80% na média ponderal no que se refere aos materiais necessários à execução da tarefa. Isso ocorreu devido à falta de alguns Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s) como sendo necessário para aplicabilidade da técnica. Dentre as sugestões realizadas pelos juízes houve a adição de máscaras e luvas de procedimento para a realização de todas as técnicas de fisioterapia respiratória, independente se a aplicação das mesmas necessita do contato direto do profissional com o paciente. Em relação à tarefa, os juízes realizaram algumas observações na aplicação das técnicas, principalmente no que diz respeito à execução precisa da técnica e abrangência de todos os itens necessários. Dentre as sugestões destacamos a introdução do oxigenoterapia durante todo o procedimento de aspiração das vias aéreas, inclusive antes da realização da técnica. Outras reformulações foram referentes às trocas de nomenclaturas, melhora na descrição das técnicas, adição de algum componente inerente ao procedimento e detalhamento de algumas condutas, no intuito de melhorar a leitura e enriquecer as técnicas protocoladas. No âmbito das ações e desvios necessários os juízes evidenciaram que algumas técnicas poderiam ser mais exploradas quanto aos itens que abrangem as adaptações ou casos de não-conformidade que podem surgir na execução da tarefa. Uma das sugestões foi que os padrões respiratórios que incluem divisão da inspiração deveriam ter uma pausa entre as repetições para evitar a hiperventilação. No que tange os resultados esperados apenas três técnicas tiveram suas descrições revistas no intuito de tornar o conteúdo mais amplo. As sugestões dos juízes contribuíram para melhor aplicabilidade das técnicas de fisioterapia respiratória no ambiente hospitalar, uma vez que a validação dos protocolos possibilitou a convergência de vários olhares para uma mesma atividade, agregando a experiência inerente a estes. Através do processo de validação, várias questões foram reformuladas, novas ações foram incluídas de modo a tornar o protocolo mais abrangente, alguns EPIs foram acrescentados e várias particularidades foram adicionadas de acordo com a prática assistencial de cada juiz.

Palavras-chave


Gestão hospitalar; Qualidade da assistência à saúde;Serviço de fisioterapia hospitalar

Referências


ABNT NBR ISSO 9001:2008, Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos.

ADAMI, N. P.; MARANHÃO, A. M. S. A. Qualidade dos serviços de saúde: conceitos e métodos avaliativos. Acta Paul. Enf., São Paulo, v. 8, n. 4, p. 47-55, maio/dez. 1995.

AZEVEDO AC. Indicadores de Qualidade e Produtividade em Serviços de Saúde. Rev Ind Qual Produt Ipea 1993; 1(1):49-54.

FEHRING, R.J. The Fehring model. In: Carroll-Johnson RM, Paquette M. Classification of nursing diagnosis: proceedings of the tenth conference. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 1994. p. 55-7.

PASQUALI, L, organizador. Psicometria: teoria e aplicações. Brasília: UnB; 1998.

PRAZERES PM. Dicionário de termos da qualidade. São Paulo: Atlas; 1996.