Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RISCOS ASSOCIADOS A QUEDA DE IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
Caroliny Oviedo Fernandes, Adrielly Brites Mascarenhas, Ariza Barbosa do Nascimento, Bruna Barbosa Maguin Morilo, Liz Andrea Pretto, Paula Peixoto Canuto, Patrícia de Souza Brandão, Maria da Graça da Silva

Última alteração: 2016-04-25

Resumo


INTRODUÇÃO: Nos últimos 50 anos a população brasileira quase triplicou e esse crescimento populacional veio acompanhado também do aumento do número de idosos. Em 2010 a população idosa passou a representar 10,8% da população nacional, sendo um total de 20,5 milhões. Concomitantemente a essas transformações, ocorrem mudanças no perfil de morbimortalidade da população, o que gera preocupação com a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos (1). O Brasil em 2025 ocupará o sexto lugar em número de idosos, totalizando cerca de 32 milhões representando um aumento de 15 vezes dessa população, enquanto que a população geral crescerá apenas cinco vezes nesse mesmo período (2). Diante dessas expectativas se faz relevantes estudos de quedas em idosos por acarretar problemas clínicos e de saúde pública devido à alta incidência, às complicações e aos elevados custos assistenciais, sendo que cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos são vítimas de quedas pelo menos uma vez ao ano (3). Além de repercutir nos cuidadores familiares que assumem nova rotina e cuidados especiais em função da reabilitação ou adaptação do indivíduo após a queda. As possíveis causas dessas quedas são divididas em fatores de risco intrínsecos e extrínsecos. De modo geral, os fatores intrínsecos compreendem as alterações fisiológicas do envelhecimento, bem como as condições patológicas e as reações ao uso de fármacos. E os fatores extrínsecos, englobam os perigos ambientais e as situações sociais de risco. (4,6) Com isso o objetivo desse trabalho é identificar os principais fatores de risco que corroboram para a ocorrência de quedas em idosos a partir da pesquisa em bases de dados on-line nos últimos cinco anos. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura com os artigos pesquisados na Biblioteca Virtual em Saúde a partir dos descritores: acidentes por quedas, idoso, enfermagem. A amostra final constituiu-se de sete trabalhos completos publicados entre os anos de 2010 e 2014, no idioma português. Também se fez uso da técnica de análise temática de conteúdo, identificando cinco temas principais, e a partir disso, os dados foram analisados, segundo os seus conteúdos, pela estatística descritiva, utilizando frequência simples e percentual. RESULTADOS: Os acidentes por quedas são, de maneira geral, episódios multifatoriais, os quais envolvem: 1) Riscos relativos ao perfil dos idosos, 2) Riscos relacionados aos fatores extrínsecos, 3) Riscos relacionados às alterações fisiológicas, 4) Fatores cognitivos e 5) Fatores medicamentosos. Seis artigos apontaram que a idade dos idosos que apresentam maior incidência está entre 65 e 79 anos, dado apontado por seis estudos (85,7%) devido às alterações fisiológicas do envelhecimento. Além disso, as quedas ocorrem mais no sexo feminino devido a crescente maior desta população quando comparada ao sexo masculino e, provavelmente, por um maior índice de mortalidade no sexo masculino e maior expectativa de vida na população feminina. A baixa renda per capita, identificada por três estudos (42,8%), aumenta o risco de queda devido a relação com da baixa escolaridade que juntamente com as implicações do envelhecimento, dificulta a compreensão e seguimento das orientações (4,6,9-12). Nos fatores extrínsecos cinco publicações (71,42%) destacam as quedas em idosos devido a maior permanência em casa, muitas vezes sem um cuidador (5,6,9,10,12). Somente um estudo afirmou que a prevalência de quedas foi evidenciada no ambiente exterior da residência considerando vias públicas, calçadas e quintais por conta das atividades rotineiras e independentes que alguns idosos praticam (4). Seis artigos (85,71%) descrevem a prevalência de quedas em idosos em suas próprias residências, destacando-se principalmente por rampas, degraus, escadas, tapetes, móveis e objetos pontiagudos (4-6,9,10,12). Três artigos (42,85%) apontam que os locais que proporcionavam maior risco de quedas foram respectivamente: a cozinha, quarto, banheiro, corredor e quintal, relacionados a frequência de quedas em mulheres por exercerem atividades domésticas, principalmente na cozinha. Ainda sobre os fatores extrínsecos o banheiro se destaca por propiciar quedas pela falta de corrimãos ou barras de segurança, presença de pisos inadequados, escorregadios e ausência de tapetes antiderrapantes. Com relação ao corredor, os artigos referenciam que por ser uma passagem que interliga os cômodos, a má iluminação e a ausência de corrimãos propiciam o risco de quedas nesse espaço. Já o espaço externo, que seria o quintal, é considerado como risco iminente de quedas devido à presença de batentes, degraus, escadas e  pisos escorregadios (4,6,10). O processo de envelhecimento vem acompanhado de alterações fisiológicas que limitam as funções do organismo, se tornando risco para queda associado aos fatores intrínsecos, sendo citado por seis artigos (85,7%)(4,5,9-12). A osteoporose tem forte relação com quedas, fraturas e declínio da capacidade funcional e da qualidade de vida do indivíduo, pois estes apresentam alteração postural, distúrbio da marcha e desequilíbrio corporal. Com o avanço da idade, há diminuição da visão e perda parcial da audição, esses fatores foram citados por cinco estudos (71,4%) como risco para queda, pois a visão e a audição são fontes importantes para captação de informações ao nosso redor e na condução dos movimentos do corpo (4,5,10-12) Na mesma proporção anterior também foi evidenciada a diminuição da força muscular e disfunção do aparelho locomotor pela interferência no equilíbrio e instabilidade da locomoção e marcha(4,5,9-12). O envelhecimento possibilita a existência de uma gama de fatores, que por sua vez, podem aumentar o risco de quedas tais como depressão e declínio cognitivo (4,5,9,12). Verificou-se a importância de uma avaliação cognitiva realizada pelos profissionais de saúde, sobretudo pelo enfermeiro (4,9). Dificuldades com a memória são queixas frequentes no atendimento ao idoso. A manutenção de uma memória adequada é vital no envelhecimento visto que está relacionada á autonomia e independência. Os transtornos de humor, ansiedade e isolamento social comprometem a saúde favorecendo o declínio cognitivo consequentemente aumentando o risco de quedas (4,5,9). O envelhecimento é gradual e inerente ao ser humano, sendo cada vez mais relevante diante de suas peculiaridades. Ligado ao processo de envelhecimento, está o controle de doenças, muitas vezes conseguido por meio do emprego regular de medicação (13) . O uso contínuo de medicamentos foi citado como fator de risco por cinco artigos pesquisados (4,8-12). Verificou-se que os idosos vítimas de quedas usavam maior quantidade de medicações concomitantes, principalmente nos casos de polifarmácia, potencializando os riscos de efeitos adversos e interações medicamentosas (4,10,12). Assim, pode haver o aumento da fragilidade do idoso e a predisposição a esses acidentes (13). As medicações específicas destacadas foram: os anti-hipertensivos (42,8%), seguido pelos psicotrópicos (28,7%). Também foram citados os hipoglicemiantes, antidepressivos, diuréticos, anti-inflamatórios não-esteroidais, analgésicos, digitálicos, tópico ocular e antiparkisonianos. Neste sentido, drogas que alteram a atenção, respostas motoras e pressão arterial merecem maior atenção (4,9-12). CONSIDERAÇÕES FINAIS: As publicações estudadas trazem contribuições significativas ao conhecimento produzido na área de enfermagem, haja visto que identificar os fatores de risco de queda em idosos é o primeiro passo na busca por soluções. Também se salienta a total utilização de dados quantitativos após as intercorrências de quedas, e o fato de que não houve estudos com enfoque na prevenção das quedas. Frente às lacunas apontadas, fica evidente a necessidade de estudos qualitativos com enfoque na prevenção desses agravos, uma vez que são fundamentais para que o enfermeiro tenha uma visão crítico-reflexiva. Observou-se que, sempre há a soma de diversos fatores que envolvem os acidentes por quedas em idosos, por isso, efetuar um cuidado de qualidade pautado em referenciais teórico-metodológicos é de suma importância.

Palavras-chave


acidentes por quedas; idoso; enfermagem.

Referências


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