Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A EDUCAÇÃO PERMANENTE E A CARTOGRAFIA DA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
PIMENTEL GEISE GONCALVES, BRASILIO ANA MARIA PEREIRA, SMOLKA ANA LUCIA REBELO MARRA

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A Educação Permanente (EP) como estratégia pedagógica, coloca no centro das reflexões o cotidiano do trabalho. Porém, vai além da discussão da atualização das práticas, trazendo em seus espaços uma construção de relação das equipes, tendo assim um contexto amplo e complexo para a discussão do processo de trabalho. O presente estudo tem como objetivo discutir os efeitos dos encontros de Educação Permanente em saúde em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) na região serrana do RJ O modo de estudo utilizado é o de traçar uma Cartografia proposto por Deleuze e Guattari (2012). Tratar-se da tentativa de compreender os dados da realidade que circulam no cotidiano da UBSF, sua interlocução com todos os planos do social na composição dos sujeitos. As narrativas da prática aqui apresentadas são cartografadas a partir das experiências vivenciadas pela equipe da UBSF, onde foram desenvolvidos os encontros de educação permanente. Estas narrativas não se compõem em um relato fidedigno do que foi vivido, mas sim em movimentos processuais acontecidos no território e recolhidos pelo cartógrafo (ROLNIK, 2006). As discussões do cuidado em saúde mental e em pediatria apareceram nesse contexto da EP e foram tomadas pelo cartógrafo a partir das suas implicações. Para entendermos a produção do cuidado, precisamos primeiramente permear a micropolítica do trabalho que é afetada pelas relações de poder na produção do conhecimento. Que saberes e poder operam em defesa da vida?  Essa perspectiva faz sentido, quando pensamos na produção do cuidado no contexto da assistência a saúde na  atenção básica. Trazendo alguns questionamentos, tais como a produção de práticas democráticas, a política institucional, a convivência com as divergências e diferenças dos seres humanos. Percebe-se que o comprometimento da equipe na produção do cuidado vazou dos chamados “atos em saúde”, optando por uma ação efetiva a partir das dificuldades encontradas nos processos. Tais dificuldades, que na maior parte das vezes, tornam-se “engessamentos” para qualquer caminho de resolutividade acabou por mobilizar a equipe para uma pratica centrada no usuário, não somente de ações tecnológicas típicas. Desta forma a EP contribuiu de forma significativa para fomentar a “implicação” dos trabalhadores da equipe em prol do cuidado em saúde, uma vez que as referidas reuniões tinham como proposta e desafio um exercício constante de reflexão da equipe sobre si mesma, sobre seu processo de trabalho e sobre o agir em saúde. 

Palavras-chave


educação continuada;Atenção Primária à Saúde;Trabalho

Referências


CECCIM, R. B. Educação permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.16, p.161-77, set.2004/fev.2005

FEUERWERKER, M.C.L. Micropolítica e Saúde: produção do cuidado, gestão e formação - Porto Alegre: Rede UNIDA, 2014. 174 p. - (Coleção Micropolítica do Trabalho e o Cuidado em Saúde)

MERHY E. E. O desafio que a educação permanente tem em si: a pedagogia da implicação Interface. Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.16, p.161-77, set.2004/fev. 2005.
ROLNIK. S. Cartografia Sentimental - Transformações contemporâneas do desejo. UFRGS, SET, 2006.

DELEUZE. G.GUATTARI.F. MIL PLATÔS – Capitalismo e Esquizofrenia. Ed.34,v.5.2012.