Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PERFIL ERGONÔMICO DE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DAS ESFs DO MUNICÍPIO DE GUANAMBI-BA
Tamina de Lima Alves, Elionara Teixeira Boa Sorte, Jaine Kareny da Silva, Maiara Medeiros Ronsani Meira, Gabryella Castro Guimarães, Thiago Martins Meira, Mauro César Ribeiro Santos

Última alteração: 2015-11-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: Questões referentes à saúde do trabalhador são alvo de discussão atual nos diversos ramos da saúde, visto o crescente número dos acidentes de trabalho e a importância da temática para melhoria da qualidade de vida dos profissionais. Desde a década de 40, diante das inadequadas condições de emprego nos hospitais de diversos países, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem considerado o problema como tema de discussão e proposto recomendações referente à higiene e segurança, para melhorar essa situação. No Brasil o amparo legal para os trabalhadores ocorreu apenas em 1919, com a adoção de convenções para proteção à saúde do trabalhador por meio da OIT e com o Decreto Legislativo nº 3.724 que implantou serviços de medicina ocupacional fortalecendo a ergonomia. Dentro da área da saúde pública a saúde do trabalhador é um campo específico que procura atuar através de procedimentos próprios para promoção e proteção à saúde de pessoas envolvidas no exercício do trabalho. O campo da saúde do trabalhador abarca a ergonomia, um componente muito importante cuja origem epistemológica deriva do grego ergon (trabalho) e nomos (regras), que foca suas ações mediante estudo das relações trabalho e trabalhador para promover melhorias no ambiente laboral. Embora os profissionais de enfermagem estejam expostos aos riscos físicos, químicos, biológicos e psíquicos, o estudo da ergonomia destaca-se pelas diversas excessiva carga de trabalho. Portanto, os objetivos foram descrever o perfil ergonômico dos profissionais de enfermagem das Estratégias de Saúde da Família (ESF’s) de Guanambi – BA, identificar os fatores no ambiente de trabalho que podem gerar alterações na saúde dos profissionais de enfermagem, verificar o conhecimento das Normas Regulamentadoras do Trabalho (NR’s) e a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de uma pesquisa quantitativo, realizado a partir de pesquisa de campo. Esse estudo expressa o total de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem lotados em Unidades de Saúde da Família da cidade de Guanambi - BA, totalizando 46 trabalhadores aos quais foram feitos convites individuais para participarem deste estudo, assegurando o caráter sigiloso quanto à identificação dos respondentes e apresentando a estes profissionais o objetivo e método da investigação, respeitando-se as recomendações sobre a ética em pesquisa. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário estruturado, elaborado pelo grupo de estudo do projeto de extensão ― Perfil ergonômico dos postos de trabalho dos profissionais de enfermagem da cidade de Guanambi-Bahia da Universidade do Estado da Bahia – Campus XII. O questionário compreendeu 28 questões objetivas de múltipla escolha abordando os seguintes dados: Relação profissional, mobiliário e estrutura física, EPI, NR e patologias mais frequentes. Os dados foram tabulados em planilha no Microsoft Office Excel 2007, a análise baseou-se na relação do uso dos EPI’s e das ofertas destes pelos estabelecimentos, fato preconizado por leis e normas do trabalho. RESULTADOS: Os questionários foram respondidos por 46 profissionais, sendo 16 enfermeiros, 26 técnicos de enfermagem e 4 auxiliares. A equipe de enfermagem é formada em sua maioria por técnicos de enfermagem contando com 56,5%, seguidos de enfermeiros 34,8% e 8,7% auxiliares de enfermagem. Com relação ao gênero, os dados apontam que 87% são do sexo feminino, 10,9% do sexo masculino e 2,1% não informado. A faixa etária predominante foi de 20 à 29 anos. Com base na análise dos dados nota-se que os profissionais de enfermagem nem sempre estão atentos às condições ergonômicas do seu ambiente de trabalho, sendo que a maioria deles afirmou nunca ter participado de eventos de educação permanente sobre ergonomia, principalmente pela falta de disponibilidade de eventos da área. Quando questionados sobre comprometimento físico gerado pelo mobiliário do posto de trabalho 10,8% afirmaram que sempre existe essa associação. Em relação aos mobiliários específicos 52,1% afirmaram nunca ter tido comprometimento físico. Em contra partida 73,9% afirmaram que apresentam dores ligadas à atividade laboral e que ocorrem ao final do expediente, sendo lombalgia a mais frequente, seguida de cervicalgia. Apesar da importância das NR’s na prática do exercício profissional foi observado que a grande parte da equipe de enfermagem não consulta o manual que consta essas normas e por isso infere-se a possibilidade de prejuízos trabalhistas por falta de conhecimento de seus diretos. No que concerne ao uso de EPI, os 65% dos profissionais das ESF’s pesquisadas relatam que sempre dispõe de EPI, o que contribui para a prevenção dos acidentes de trabalho ao qual a equipe de enfermagem está exposta. Metade dos participantes refere sempre usar os equipamentos constatando a conscientização e a relevância dada a estes materiais por parte dos profissionais entrevistados. Conforme os dados coletados verifica-se que a relação entre os profissionais e a estrutura física do ambiente de trabalho mostra-se claramente positiva considerando que 80,4 % dos entrevistados apontam para a ausência de conflitos interpessoais entre os colegas. No cotidiano do trabalho de enfermagem identifica-se que, em diversas situações, existem dificuldades nas relações de trabalho, tanto dentro da equipe de enfermagem como dessa com outras equipes profissionais, porém esses conflitos e disputas estão relacionados principalmente em questões que envolvem autonomia e poder dos agentes e não aos aspectos ergonômicos do ambiente. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Constata-se a relevância de discutir a saúde do trabalhador, com a finalidade de adotar medidas preventivas de danos à saúde que visem melhorias nas condições de trabalho. A partir dos dados pode-se afirmar que a maioria desse profissional possui o seguinte perfil: é técnico de enfermagem, sexo feminino e jovem, o que se equipara aos dados nacionais. Além disso, pôde-se inferir que os pesquisados nem sempre estão atentos às condições ergonômicas, além de não participarem de atividades permanentes, principalmente pela falta de disponibilidade. Com isso, foi possível conhecer o perfil ergonômico dos profissionais de enfermagem das ESF’s de Guanambi-BA, o que possibilita implementar programas que visem à melhoria da qualidade de vida desse grupo. Assim, obteve-se ganhos na obtenção de dados científicos relacionados aos conhecimentos ergonômicos e a identificação da situação problema nas ESF’s do município de Guanambi-BA. Para que haja um questionamento dos fatores físicos do ambiente de trabalho é preciso conhecimento sobre ergonomia e estar ciente das normas regulamentadoras, por isso faz-se necessário uma constante discussão sobre o assunto que possibilite aos trabalhadores buscar soluções para essa adequação. Contudo, vale ressaltar um possível aprofundamento deste estudo, com a utilização de outros instrumentos de pesquisa, como uma observação total, entrevista semi-estruturada com profissionais de enfermagem das ESFs, a fim de ampliar a discussão a cerca do tema.  

Palavras-chave


Saúde do trabalhador; Ergonomia; Enfermagem.