Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO POPULAR COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO À SAÚDE: UMA VIVÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA COM OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Gentil Fonseca Gomes da Fonseca Filho, Flavia Andreia Andrei Pereira Soares dos Santos, Maria Luisa de Moura Fonseca, Milena Gabriela dos Santos Silva, Raquel França de Oliveira, Thais da Silva Aguiar, Suzanne Raissa Salvador Fernandes, Silvana Alves Pereira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A educação no trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS) configura-se, como uma ferramenta importante, capaz de enfrentar a complexidade de situações emergentes no cotidiano do trabalho e gerar uma mudança engajada e política, ponto de partida para que estes profissionais ocupem espaços que os projetem como agentes de transformação social aptos a avaliar, refletir, criar e participar das práticas em saúde, possibilitando o crescimento pessoal e profissional. Com a necessidade de incentivar e divulgar a importância de medidas educativas que norteiem uma atenção integral e qualificada ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como contribuir para a formação de profissionais com um novo olhar para as questões que envolvem o nível primário de atenção à saúde, esse relato de experiência tem como objetivo, descrever as vivências dos residentes em promoção à saúde na atenção básica com os agentes comunitários de saúde (ACS). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um estudo descritivo nos moldes de um relato de experiência acerca das vivências e estratégias de promoção à saúde implementada pelos residentes do Programa de Residência Multiprofissional Materno-Infantil do Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB), em Santa Cruz-RN, durante o estágio na ESF. O referido estágio ocorreu na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Centro com início no dia 02 e término aos 30 de junho de 2014, perfazendo um total de 105 horas/mês. Na oportunidade, buscamos promover saúde por meio de atividades educativas, lúdicas e dinâmicas, com abordagem de temáticas pertinentes ao contexto. Assim, por meio de panfletos educativos, buscamos trabalhar temáticas tais como ergonomia no trabalho e exposição solar. Para isso, foram realizadas sessões de alongamento e dadas orientações a respeito de posturas corretas, peso das bolsas, e uso adequado do protetor solar. Realizamos ainda, discussões para a exposição de estudos de caso referentes às visitas domiciliares e às situações hipotéticas que buscaram resgatar o conhecimento dos profissionais e aprimorá-lo sob o enfoque multiprofissional, o que possibilitou reflexões acerca do cuidado prestado pelos mesmos à comunidade e a construção coletiva de novas formas de atuação. Vale ressaltar que como embasamento científico e metodológico para concretização das atividades educativas, fez-se uso do Método Participativo, este, promove a interação construtiva entre educador e educando, favorecendo a troca de informações, a livre comunicação e a construção de questionamentos que norteiem uma discussão saudável e produtiva. A partir da abordagem metodológica exposta, a equipe multiprofissional almejou de forma articulada, dinamizada e integrativa, interagir com os usuários e profissionais da instituição, gerando reflexões críticas acerca das mais diversas temáticas com o intuito de empoderá-los no que diz respeito ao autocuidado. Proporcionar um olhar de cuidado e atenção a estes agentes, tanto no que se refere aos aspectos físicos quanto psíquicos, foi estratégia importante à identificação de demandas que atestaram para a necessidade de ações voltadas à saúde do trabalhador. RESULTADOS: Considerando o agente de saúde também como um sujeito sob o risco de adoecer, verificou-se, em algumas atividades, o quanto a sobrecarga emocional, associada a sintomas físicos, muitas vezes, comprometia o desempenho dos mesmos no trabalho, tendo sido feito referência a sentimentos como medo, frustração, estresse, sensação de impotência, desvalorização e dificuldades em lidar com a culpabilização geralmente imposta pela população ao agente pela não resolutividade de algumas questões de saúde. Ante a existência de cargas psíquicas e também dificuldades de encontrar formas de proteção e consequente autocuidado, sabe-se que as atividades de promoção de saúde voltadas para este público, devem contemplar ações direcionadas à saúde mental dos mesmos de modo a minimizar as possíveis sintomatologias psíquicas que as afetações emergentes em sua prática de trabalho podem desencadear. Deste modo, contribuir para uma reflexão/ação na promoção da saúde mental dos mesmos configurou parte de nossa intervenção na UBS, visando o compartilhamento de afetações e a construção de estratégias de proteção, bem como o fortalecimento do vínculo entre a equipe. Barros e Barros (2007) destacam que este processo, além de aumentar a autonomia dos profissionais, permite transitar da dor ao prazer no trabalho. Acrescenta-se que a obtenção do equilíbrio necessário entre estas duas instâncias necessita ser constantemente estimulado como mecanismo protetor e promotor da saúde dos trabalhadores prevenindo os agravos físicos e psíquicos associados à atividade laboral. A educação para o trabalho possibilita não apenas solidez do conhecimento a ser aplicado no contexto do trabalho, mas o experienciar de conhecimentos da vivência enquanto ser humano. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Tal experiência se constituiu como importante oportunidade para o aperfeiçoamento de práticas de educação em saúde, ampliando as práticas educativas já desenvolvidas no ambiente hospitalar, possibilitando maior proximidade com os usuários e a visualização dos impactos e benefícios resultantes das ações, haja vista o vínculo existente entre a instituição e seus usuários. A partir desta experiência e, conhecendo a rede de saúde do município, foi possível refletir criticamente acerca do que é assegurado pela PNAB e da prática dos profissionais que atuam na mesma, podendo fazer um elo entre as ações realizadas e as deficiências que ainda existem no sistema. Nessa abordagem, reconhecemos as práticas de educação em saúde executadas durante o estágio, como importantes ações na qualificação da assistência aos usuários, à medida que proporciona o empoderamento dos ACS, possibilitando-os acesso à informação e o desenvolvimento da autonomia no cuidado à saúde. A saúde no Brasil tem sofrido uma remodelação da atenção primária, apresentando uma política de oferta de serviços básicos, acessíveis e de melhor qualidade com o objetivo de promover saúde e não apenas tratar o indivíduo. Dentre as estratégias usadas, a educação em saúde tem sido uma ferramenta bastante discutida e estudada. Outro instrumento utilizado visando o fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e de sua equipe tem sido a formação de profissionais voltados para a assistência primária em saúde.  Desse modo, programas de residência multiprofissional estão sendo ampliados, compreendendo estágios nas unidades básicas de saúde a fim de abranger o conjunto das necessidades da pessoa em saúde por meio do trabalho em equipe, promovendo a humanização e a integralidade na assistência.

Palavras-chave


Agentes Comunitários de Saúde; Comunicação Interdisciplinar; Internato e Residência

Referências


  1. DONADUZZI, D. S. S.; A educação para o trabalho na perspectiva do agente comunitário de saúde. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2012. Disponível em: < http://coral.ufsm.br/ppgenf/Dissert_Denise.pdf> Acesso em 23 jul. 2014.

  2. LOPES, D. M. Q. Prazer, sofrimento e estratégias defensivas dos agentes comunitários de saúde no trabalho. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2009. Disponível em: < http://coral.ufsm.br/ppgenf/Dissert_Denise.pdf> Acesso em: 23 jul. 2014.

  3. Residência multiprofissional em saúde: experiências, avanços e desafios . Ministério da saúde. Secretaria de gestão do trabalho e da educação na saúde. Departamento de gestão da educação na saúde. Residência multiprofissional em saúde: experiências, avanços e desafios / ministério da saúde, secretaria de gestão do trabalho e da educação na saúde,  departamento de gestão da educação em saúde. – brasília : ministério da saúde, 2006.  414 p.: il. – (série b. Textos básicos de saúde)