Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Avaliação das desigualdades socioeconômicas na prevalência de gravidez na adolescência no Rio Grande do Sul
Silvia Troyahn Manica, Maria da Graça Munareto Rodrigues, Patrícia Vitória Pires, Maria de Lourdes Drachler

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: A gravidez na adolescência é um fenômeno expressivo no Brasil, sendo a principal causa de internações de mulheres entre 10 e 19 anos no Sistema Único de Saúde. Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) indicam que em 2012 19,2% dos nascidos vivos brasileiros eram filhos de mães nesta faixa etária. A gravidez neste grupo populacional vem sendo considerada um problema de saúde pública no Brasil, uma vez que pode acarretar complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e o recém-nascido, bem como problemas psicossociais e econômicos. Em virtude da importância epidemiológica e social deste tema para a Saúde Coletiva, este estudo teve como objetivo examinar as desigualdades socioeconômicas na prevalência de gravidez na adolescência no Rio Grande do Sul. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Estudo epidemiológico, ecológico descritivo, que utilizou dados secundários do SINASC referentes ao biênio 2011-2012. A prevalência de gravidez na adolescência foi estimada considerando o número de nascidos vivos de mães com idade entre 10 e 19 anos, conforme definição da Organização Mundial da Saúde. As desigualdades socioeconômicas foram estimadas pela amplitude de variação da prevalência de gravidez na adolescência entre grupos de municípios organizados conforme a vulnerabilidade social de sua população, medida pelo Índice de Vulnerabilidade Social Municipal-5 (IVS-5), obtido da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Nos anos de 2011 e 2012 ocorreram 276.651 nascimentos, sendo que em 44.597 as mães eram adolescentes, o que corresponde a uma prevalência de gravidez na adolescência de 16,1% no Rio Grande do Sul neste período. Entre os grupos de municípios conforme a vulnerabilidade social houve uma tendência de aumento da prevalência de gravidez na adolescência conforme a vulnerabilidade social aumentava, correspondendo a 19,3% dos nascimentos nos municípios mais vulneráveis socialmente e a 15,8% nos menos vulneráveis. Os resultados sugerem que embora a prevalência de gravidez na adolescência no Rio Grande do Sul tenha sido inferior à média nacional, esta permanece como um grande desafio para os gestores públicos, sobretudo pela escassa produção de conhecimento sobre o tema no estado. No que diz respeito às desigualdades socioeconômicas, a tendência de aumento na prevalência de gravidez na adolescência conforme a vulnerabilidade social municipal aumentava também foi verificada em outros estudos, nos quais identificaram estreita relação entre gravidez na adolescência e indicadores socioeconômicos municipais como, por exemplo, baixo Produto Interno Bruto per capita e alta proporção de pobreza. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Houve evidências de que a prevalência de gravidez na adolescência no Rio Grande do Sul apresentava desigualdades socioeconômicas. Conclui-se que é necessário que as políticas públicas, entre elas as de saúde, dirijam um olhar diferenciado às populações em maior vulnerabilidade social, pois apenas mediante a construção de estratégias intersetoriais ocorrerão reduções nas desigualdades em saúde como as observadas neste estudo.

Palavras-chave


gravidez na adolescência; desigualdades em saúde; saúde da mulher e da criança.

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