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Educação em saúde como estratégia importante para a prevenção e promoção da saúde de crianças hospitalizadas: uma abordagem multiprofissional
Última alteração: 2015-11-12
Resumo
A Educação em saúde configura-se como uma ferramenta importante para a disseminação de informações produzidas cientificamente para a população em geral, capaz de promover mudanças e reorientação dos hábitos de vida contribuindo para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado, na sua relação com os profissionais e com os gestores, a fim de alcançar uma atenção à saúde humanizada e integral. O ambiente hospitalar permite incorporar algumas ações ao âmbito das enfermarias, visando à realização de intervenções, onde não só a doença pode ser tratada mais o autocuidado e a qualidade de vida sejam assegurados com protagonismo dos sujeitos envolvidos. Este resumo apresenta como objetivo principal relatar a realização de uma atividade educativa com abordagem lúdica realizada na enfermaria pediátrica do Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB). O HUAB corresponde a uma unidade de ensino de média Complexidade ambulatorial e hospitalar, referência no atendimento ao público materno-infantil para toda a região do Trairi, localizado na cidade de Santa Cruz- Rio Grande do Norte. A referida instituição tem como missão "Prestar assistência materno - infantil qualificada e humanizada, de referência regional, servindo a um ensino voltado para uma formação cidadã". O referido hospital é considerado Hospital Amigo da Criança pela UNICEF desde 1996. Atualmente oferece serviços voltados para a saúde da mulher e da criança, com 53 leitos conforme dados extraídos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES, sendo 15 leitos de pediatria, 23 leitos de obstetrícia clinica (alojamento conjunto), 06 de obstetrícia cirúrgica (alojamento conjunto), 04 de neonatologia (Berçário Patológico); 03 leitos de ginecologia cirúrgica e 02 leitos de Clínica Geral. Na enfermaria pediátrica onde são realizados atendimentos (observações internações) de baixa e média complexidade, nota-se através das vivências diárias da equipe multiprofissional, que o processo de adoecimento permeia o ambiente físico e socioeconômico onde as crianças estão inseridas. A utilização de vários níveis de assistência à saúde (baixa, média e alta complexidade) e o enfrentamento da necessidade de internação para tratamento clínico de alguma patologia que culmina numa mistura de sensações e quebra da rotina de vida da criança e da família, fazendo com que este momento não seja bem enfrentado pelo binômio (mãe e família), dificultando muitas vezes a adesão ao tratamento e prejudicando a reabilitação da saúde do paciente. Embasados pela importância e eficácia da educação em saúde como estratégia importante para prevenção de agravos e doenças e promoção da saúde, o HUAB desenvolve na enfermaria pediátrica o projeto de extensão intitulado “Empoderamento” que visa proporcionar as/aos acompanhantes das crianças internas o conhecimento de novas informações e formas de cuidado com a saúde das crianças possibilitando para estes a capacidade de promover mudanças no seu estilo de vida e cuidados com sua família. O referido projeto é desenvolvido pela equipe de profissionais da residência multiprofissional do referido hospital, composta por assistente social, enfermeira, fisioterapeuta, farmacêutica, nutricionista, odontólogo e psicóloga. As atividades ocorrem semanalmente, nas terças-feiras à tarde, com a realização de atividades educativas com metodologia lúdica para os acompanhantes e crianças internadas na enfermaria pediátrica do referido hospital, abordando temas variados escolhidos a partir das principais demandas que culminam na internação e que estão envolvidas no processo saúde-doença. O presente relato expõe a atividade que foi realizada intitulada “Circuito da Saúde”, que abordou temáticas relacionadas ao processo de adoecimento e reabilitação da saúde durante a internação. A metodologia escolhida para a realização da referida atividade foi idealizada pela equipe multiprofissional buscando a participação ativa das crianças, para isto optou-se pela elaboração de um circuito, semelhante à brincadeira da “amarelinha”, bem presente nas práticas da infância. Para este jogo foram confeccionados: um dado com números de 1 a 4 que indicavam quantas casas avançar e duas alternativas escritas com “volte quatro casas” e “passe uma rodada sem jogar”; Um circuito para ser fixado no chão com números, ilustrações e perguntas no decorrer do percurso; Dados menores com fotos de super-heróis para participação no jogo das crianças pequenas que não conseguiriam pular. Ao passar de cada jogada as crianças e seus acompanhantes iam compartilhando conosco quais os primeiros sintomas clínicos e qual o primeiro serviço que procuraram, a partir destas informações foi possível demonstrar para as mães/pais o funcionamento das redes de atenção a saúde e seu funcionamento. Dando sequência, questionávamos sobre como foi à consulta médica e quais as sensações e sentimentos perante o diagnóstico, passeávamos então conversando sobre como está sendo o tratamento e a importância da adesão de todos os procedimentos assim como do direito dos mesmos de conhecer porque cada procedimento esta sendo aplicado. Finalizando o circuito de cuidados a saúde era discutida a importância da responsabilização por parte de todos para a continuidade da reabilitação da saúde caso seja necessário, e sua manutenção com o apoio da criança e da família. As crianças e seus acompanhantes demonstraram-se a todo o momento ativas, participantes e ansiosas a cada jogada, possibilitando o conhecimento da realidade de cada um e o compartilhamento de anseios e dúvidas por parte das mães, que a partir de então se sentiram mais seguras e confortáveis, melhorando o contato e comportamento perante a equipe de saúde, proporcionando maior facilidade na adesão e realização dos tratamentos clínicos necessários e possibilitando o protagonismo das mesmas no cuidado com seus filhos. Portanto, a partir da realização desta atividade enfatiza-se a importância da realização destas em âmbito hospitalar como importante estratégia preventiva que pode e deve ser construída em conjunto (profissionais de saúde, criança, família, comunidade e sociedade em geral). Pode-se compreender que a prevenção e promoção da saúde é o caminho mais eficaz para a redução dos índices de internação e adoecimento de nossas crianças. Através destas práticas pode-se promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes relacionados ao modo de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais, empoderando os indivíduos de seu papel ativo como modificador da sociedade em que vive.
Palavras-chave
Promoção da saúde, hospitalização infantil, educação em saúde
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – 3. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria deGestão do Trabalho e da Educação naSaúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação permanente entra na roda: pólos de educação permanente em saúde:conceitos e caminhos a percorrer /Ministérios da Saúde, Secretaria deGestão do Trabalho e da Educação naSaúde. – Brasília: Editora do Ministério daSaúde, 2005.